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Ataque de Trump a Amazon é antiliberal e antirrepublicano
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O presidente Donald Trump resolveu atacar a Amazon, gigante de varejo online que presta um serviço de tanta qualidade que se tornou referência para milhões de empreendedores – e o resultado está na escolha dos seus consumidores. Em seu Twitter, Trump disse que a Amazon paga poucos impostos, o que fez as ações da companhia caírem quase 5%. Quem gosta de muito imposto é a esquerda, não custa lembrar. Eis a mensagem do presidente:

“Eu já expressei minhas preocupações com a Amazon muito antes das eleições. Ao contrário de outras, ela paga pouco ou nenhum imposto local e estadual, usa nosso sistema de correios como seu entregador (causando imensa perda aos EUA), e está tirando milhares de varejistas do mercado!”, escreveu Trump em sua conta no Twitter.

Ontem, uma notícia publicada pelo site americano Axios afirmava que Trump estaria cogitando mudar o tratamento tributário dado à Amazon. Fontes teriam dito à reportagem que Trump “está obcecado com a Amazon”. A matéria rendeu questionamentos à porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, que, em coletiva de imprensa, garantiu que o governo não está considerando políticas específicas contra a Amazon.

A última investida de Trump contra a gigante varejista havia acontecido em dezembro de 2017, no último pregão do ano. Ele indagou sobre o serviço de correios dos EUA não cobrar a mais para entregar produtos da gigante varejista. O comentário fez as ações da empresa caírem 1,4% naquele pregão.

Em 2015, antes de se tornar presidente, Trump acusou Jeff Bezos de ter comprado o jornal Washington Post para manter os impostos da Amazon baixos. “O Washington Post perde dinheiro (uma dedução). Se a Amazon pagasse impostos justos, suas ações quebrariam. O golpe do Washington Post está salvando!”, escreveu Trump na época.

O sucesso da Amazon se deve à sua eficiência, e é lamentável que um presidente supostamente de direita venha atacar justamente isso. É como se seu sucesso fosse pecado, como se o fato de a gigante desbancar quitandas, lojas “moms & pops” que se espalham pelo país, fosse algo condenável por si mesmo.

Ora, se essas lojas estão fechando, é porque os consumidores estão preferindo usar a Amazon, por avaliar que seus serviços são melhores, seus preços menores, ou uma combinação de ambos. Isso se chama livre mercado, e é triste que Trump venha atacar tal conceito, pregando o uso do estado para “proteger” pequenos negócios. Ciro Gomes aplaudiria!

Alguns alegam que é uma retaliação pelo uso político que Jeff Bezos tem feito de seu jornal para atacar Trump. De fato, Bezos não é dos melhores amigos da gestão Trump, por ser um “liberal” no conceito americano, com seu viés “progressista”. Mas se for esse o motivo, isso é ainda pior do ponto de vista liberal.

Um presidente usar o poder do estado para perseguir desafetos políticos é o cúmulo do antirrepublicanismo, algo que nos remete ao que fez o governo Obama ao usar o IRS para ir atrás de conservadores. Isso parece coisa de Terceiro Mundo, de republiqueta das bananas, de Brasil, com Lula intimidando empresários que não apoiavam ou que criticavam seu governo.

Um liberal movido por princípios jamais pode compactuar com algo assim. É o perigo de achar que na guerra ideológica vale adotar os mesmos métodos do inimigo. Isso apenas nos igualaria a eles! Não é porque condeno a agenda que Bezos endossa que vou achar legal um presidente usar o poder estatal para persegui-lo de forma antirrepublicana. Posso entender retirar privilégios estatais, como Trump fez com a fábrica de abortos Planned Parenthood ou com os ecoterroristas, mas não posso aceitar a criação de barreiras a empresários que são adversários políticos.

De qualquer jeito, o ataque de Trump a Amazon é condenável e deve ser repudiado por liberais. O estado tem que deixar o mercado em paz, não criar obstáculos e barreiras para o sucesso das melhores empresas. A Amazon não chegou onde chegou por privilégios estatais, mas por competência, produtividade, genialidade. Que o governo a deixe em paz, assim como seu fundador!

Rodrigo Constantino

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