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Army Chief of Staff Gen. Raymond T. Odierno reenlists soldiers from Forward Operating Base Frontenac, Feb. 22, 2013. Odierno had a small group discussion and lunch with the soldiers following the ceremony. (U.S. Army photo by Sgt. Ashley Bell)
Army Chief of Staff Gen. Raymond T. Odierno reenlists soldiers from Forward Operating Base Frontenac, Feb. 22, 2013. Odierno had a small group discussion and lunch with the soldiers following the ceremony. (U.S. Army photo by Sgt. Ashley Bell)| Foto:

O editorial do GLOBO hoje fala sobre o aumento do antiamericanismo no mundo, que tem aproximado diferentes regimes autoritários, tendo como centro a Rússia de Putin. A Turquia de Erdogan, após a tentativa fracassada de golpe, aproximou-se da Rússia, enquanto endurece a perseguição aos opositores em casa, sacrificando a democracia no processo. A complexidade do jogo de poder é grande, como atesta o jornal:

Putin e Erdogan negociam o uso por caças russos da base aérea turca hoje utilizada pelos EUA para atacar posições do Estado Islâmico na Síria, o que implicaria a retirada das tropas americanas do país. Ao mesmo tempo em que a Turquia dá uma guinada à iraniana, apontando o os EUA como o “grande satã”, o regime recrudesce o autoritarismo e as violações de direitos humanos.

Outra aliança improvável que vem se desenhando no mapa mundi geopolítico em contraposição aos EUA é expressa pela realização de operações militares conjuntas entre Irã e Rússia. Além de um acordo para a compra de armamento de última geração, inclusive usinas nucleares russas, os dois países realizaram exercícios militares conjuntos no Mar Cáspio. E o Irã autorizou na semana passada que uma bases aérea sua fosse usadas por caças russos para realizar ataques na Síria, embora a divulgação desse acordo pelo Kremilin tenha levado à sua suspensão por Teerã. Moscou e Pequim também se uniram, num pacto incomum, para realizar exercícios militares de suas marinhas no Mar do Sul da China, área que vem sendo disputada pelo governo chinês e outros países asiáticos na região.

Essas alianças na Ásia e no Oriente Médio, guardadas as devidas proporções, são espelhos de um movimento semelhante nos últimos anos na América Latina. O lulopetismo, no Brasil; o kirchnerismo, na Argentina; o chavismo na Venezuela; e o bolivarismo em geral em Equador, Nicarágua e Bolívia, ideologias autoritárias e populistas, nutriram uma retórica antiamericana, que remonta aos tempos da Guerra Fria. Menos mal que, pelo menos neste lado do planeta, tal retórica vem perdendo força.

O antiamericanismo é o ópio dos intelectuais, uma doença típica do terceiro-mundismo, mas que afeta gente de países desenvolvidos também, como a França. Fruto normalmente de um forte ressentimento misturado com inveja, ele serve aos interesses de oportunistas de plantão, que utilizam esse sentimento como combustível para seu populismo local, concentrando poder enquanto atacam o Tio Sam.

Mas é curioso o editorial deixar de fora o nome do presidente Obama, normalmente tão elogiado pelo jornal. Então os autores não enxergam mesmo nenhum elo entre o recrudescimento do antiamericanismo e a pusilanimidade do presidente Obama? Não ligam causa e efeito? Os Estados Unidos sob o governo democrata se aproximaram basicamente de apenas dois países – Cuba e Irã -, sendo que ambos continuam demonizando os americanos. Houve um afastamento dos tradicionais aliados, como Israel.

Obama queria mudar “fundamentalmente” a América, e não a via como ícone do mundo livre, mas como um vilão que deveria pedir desculpas por seu passado “terrível”. Ele disse que acredita na “excepcionalidade” americana tanto quanto na grega, na italiana… Ou seja, todos são excepcionais, o mesmo que ninguém. O “xerife do mundo livre” não se encaixa nos papeis que Obama vê para seu país, ignorando o fardo da liderança natural. A Pax Romana dependia dos soldados romanos, como a Pax Britânica dependia da frota naval britânica. Não há mágica aqui. Mas Obama não pensa assim.

Sua retórica pacifista – ganhou um Prêmio Nobel da Paz antes mesmo de começar a governar – encanta milhões no mundo todo. Mas funciona? Na hora em que a coisa pega pra valer, não são palavras bonitinhas que importam, mas atitudes. É o mesmo com inimigos internos da liberdade: os marginais reagem aos incentivos, à punição e ao medo de punição, não às passeatas com pombas da paz e camisetas brancas.

Quando o xerife é frouxo, os bandidos ficam mais ousados. Uma obviedade ululante que só um esquerdista poderia ignorar. O xerife do mundo livre ainda é o Tio Sam. Quando ele tem em seu comando um banana como Obama, encantado com o som da própria voz, mas incapaz de reconhecer a excepcionalidade de seu país e seu papel no mundo, os inimigos da liberdade ficam assanhados. E Putin coleta os frutos disso.

A promessa de Obama não era a de que o mundo olharia para os Estados Unidos com bons olhos se seu governo fosse mais “camarada”, mais “bonzinho”? Pois é. Não foi o que aconteceu. Da mesma forma que sua promessa doméstica era a de que seu governo acabaria com o racismo, mas acabou produzindo a maior tensão racial das últimas décadas, com o surgimento do Black Lives Matter detonando a polícia e, por tabela, a lei e a ordem.

É o mesmo fenômeno, em casa e fora dela. A covardia dos defensores da lei é o maior convite que existe aos seus inimigos. São duas visões diametralmente opostas sobre o papel da polícia, como destacou Thomas Sowell. E, querendo ou não, os Estados Unidos são a polícia do mundo livre. Ou alguém prefere Putin nesse papel? O Estado Islâmico, quem sabe? A França? (risos). Quando o pusilânime Jimmy Carter saiu do poder, deixou como herança um mundo com inimigos da liberdade mais fortes. Reagan veio colocar ordem na bagunça.

Obama foi frouxo como Carter e deu nisso. Agora a intelligentsia toda morre de medo de Trump, como morria de Reagan. Mas será que um “tough guy”, alguém que fala grosso e com maior clareza moral, que não teme usar a expressão “radicalismo islâmico”, será pior para o mundo livre do que tem sido Obama? Com esse legado terrível?

Rodrigo Constantino

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