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Considerações sobre a recente pesquisa Datafolha da eleição presidencial de 2018
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Por Bernardo Santoro, publicado pelo Instituto Liberal

Agora de tarde fui ler com calma a pesquisa Datafolha, para fazer minhas pontuações de sempre.

A primeira coisa que devo dizer é que, por não ter ainda tido acesso à pesquisa completa, incluindo as segmentações por gênero, idade e regiões, essa será uma análise superficial.

Essa análise fica também prejudicada pela falta de referibilidade em relação à pesquisa anterior. Isto porque, como eu sempre digo, as pesquisas nunca devem ser comparadas entre um instituto e outro, mas sempre entre pesquisas do mesmo instituto, por uma questão de metodologia.

No entanto, mesmo nesse caso vamos ter problemas, pois o Datafolha não apresentou em janeiro um disco EXATAMENTE IGUAL aos discos apresentados ao eleitor nesta pesquisa. Sempre havia um nome diferente em todos os cenários.

Isto posto, algumas observações:

1 – Já é óbvio o bastante que Lula não será candidato em 2018. Portanto, os cenários em que ele aparece como candidato serve apenas para medir, no máximo, um eventual poder de transferência do candidato.

1.1 – A performance levemente superior de Haddad sobre Jacques Wagner, junto ao fato de que o primeiro não possui a quantidade de escândalos que o segundo tem, nos dá uma relativa certeza de que Haddad é o candidato petista.

1.2 – A transferência de votos de Lula se deu para Marina e Ciro em níveis muito modestos. A população lulista está realmente aguardando saber quem será o legítimo defensor de Lula em 2018.

1.3 – Manuela D’Ávila fez um esforço incomum nas últimas semanas para capitanear a defesa de Lula e ser a sucessora natural de votos do lulismo. Ela ter empatado com Haddad sem que este tenha começado a fazer campanha é sinal de que Manuela está inviabilizada nesse campo.

1.4 – Mais uma pesquisa gera em mim a sensação de que o PT está perdendo tempo insistindo na candidatura Lula ao invés de rodar a máquina e a militância petista em favor de Haddad. Se mantiverem essa postura, quando começarem a rodar a máquina poderá ser tarde demais.

2 – Uma leitura superficial mostra que o principal herdeiro dos votos de Huck, testado em janeiro, foi Joaquim Barbosa, que representa esse eleitorado de centro-esquerda em busca de um outsider.

3 – Bolsonaro, na pesquisa Datafolha, demonstra estar atingindo um teto, mas, em virtude da grande quantidade de candidatos, esse teto pode ser alto o suficiente para levá-lo ao segundo turno.

4 – Ao contrário de outras análises que vi ao longo do dia, não vejo Marina em boa posição. Uma candidata com recall de 100%, por ter participado de duas candidaturas majoritárias, está em um teto excessivamente baixo nesse momento. É uma candidata pronta para ser esvaziada.

5 – Ciro continua sem conseguir se desenvolver como candidato, e sua aposta nesse momento é acreditar na manutenção do erro estratégico do PT de não lançar com vigor a candidatura de Haddad, na esperança que o ex-prefeito paulista acabe inviabilizado por inércia.

6 – Também por inércia se mostram esvaziadas e sem discurso definido as candidaturas de Paulo Rabello de Castro (PSC) e o recém-lançado Afif Domingues (PSD). A falta de engajamento de ambos no debate político inviabiliza análise sobre a viabilidade de um dos dois tomarem para si o campo do centro / centro-direita.

7 – Alvaro Dias e Alckmin continuam com os mesmos percentuais, que na pesquisa anterior estavam fundamentalmente alicerçados em seus estados políticos (PR e SP), respectivamente. Embora não tenha visto o pdf completo da nova pesquisa, posso supor que a regionalização de ambos continua. Dias tem apresentado contínuo e louvável esforço no sentido de nacionalizar seu discurso dentro de um campo de centro-esquerda democrático, mas até o momento ainda sem resultado aferível em pesquisa. Alckmin nem mesmo esse esforço faz. A sensação que tenho é que Alckmin está menos interessado em fazer campanha e mais em ter a máquina tucana na mão. Não duvido que Dias, em breve, murche a candidatura Alckmin, ao ver seu discurso tucano melhor encaixado.

8 – Falando em esforço de nacionalização do discurso, é grande a decepção com a performance de dois candidatos de centro-direita com forte máquina digital em nível nacional: João Amoedo e Flávio Rocha. Continuam sem conseguir fidelizar a centro-direita não-bolsonarista carente de uma candidatura viável.

9 – E falando em inviabilidade, os candidatos de centro governista continuam patinando em níveis patéticos. Temer, Maia e Meirelles não conseguem se vender sequer para os tais 5% de brasileiros que apoiam o Governo Temer. Um governo impopular com este já teria dificuldades em emplacar uma candidatura situacionista. Dividindo-se em três pré-candidatos, a máquina fica confusa e dispersa, não conseguindo trabalhar. Na prática, o Governo está caindo na mesma armadilha que o PT.

10 – Guilherme Boulos continua se mostrando um não-candidato.

Até a próxima!

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