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Bolsonaro cresce em nova pesquisa: 9 pontos sobre os números divulgados
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Sem o ex-presidente Lula (PT) na disputa, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) seria o favorito para presidente do Brasil caso a eleição fosse hoje. Esse é o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas divulgada nesta quarta-feira (31).

Em cenário estimulado no qual o nome do ex-presidente Lula fica de fora, Bolsonaro teve 17,2% das intenções de voto. Marina Silva (Rede) vem em segundo, com 14,9%, seguida pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), com 13,6%; o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (sem partido), 8,7%; o ex-ministro e governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), 6,7%; o técnico de vôlei Bernardinho (Novo), 3,7%; o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), 3,1%. Luciana Genro (PSOL) e o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) empatam com 1,8% das intenções de voto. Nulos são 21,9% do total, indecisos 6,4%. Como a margem de erro é de dois pontos porcentuais, Bolsonaro, Marina e Doria estão empatados tecnicamente em primeiro lugar.

Bernardo Santoro, ex-presidente do Instituto Liberal, faz uma análise dos números:

A minha primeira observação sobre a análise de hoje é que ela será feita comparativamente à última pesquisa feita pela Paraná, e não com as pesquisas mais recentes. Isto porque comparar analiticamente pesquisas de institutos diferentes não traz bons resultados, já que os métodos são completamente diversos uns dos outros.

Portanto, a comparação será entre a pesquisa de hoje (31/05) e a última nacional (17/02).

Destaca-se, preliminarmente, a retirada, nesse pesquisa, do nome de Temer e a inclusão de Luciana Genro. Essa inclusão é equivocada, pois o nome atual do PSOL para disputa do Planalto é o de Chico Alencar (PSOL/RJ). A exclusão é acertada, pois a carreira política de Temer acabou.

Conforme eu vinha antecipando como tendência, os institutos já não testam mais cenários com Aécio Neves. Na pesquisa de 17/02, esse era o principal cenário.

No cenário com Alckmin, por sua vez e infelizmente, o instituto testou jogando o nome de Luciano Huck, o que, além de ser um despropósito, impede uma análise comparativa mais ampla. Portanto, não farei maiores análises sobre esse cenário, apenas destacando que nesse cenário é claro o crescimento de Bolsonaro, a queda de Marina e Barbosa e o nome de Huck na frente do de Alckmin (7,4 x 6,4).

O gráfico principal com os números encontra-se abaixo, mas eu reproduzirei aqui.

Cenário PSDB com Dória:

Lula 25,8 (+2,5)
Bolsonaro 16,1 (+4,3)
Dória 12,1 (+3,0)
Marina 11,1 (-2,6)
Barbosa 8,1 (-3,2)
Ciro 4,3 (-1,3)
Caiado 1,6 (=0)
L. Genro 1,6 (+1,6)
Não sabe 4,8 (+0,1)
Nenhum 14,6 (+0,2)

Sobre esses números:

1 – Lula novamente continua a crescer, embora menos do que Bolsonaro e Dória. Nacionalmente ele cresce 2,5 pontos, mantendo estável no Norte e Centro-Oeste, e crescendo nas demais regiões, sempre com destaque para o Nordeste (NE +4,4, SE +2,3, SU +3).

2 – Bolsonaro se estabiliza também nessa pesquisa como o segundo colocado, tendência que ocorreu em outras pesquisas.

2.1 – Em fevereiro, no cenário Dória, ele empatava com Barbosa e ficava dois pontos atrás de Marina, ficando na frente do tucano. No cenário Aécio ele embolava com o tucano e com Marina, mas atrás de ambos. No cenário Alckmin, embolava com o tucano e Marina, ficando pouco a frente apenas do Governador de SP.

2.2 – Agora, no cenário Dória ele tem 4 pontos de vantagem sobre o tucano pela segunda posição. No cenário Alckmin ele fica 6,4 pontos na frente de Marina pela segunda posição.

2.3 – Infelizmente, o único dado mais refinado que pode ser comparado para Bolsonaro é o de regiões, já que na pesquisa de fevereiro o cenário Dória não apresenta distinção por sexo, idade e estudo.

2.4 – Por região, Bolsonaro cresceu com mais vigor na região Norte/Centro Oeste, com um aumento de incríveis 7,7 pontos. Com isso, ele ultrapassa Marina nessa região e a deixa para trás, reduzindo a vantagem de Lula de 13,9 pontos para apenas 6 pontos.

2.5 – Bolsonaro cresce em todas as outras regiões. Pela primeira vez aparece com dois dígitos no Nordeste (11,6, com aumento de 2,2 pontos) e está praticamente empatado com Marina (esta ainda tem a segunda posição com apenas 0,2 pontos de vantagem). A tendência é de ultrapassagem e estabilização da segunda posição no Nordeste já na próxima rodada de pesquisa.

2.6 – No Sudeste, Bolsonaro mantém a segunda posição crescendo 4,1 pontos, mas Dória explodiu nessa região, ficando apenas 0,1 pontos atrás de Bolsonaro.

2.7 – No Sul, Bolsonaro aumentou 4,4 pontos e assumiu a liderança na região, com 1,4 pontos de vantagem sobre Lula (18,4 x 17).

2.8 – Bolsonaro continua com muitas dificuldades entre o público feminino, mais velho e desempregado. Enquanto 21,6% dos homens votam nele, apenas 11,6% das mulheres fazem o mesmo. Na faixa etária, ele tem 25,9% da preferência entre 16 e 24 anos, 22,4% entre 25 e 34 anos, 15,9% entre 35 e 44 anos, 9,6% entre 45 e 59 anos e 8,8% para os acima de 60 anos. Dentre os escolarizados, os que tem até o ensino fundamental, Bolsonaro pontua apenas 9,2%. Entre os que tem mais do que o fundamental, ele sobe para mais de 20%. Entre os empregados, 18,2% e entre os desempregados 11,6%.

3 – Dória é um candidato real, e cresceu assustadoramente em praticamente todas as regiões do país, menos no Nordeste, também conhecido como “a hecatombe tucana” (manteve-se abaixo de 5%) e no Sul, onde manteve-se estável. Seu crescimento, embora menor que o do Bolsonaro em nível nacional, foi maior do que o dele no Sudeste, onde ambos empatam.

4 – Marina continua com tendência de sangramento. Ela é a candidata mais homogênea do país, variando entre 11,8 e 10,7 em todo o país, ao contrário dos outros candidatos onde são claramente mais fortes em regiões específicas (Lula no NE, Bolsonaro no SU, NO e CO e Dória no SE). No entanto, a sua queda foi homogeneamente visível em todos os lugares. Sua base evangélica continua a migrar rumo a Bolsonaro.

5 – Não sei o porquê de Joaquim Barbosa ser testado todo o tempo por esse instituto. Ele não é candidato e nunca se declarou como tal. Sua presença parece retirar votos de Bolsonaro, especialmente se compararmos com outros institutos (o que nunca é bom fazer). O nome de Barbosa machuca a credibildade dessa pesquisa e a faz mais distante da realidade de 2018.

6 – Seguindo tendência de outros institutos, Ciro Gomes continua patinando mesmo estando em campanha 24 horas, 7 dias por semana. Sofreu queda no índice nacional (-1,3) e queda em todas as regiões, inclusive no Nordeste, embora menor a queda no seu quintal. A não ser que Lula não dispute, sua campanha não colou.

7 – Caiado não é candidato e acaba sendo apenas mais um nome a sangrar Bolsonaro (e Dória, por que não?).

8 – Luciana Genro pontua muito próxima à pontuação perdida por Ciro Gomes, o que sugere transferência de votos do candidato do PDT para a candidata do PSOL. Ainda que o candidato seja Chico Alencar, esse fenômeno deve ocorrer da mesma forma em 2018, com o PSOL sangrando Ciro e Lula em pequenas quantidades.

9 – A quantidade de indecisos e não votantes permanece estável, mas destaca-se que a quantidade de indecisos é maior no Sul e no Sudeste, o que revela tendência de aumento maior do número de eleitores para políticos mais fortes nessas regiões, como Bolsonaro e Dória, do que para políticos como Lula, Marina e Ciro.

Rodrigo Constantino

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