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Benjamin Steinbruch é mais perigoso do que cem socialistas maconheiros
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O socialismo é uma ameaça que vem dos proletários, dos trabalhadores pobres revoltados, e dos anarquistas maconheiros que querem subverter todo o sistema, certo? Errado. A verdadeira ameaça socialista, disfarçada de “capitalismo de compadres” (até porque todo socialismo real foi uma espécie de capitalismo de compadres, uma vez que a abolição plena da propriedade privada e do lucro nunca ocorreu), vem mesmo dos grandes empresários próximos do governo.

Foram os capitalistas que sempre financiaram movimentos esquerdistas mundo afora. Ou alguém acha que se faz uma “revolução” para concentrar poder no estado sem recursos? Custa caro. George Soros que o diga. E essa constatação – de que são os ricos que bancam os movimentos de esquerda – não é uma tese, muito menos uma teoria conspiratória: é um fato, muito bem documentado. Recomendo aos interessados o livrinho None Dare Call It Conspiracy, escrito em 1971 por Gary Allen e Larry Abraham (pretendo escrever resenha em breve).

Sergio Lazzarini em Capitalismo de Laços e Luigi Zingales em Salvando o Capitalismo dos Capitalistas mostram bem essa simbiose nefasta entre grandes grupos e governo, que é a base do “socialismo real”. No Brasil, a Fiesp é o grande ícone desse modelo, e o BNDES, seu maior instrumento. Mas não só ele: o protecionismo comercial, os subsídios, a manipulação na taxa de juros, enfim, toda sorte de intervenção estatal na economia costuma ser celebrada por esses empresários que odeiam a livre concorrência e querem algum privilégio do estado.

Um empresário desses pode ser mais perigoso para o liberalismo do que dez Boulos, do que cem socialistas maconheiros, do que mil Gregorios. Na verdade, é muito provável que esses empresários financiem esses idiotas úteis para avançar com a pauta da concentração de poder no estado, mantendo assim suas vantagens indevidas e impedindo o funcionamento do livre mercado.

Pois bem: isso tudo foi uma longa introdução para chegar à coluna de Benjamin Steinbruch na Folha esta semana, clamando por obras financiadas e estimuladas pelo governo para tirar o país da crise. Quem procurar por Steinbruch ou Fiesp no meu blog vai encontrar vários textos, todos eles bastante críticos. Não é de hoje que vejo essa turma como clara inimiga do progresso nacional. Steinbruch parece ser o homem de uma nota só, sempre demandando a redução artificial dos juros, como se isso não tivesse sido feito por Dilma, com resultados desastrosos. Diz ele, uma vez mais:

E de onde viria o dinheiro para essas obras? Parte do setor público e parte do privado. Não faz sentido, por exemplo, o BNDES estar guardando quase R$ 200 bilhões em caixa enquanto o país derrete na recessão. Assim como não faz sentido, após três anos de afundamento econômico, continuarmos com juros acima de 10% ao ano, essa aberração brasileira que virou chacota internacional, que inibe o crédito, os investimentos e cria custos inacreditáveis para o próprio governo.

Roberto Ellery, economista e colaborador do Instituto Liberal, criticou o texto:

Steinbruch é um sujeito muito rico, ele é proprietário de algumas das maiores e mais importantes empresas do Brasil. As empresas de Steinbruch receberam um bocado de dinheiro subsidiado pelo pagador de impostos nas últimas décadas, imagino que tais empresas também tenham feito excelentes negócios com o governo e/ou com firmas que trabalham para o governo. Todo esse dinheiro, todos esses negócios, toda a proteção e tudo que mais que o governo fez para ajudar grandes empresas como as de Steinbruch não foram suficiente para impedir que entrássemos na maior recessão de nossa história. Quando tal crise chegou donos de grandes empresas como as de Steinbruch correram para dizer que não pagariam o pato, talvez acreditando que o pato deveria ser pago por quem não recebeu empréstimos a juros subsidiados nem contou com obras do governo para ficar ainda mais rico.

Steinbruch, como praticamente todos os brasileiros, está muito preocupado com a crise, naturalmente nem por isso pretende colocar sua fortuna pessoal ou o dinheiro de suas empresas em jogo para estimular os crescimento, ao que parece ele acha mais correto que o governo coloque o dinheiro do pagador de impostos fazer tais investimentos. É a famosa tese que a melhor maneira de ajudar os pobres é dando dinheiro aos ricos, tese que, como vocês sabem, eu não compro. Mas entendo o lado dele, se der certo Steinbuch e seus colegas ficarão ainda mais ricos, se der errado não aceitarão pagar o pato. Vida que segue.

Sim, vida que segue e país que segue também, sempre à contramão do liberalismo. João Luiz Mauad, também colaborador do Instituto Liberal, meteu o pau no texto de Steinbruch:

É como eu sempre digo. Os maiores inimigos do capitalismo de mercado não são os jovens tatuados, de brinquinho e barba por fazer, vestindo camisetas com a face do Che, que pretendem mudar o mundo gritando palavras de ordem socialistas. A esses, ninguém dá bola. Os maiores inimigos do livre mercado são esses senhores engravatados, verdadeiros nababos encastelados nas grandes corporações empresariais, que não vivem sem ajuda de dinheiro público. Lamentável!!

Eu não diria que os jovens esquerdistas são tão inofensivos assim, mas certamente são menos perigosos do que os grandes capitalistas de estado, que, como já disse, muitas vezes bancam os idiotas úteis socialistas. A luta liberal é mesmo muito inglória. Lutamos contra os rebeldes socialistas de um lado, e os supostos capitalistas do outro, ficando espremidos no meio, na defesa de interesses difusos e bastante pulverizados.

Por isso que ONGs esquerdistas recebem rios de dinheiro, inclusive dos ricos capitalistas, enquanto iniciativas como a do Instituto Liberal dependem basicamente da doação de alguns indivíduos corajosos e comprometidos com o futuro do país.

Rodrigo Constantino

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