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“Bloco Soviético” prova que a ocupação de espaços na cultura tem que ir além do discurso
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Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

Há alguns dias, um grupo de liberais e conservadores do Rio teve a ideia de fazer um bloco carnavalesco chamado Libera que eu conservo, com temática simpática ao pensamento de direita. Fizeram eco ao que muita gente boa “do nosso lado” gosta de ressaltar: precisamos penetrar na cultura, precisamos conquistar mais espaço no plano do sentimento, dos corações.

O ser humano não é inteiramente racional – se é que o é majoritariamente. A arte, o teatro, as novelas, o Carnaval, tudo isso precisaria ser aproveitado para transmitir mensagens e tomar parte no imaginário cultural do país. Dizem os nossos articulistas e intelectuais de direita, com muita razão, que a esquerda percebeu isso há muito tempo e já está profundamente adiantada. Estava na hora de começarmos e, apesar de parecer inusitado, um bloco carnavalesco seria um interessantíssimo começo, tamanha a importância do Carnaval para os cariocas e brasileiros em geral.

Os organizadores – Victor Bosch e Maria Fernanda – marcaram o dia para a primeira edição, e importantes produtores de conteúdo em nossa seara, como o amigo colunista da IstoÉ e blogueiro Rodrigo Constantino e o publicitário e comentarista Alexandre Borges, divulgaram a notícia; porém, como os próprios idealizadores confessam, o projeto se condensou um tanto tardiamente, e não havia tempo para um grande planejamento. Estive lá, e o que aconteceu foi basicamente uma reunião de cerca de 20 pessoas – com direito a um samba próprio, mas foi apenas isso.

Hoje me deparo com a existência, em São Paulo, noticiada e repercutida no G1, do “Bloco Soviético”. Isso mesmo que você leu. Com 7288 curtidas em sua página no Facebook no momento em que escrevo este texto, o tal bloco é inspirado no comunismo e tem uma série de marchinhas e composições voltadas para agendas da esquerda, do politicamente correto, do feminismo e quejandos. No website do bloco, há uma homenagem aos 100 anos da diabólica Revolução Russa. Essa brincadeira que faz piada com uma ideologia sanguinária e assassina nas ruas do Rio reuniu, em seu quinto ano de existência, como se nota pelas fotos do G1, um bom público, com carro de som e banda própria.

Sei que o Libera que eu conservo chegou tarde e, para o ano que vem, tende a estar mais organizado e crescer; mas a direita, em geral, está chegando tarde. Discursamos muito, mas há ainda alguma dificuldade por parte de alguns em “chegar junto”, em participar das iniciativas, em tornar certos projetos realidade – ou em dar importância a certos setores que precisamos atacar.

Há, me parece, um misto de certa preguiça com incapacidade de valorizar a cultura popular do país e do povo ao qual se pretende dirigir; em quase qualquer nação, a direita dá importância às coisas da sua gente, do seu povo. Sabe que precisa se revestir de seus signos, de seus símbolos, precisa falar a um público bem maior que um gueto que se interessa por discussões intelectuais. Estas discussões são fundamentais e tendem a ser, ao mesmo tempo, o berço e a cabeça de tudo; mas precisamos ir além. Está na hora de agir mais. Está na hora de EMOCIONAR mais. Como diz o Rodrigo, nosso “departamento de marketing” precisa ainda melhorar muito.

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