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Fonte: BBC
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Oito votos a favor e seis contra.

Foi com esse “placar” que, na semana passada, os colegas de curso da jovem cubana Karla María Pérez González decidiram que a estudante do primeiro ano de jornalismo deveria ser expulsa da Universidade Central de las Villas (UCLV), na província de Villa Clara.

Eles acusam Pérez de não estar alinhada com a Revolução Cubana e ter publicado artigos críticos ao governo de Cuba em um blog com o pseudônimo de Oriana.

A decisão da “brigada do primeiro ano” foi ratificada de imediato pelo conselho da Federação Estudantil Universitária (FEU) da UCLV e pela reitoria.

Por meio de um comunicado, a FEU informou que Pérez é “integrante de uma organização ilegal e contrarrevolucionária”, contrária aos princípios, objetivos e valores da Revolução Cubana.

“O colegiado universitário não aceitará jamais a contrarrevolução dentro de nossas universidades”, diz um trecho da nota divulgada na semana passada.

É esse o modelo que os inimigos do Escola Sem Partido querem para o Brasil? É essa a “democracia” que Chico Buarque e companhia defendem? É esse o objetivo final do PT e do PSOL? Adotar o “crime do pensamento” e punir quem discordar do poder estabelecido, da ideologia oficial?

Cuba é um presídio miserável, um feudo particular dos clã dos Castro, que comandam o país há mais de meio século como escravocratas do passado, confundindo cidadão com súdito e gente com gado. Nas escolas cubanas, há apenas doutrinação ideológica, não educação de verdade. E ainda tem quem enalteça o “sucesso” da educação cubana…

Uma universidade em que é proibido discordar do comunismo: é isso que chamam de educação, de liberdade? Lhuba Saucedo comentou hoje nesta Gazeta o tema da doutrinação ideológica no Brasil. São os mesmos que olham para Cuba com admiração, como referência. Todos filhotes do comunista Paulo Freire, que idolatrava o ditador Fidel Castro. Ela faz a pergunta-chave:

Como esperar que a maioria dos professores, sabidamente de esquerda, reconheça o fenômeno da doutrinação ideológica nas escolas e universidades, que eles mesmos estão a promover?

De fato, como esperar que os próprios doutrinadores confessem seu crime? Muitos já estão tão doutrinados e mestres na arte do autoengano que sequer acham que existe a doutrinação mesmo, pois se convenceram de que ensinar é doutrinar, “fazer a cabeça”, seduzir os corações, e enfiar socialismo goela abaixo dos “alienados burgueses”. Diz a autora:

Há quem se perca no debate acerca do Escola Sem Partido porque acredita que não é possível despir-se do discurso ideológico: se não for de esquerda, será de direita. Isso não é verdade. Primeiro que mesmo um professor de esquerda deve saber a diferença entre emitir uma opinião e falar de fatos, e também deve dominar a matéria que leciona para além da “cartilha”, familiarizando-se com autores e abordagens diversas. Segundo que, no caso do ensino primário e secundário, não faz sentido encher os alunos de conteúdo superficial e abrangente – que dá margem à doutrinação – quando deveriam estar focados em ensinar conteúdos que assentam as bases para o tão almejado “raciocínio crítico” no futuro: precisam aprender a ler com proficiência, e ler sobretudo muita literatura, precisam escrever bem, e precisam saber fazer contas. É claro que há mais coisas interessantes para aprender, mas esse é o básico. E nem isso os alunos brasileiros sabem mais, chegam à universidade sem saber distinguir num texto o que é conceito e o que é figura de linguagem. Um ensino básico bem feito, sem ideologismos, e com a introdução do aluno no mundo da alta cultura, com a leitura dos clássicos – quem é que vai se opor à leitura de Shakespeare? – salvaria o país. Onde está a “doutrinação de direita” aqui?

Ah, mas para os doutrinadores, oferecer Shakespeare para a garotada já é doutrinação burguesa, pois se trata de um autor britânico, ícone do “imperialismo machista capitalista” ou coisa do tipo! E é por isso que esses militantes disfarçados de professores demonizam o capitalismo e glorificam o socialismo em sala de aula, além de fazer campanha partidária escancarada, acusar o governo atual de “golpista” e convocar estudantes para seus atos políticos.

São bandidos! São comunistas! São figuras asquerosas que, se pudessem, transformariam o Brasil amanhã em Cuba, para terem a prerrogativa de expulsar um aluno da escola ou da universidade sob a acusação de “atividades contrarrevolucionárias”, de preferência jogando a CIA no meio da trama ridícula. Ou defende o comunismo, como eles, ou sofre as consequências. Estamos chegando perto desse “ideal”, e a única resposta decente que surgiu nas últimas décadas de doutrinação foi o Escola Sem Partido. Por isso o projeto é alvo de tanto ataque…

Rodrigo Constantino

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