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Despedida do jornal O GLOBO após mais de 6 anos de colaboração
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Recebi hoje uma ligação do editor do jornal O GLOBO com a notícia: nosso “casamento”, com mais de seis anos de duração, chegara ao fim. Motivos não foram apresentados – nem solicitados. Fica-se subentendida a razão desse desligamento, que não pode ter ligação com falta de audiência, já que minha coluna era, sem dúvida, bem lida.

Sou bastante grato ao espaço concedido pelo GLOBO, o primeiro da grande imprensa a me acolher e, com isso, ajudar em meu crescimento profissional. Minhas colunas começaram em 2009, e as principais se encontram no livro recente Contra a maré vermelha. O maior jornal carioca é, de fato, plural, e dá espaço para gente de toda matiz ideológica. Jamais fui pautado ou tive qualquer tipo de liberdade tolhida pelo editor. Nesse sentido, a decisão não chega a ser decepcionante, como foi a mudança de tom na VEJA, tida como mais combativa e ideológica.

Mas eu era, naturalmente, um estranho no ninho. Não apenas por ser liberal com viés conservador, pois dessa espécie há outros ali, e sim por ser o autor de Esquerda Caviar, que tem como alvo justamente os vários artistas globais poderosos dentro da emissora. Curiosidades: mesmo como “da casa”, nunca fui convidado para um programa de entrevistas, à exceção de uma rápida na GloboNews sobre economia, e o Segundo Caderno jamais citou meu nome ou algum livro meu. Nem mesmo o que celebrava cinco anos de colunas nele!

Direito deles, claro. Defendo a propriedade privada e o livre mercado. Se bem que no Brasil, nesse setor, não há tanto isso. Sabemos da pressão que o governo exerce, que os sindicatos exercem, que os próprios artistas exercem. A turma de Chico Buarque conseguiu mais uma vitória, sem dúvida. Devem estar celebrando a minha saída. Mas não pensem que a guerra foi vencida. Ela só termina quando termina.

Apesar de muito grato pela oportunidade e pelo espaço, o fato é que meu nome já atingiu um patamar para sobreviver de forma independente, sem placa por trás. Foi assim quando saí da VEJA. Esse blog aqui já tem mais visualizações do que aquele. E, naturalmente, fico mais ousado ainda à medida que me liberto de amarras institucionais. Sim, eu já criticava a própria TV Globo, o que pode ter ajudado na decisão. Mas claro que o grau do ataque era moderado por questão de respeito e educação.

Curiosamente, há muitos esquerdistas no grupo que não se importam de meter o pau na TV Globo, acusando-a até de “mídia golpista”. Mas sabemos que o critério nunca será o mesmo. A esquerda goza de um salvo-conduto. O ator José de Abreu, por exemplo, pode ser petralha de carteirinha, falar da tal “mídia golpista”, fazer coro ao PT que pede “controle da imprensa”, e tudo bem. A crítica da direita nunca é recebida com a mesma tolerância. É da vida, e o jogo, caros leitores, é pesado mesmo. Não sejamos ingênuos.

Ironicamente, essa notícia veio quando resolvi colocar o canal da Globo Internacional na minha casa, depois de quase um ano (sem sentir muita falta, confesso). Vou continuar um telespectador de alguns programas, um crítico quando julgar necessário, e um assinante do jornal, que conta com boas colunas de gente como Carlos Alberto Sardenberg, Paulo Guedes, Denis Rosenflield, Merval Pereira, Demétrio Magnoli etc. Não, não pensem que vou incluir Miriam Leitão nessa lista, pois essa eu dispenso. É muito fraquinha…

Enfim, lamento a perda do espaço, sei que muitos leitores me acompanhavam pelo jornal, e eis aí mais um motivo para que assinem, urgentemente, o meu blog, para receber diariamente meus artigos. Cada vez mais o caminho dos liberais/conservadores são blogs independentes e as redes sociais, pois sabemos da dificuldade da imprensa mainstream em bancar esse tipo de linha em meio a tantos interesses conflitantes e grupos de patrulha.

E não posso fechar sem fazer minha pergunta já clássica: onde está a FoxNews do Brasil?

Rodrigo Constantino

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