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Fala de Trump sobre “banir todos os muçulmanos” é tudo que a esquerda queria
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Donald Trump é um bufão. Sei que essa minha opinião é o maior ponto de divergência que tenho com o amigo Paulo Figueiredo Filho, mas dou um desconto pois ele, como sócio do bilionário excêntrico em empreendimento na Barra da Tijuca, acabou ficando amigo do homem e tem a razão turvada pelas emoções nesse caso.

Sim, Trump fala o que pensa, é politicamente incorreto, tem coragem, e são qualidades em falta no mundo moderninho (e frouxo). Mas calma lá! Para tudo há – ou deveria haver – um limite. Trump parece fazer tudo pelos holofotes, e assim que as pesquisas mostram queda em sua aprovação ele parte para alguma nova tirada polêmica – ou simplesmente idiota.

Foi o caso quando disse que todos os muçulmanos deveriam ser proibidos de entrar nos Estados Unidos como imigrantes. Trata-se de uma fala irresponsável e com claro viés autoritário. Não chego ao ponto de Guga Chacra, que o acusou de “fascista”, pois isso é fazer o jogo da esquerda blasé, que idolatra um Obama da vida, presidente que mais desrespeita a Constituição em todos os tempos, e simula uma afetação exagerada por qualquer fala mais firme de um Republicano. Não entro nesse duplo padrão.

Mas que Trump deu um tiro e tanto fora do alvo, isso deu. E mais: foi um enorme presente para os Democratas. Tinha acabado de sair uma pesquisa em que mais de 60% dos entrevistados julgavam Obama como incapaz de reagir ao terrorismo, após o atentado da California. O foco da imprensa era a cobertura desse atentado e isso colocaria os “progressistas” em maus lençóis. Vem Trump e dá de bandeja esse presente para a turma…

A CNN dedicou nada menos do que oito horas de cobertura ao que disse Trump! O foco mudou do terrorismo para o tal banimento de muçulmanos proposto por Trump. Nem Bill O’Reilly, amigo de Trump, teve como aliviar o pré-candidato. A Fox News em peso lamentou o episódio, com raras exceções. Trump foi o melhor amigo dos Democratas, ao permitir que repitam a (falsa) ideia de que os Republicanos são xenófobos e autoritários.

Sem falar que isso é tudo que o próprio Isis quer, pois coloca toda a comunidade islâmica contra os americanos e pinta os Estados Unidos como um “inimigo intolerante”. Que muitos muçulmanos são coniventes com o terrorismo, que se recusam a condená-lo de forma mais veemente, isso é fato e precisa ser dito. Que um Obama da vida é complacente demais com a ameaça do fundamentalismo islâmico, isso é verdade e precisa ser dito. Mas daí a colocar assim, do nada, mais de um bilhão de pessoas como potenciais invasores indesejados, isso é coisa de bufão irresponsável.

Os muçulmanos mais moderados – e eles existem – precisam de ajuda contra os radicais que falam em nome de sua religião e seu profeta. Não nego que o próprio Islã começou diferente do judaísmo ou cristianismo, pois Maomé em pessoa foi um guerreiro empedernido que liderou dezenas de expedições militares contra “infiéis”, degolando suas cabeças. Não é bem um Jesus Cristo. Não caio nessa de “religião do amor” mal interpretada: o Corão tem passagens tenebrosas mesmo!

Mas isso não quer dizer que o Ocidente deva declarar uma guerra santa contra mais de um bilhão de pessoas. Há milhões de muçulmanos que são pacíficos, cidadãos decentes, civilizados. O Islã precisa passar por seu Iluminismo, e para tanto necessita da ajuda dessa gente mais moderada. O que disse Trump joga contra isso, é lenha na fogueira do radicalismo, coloca mais gente do bem contra os Estados Unidos. Paul Ryan foi um que se manifestou contra Trump com firmeza:

Speaker Ryan repudiates Donald Trump’s Muslim ban policy.

Posted by Carol Costello on Terça, 8 de dezembro de 2015

A fala está perfeita: os Estados Unidos representam outra coisa, a terra da liberdade, e os conservadores Republicanos são quem melhor representam isso, não os Democratas de esquerda. Trump confunde a platéia e gera antipatia para os Republicanos, dando munição gratuita aos Democratas. Não dá para compactuar com isso. Os Estados Unidos não precisam de um Le Pen da vida, e sim de um novo Ronald Reagan!

Rodrigo Constantino

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