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Eles se recusam a desaparecer
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Na nova série da Netflix, “Carbono Alterado”, que se passa num futuro distante, as memórias de uma pessoa estão decantadas em “pilhas corticais”, dispositivos de armazenamentos alienígenas que foram duplicados em massa e inseridos na parte de trás do pescoço. Os corpos físicos são chamados “capas” (sleeves), corpos descartáveis que podem aceitar qualquer “pilha cortical”. Não por acaso a introdução é uma cobra, que troca de pele enquanto mantém sua essência inalterada.

Pensei na esquerda latino-americana ao ver a série. Ela também muda de cara e corpo, mas preserva sua memória, sua essência, apesar de tudo. Não aprende nada, e não esquece nada. Ver os discursos de Guilherme Boulos hoje, o candidato a presidente pelo PSOL, é como entrar numa máquina do tempo e ver Lula em 1989. Ver o ditador Maduro destruindo de vez a Venezuela é rebobinar a fita e ver Fidel Castro mergulhando a então charmosa Cuba no caos da miséria e da opressão. Só mudam as capas!

Nossa maior jararaca, o líder do PT, luta desesperadamente para sobreviver, para se safar da prisão, usando uma candidatura já morta como boia de salvação até o último segundo. No dia em que o STJ negou mais um recurso de sua milionária defesa, aproximando sua inevitável prisão, a “pensadora” Marcia Tiburi se filiava ao “partido”, mostrando que certas coisas nunca mudam, como o “amor” dos “intelectuais” por quadrilhas sob o manto do socialismo. Tiburi já defendeu a “lógica” do assalto. No PT, portanto, está em casa: o roubo é justificado como instrumento da “justiça social”.

Lula já era, mas Lula viverá. Basta a jararaca trocar de pele. Pode usar uma de um coronel nordestino destemperado, por exemplo, ou de uma ET ambientalista que embalou o socialismo na clorofila, como uma espécie de melancia: verde por fora, vermelha por dentro. Pode, ainda, vir na pele de um jacobino líder de sem-teto, uma reencarnação tupiniquim dos sans-culottes, que tocaram o Terror na França e abriram o caminho para Napoleão. Tudo isso, claro, ao som surrado de Chico e Caetano.

Nossa esquerda cheira a naftalina. É prisioneira do passado, continua falando em ditadura militar até hoje, bancando a libertadora dos fracos e oprimidos, enquanto suas lideranças roubaram bilhões, destruíram a economia, gerando milhões de desempregados, e quase afundaram nossa democracia. Mas os artistas engajados e os “intelectuais” seguem apaixonados pela ideia de um líder populista autoritário que vai enfrentar as “elites” em nome da “igualdade”. É simplesmente patético.

Na série da Netflix, os personagens se recusavam a morrer, esquecendo que a morte faz parte da vida. Nossos esquerdistas também se recusam a desaparecer. Mas alguém deveria avisá-los de que já estão mortos…

Artigo originalmente publicado na revista IstoÉ

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