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Essa ainda é a visão caricata que muitos têm do capitalismo. Essa ainda é a visão caricata que muitos têm do capitalismo.

A coluna de Gustavo Franco no GLOBO de hoje toca na ferida do Brasil: sua mentalidade anticapitalista. É impressionante como ainda perdura uma desconfiança ou mesmo um ódio viceral pelo sistema que mais riqueza produziu na história, tirando assim milhões de pessoas da miséria, condição natural dos homens.

Muitos sequer sabem definir o que é o capitalismo, mas já o associam automaticamente às desigualdades, ignorando a melhoria na qualidade de vida geral de quem vive sob tal sistema, ou aos privilégios que, na verdade, são contrários ao verdadeiro capitalismo.

Os brasileiros aprendem desde cedo a odiar o capitalismo, com seus professores de história e de geografia. O viés da imprensa também ajuda a jogar mais lenha na fogueira. Os artistas e “intelectuais” fecham o cerco, todos detratando o sistema responsável pelo progresso no mundo.

Gustavo Franco fala rapidamente desses pontos, ensaia algumas possíveis explicações, e conclui que precisamos deixar esses preconceitos de lado e falarmos do capitalismo, para entendermos melhor o que estamos perdendo. Abaixo, alguns trechos:

Como explicar essa estranha hostilidade ao sistema econômico que prevalece em todo o planeta, excetuadas algumas comunidades primitivas isoladas no Caribe e na Ásia, e cujo indiscutível e extraordinário sucesso aniquilou qualquer concorrência?

Afinal, o capitalismo é o sistema econômico baseado na propriedade privada, na liberdade de empreender, na letra da lei, e na centralidade do mercado para estabelecer os preços. Que há de tão errado com isso?

[…]

Em primeiro lugar, destaque-se a apatia, muito provavelmente incentivada por valores nossos, mal cultivados. Hierarquias e privilégios parecem mais naturais no Brasil que a igualdade diante da lei e a impessoalidade. Valores “maiores” parecem prevalecer sobre os da contabilidade ou da sustentabilidade: os balanços fecham no Palácio, os patrimônios “não têm preço”, prejuízos “não importam”, e a criatividade permeia partidas dobradas. E por fim, o mercado, a meritocracia e a competição, são coisas para nossos inimigos, pois é o que se passa na “rua” e não na “casa”, como ensina Roberto DaMatta.

Em segundo lugar, trata-se do sucesso do capitalismo como se houvesse dúvida sobre isso. O próprio Marx, em seu famoso manifesto, em 1848, as eliminou ao afirmar que “a burguesia, em seu reinado de apenas um século, gerou um poder de produção mais massivo e colossal do que todas as gerações anteriores reunidas”. O erro estava em prever o colapso do sistema, ou exagerar nos efeitos colaterais.

Em seguida, Franco derruba a visão sofista que foca apenas nas desigualdades como se riqueza fosse algo estático, um jogo de soma zero, onde João é rico porque Pedro é pobre. Os californianos não enriqueceram porque os africanos continuaram pobres. Mas o vilão, para os habitantes da Brizolândia, é sempre o rico, o sucesso é pecaminoso, o que mais parece a pura idealização da inveja.

Por fim, Franco lembra que Mário Covas, de esquerda, chegou a reconhecer que o Brasil necessitava de um “choque de capitalismo”, e alerta que esse nosso “capitalismo pela metade” acaba produzindo resultados ineficientes e injustos. O estado concentra privilégios, impede a igualdade perante as leis, adota um jogo de cartas marcadas. É a festa dos populistas e dos “amigos do rei”, em simbiose perfeita que prejudica o restante do país.

Até quando vamos cair nessa ladainha anticapitalista? Até quando vamos desconfiar do lucro obtido no livre mercado, dos empreendedores que ousam, arriscam, e com isso levam mais conforto material para seus consumidores? Até quando vamos preferir viver na Brizolândia em vez de migrar para o time dos países desenvolvidos?

Rodrigo Constantino

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