Esquerda caviar canadense

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Caro leitor, se ainda não viu, veja o filme “Invasões bárbaras”. É excelente. Além da questão familiar entre pai e filho, há como paralelo na trama o desgaste do modelo de estado de bem-estar social canadense, pois o filho rico, do mercado financeiro, consegue furar a burocracia do governo graças ao modelo corrupto nela instalado. Como sempre ocorre com excesso de estado.

O Canadá já foi o ícone do welfare state, tido como exemplo da maravilha “socialista” no sistema de saúde, enquanto na prática a coisa não é bem assim. Canadenses vão aos Estados Unidos buscar tratamento, há corrupção para furar a fila de espera, o custo é alto, etc. Ou seja, esqueça as mentiras dos “documentários” de Michael Moore, pois o buraco é mais embaixo.

Por que falo disso? Porque mesmo assim, com esses defeitos, o Canadá é um país capitalista e amplamente liberal, especialmente para padrões brasileiros. No Índice de Liberdade Econômica do Heritage Foundation, por exemplo, o Canadá se encontra na sexta colocação, enquanto o Brasil semi-socialista está na vergonhosa centésima-décima-quarta posição. O modelo canadense seria tachado de ultraliberal por nossos esquerdistas jurássicos.

O direito de propriedade privada é bem garantido por lá, o ambiente de negócios é amigável, os gastos públicos são transparentes e há ampla abertura comercial. Além disso, os indicadores de liberdade vêm melhorando nos últimos anos. O Canadá tem se tornado mais liberal, mais capitalista, mais aberto. E eis que um leitor, que mora por lá, depara-se com o seguinte cartaz:

É mole? Em Vancouver, paraíso dos esquiadores do mundo todo, os dinossauros querem fazer palestras elogiando o porco assassino Che Guevara e o regime cubano, a ditadura mais cruel e longeva do continente. Um projeto socialista em progresso, diz a chamada. Onde? Se até Cuba está tendo que sentar no colo dos capitalistas ianques, oa malditos estadunidenses, implorando por seus dólares sujos do capitalismo…

Claro que ninguém leva essa baboseira a sério. Ou quase ninguém. Os canadenses estão preocupados em construir uma nação próspera, i.e., capitalista. Mas sempre haverá demanda por parte da elite culpada, alienada e entediada, por revolucionários viris com fuzis pendurados, barbas compridas e discursos utópicos e românticos. Esquerda caviar é um fenômeno mundial. O Canadá não poderia ficar de fora.

Como se trata da sexta conferência sobre Che Guevara, presume-se que a demanda continua firme e forte. Nada como vender baboseira socialista para capitalistas entediados. É, como Michael Moore bem sabe, um mercado e tanto…

Rodrigo Constantino