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Em 2035 haverá mais idosos do que crianças nos Estados Unidos: e como fica o Brasil?
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Projeções do US Census Bureau apontam que, já em 2035, idosos estarão em maior número do que crianças pela primeira vez na história americana. Espera-se que sejam dois milhões de idosos a mais do que crianças. A previsão se baseia em grande parte na baixa taxa de natalidade, assim como no envelhecimento da geração “baby boomer”.

Essa mudança na pirâmide etária, uma realidade em todo o Ocidente, representa um desafio enorme para as contas públicas. Haverá maior demanda por saúde, cuidados aos idosos, sem falar das aposentadorias. Já em 2020 a previsão é de 3,5 adultos trabalhadores para cada dependente do Social Security. Em 2060, essa proporção deve cair para 2,5, pressionando as contas do governo.

Compensando em parte essa queda de natalidade está a imigração, que foi responsável pelo aumento da população nos últimos 25 anos. Mas essas tendências estão mudando, segundo o Census. Os americanos estão tendo menos filhos e a expectativa de vida aumentando. Logo, menos bebês e idosos vivendo mais significa uma nação envelhecendo rapidamente.

A sustentabilidade do Social Security fica ameaçada. Quando foi criado, por Roosevelt, havia muito mais gente trabalhando do que aposentada. Como o modelo é coletivista, de pirâmide, em que os trabalhadores pagam pela aposentadoria dos mais velhos, a conta não fecha. Fossem contas individuais, com aposentadoria atrelada ao que realmente foi poupado e investido em ativos reais ao longo da vida produtiva, não haveria problema.

Mas tal solução liberal é democraticamente difícil de ser implementada, e por isso só mesmo o Chile, durante o regime de Pinochet, seguiu por esse caminho, de forma parcial, e com grande sucesso, a ponto de ser estudo de casos em várias universidades hoje. Para os que seguiram o modelo coletivista, i.e., a imensa maioria, reformas serão inevitáveis, como aumento da idade de aposentadoria, corte nos benefícios, criar incentivos para manter as pessoas trabalhando, ou uma mistura disso tudo.

Se os Estados Unidos enfrentarão tais dificuldades, pode-se imaginar a situação brasileira. O Brasil está envelhecendo sem ter ficado rico. Já temos um gasto previdenciário bem maior do que o americano, em relação ao PIB, para uma população bem mais jovem. Nossa Previdência Social tem inúmeros privilégios, especialmente no setor público, e é uma bomba-relógio. A reforma paliativa proposta pelo governo Temer, muito aquém do necessário, sequer foi aprovada.

A questão é inadiável e o próximo governo terá de lidar com ela, queira ou não. Tornou-se inviável adiar mais a solução. O Brasil terá um problema bem maior do que os Estados Unidos em 2035, mas sem sua riqueza, sem sua produtividade, sem seus ativos e sua credibilidade. Ou seja, o resultado será, de forma resumida, uma taxa de juros bem maior para financiar os rombos, e um crescimento bem menor como consequência disso.

Desperdiçamos nossa melhor janela do “bônus demográfico” durante o governo lulopetista, que foi extremamente irresponsável com as contas públicas e fugiu das reformas necessárias, de olho no populismo. Agora não tem mais jeito: ou reformamos, ou ficaremos presos na armadilha do baixo crescimento, com uma demanda social reprimida produzindo uma panela de pressão insuportável. Até ela explodir…

Rodrigo Constantino

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