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Firjan quer meta de redução de gastos públicos e privatizações
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Em entrevista ao GLOBO, o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, defendeu uma meta proporcional ao PIB para a redução das despesas do governo, assim como a privatização de estatais. A entidade entrega proposta ao governo amanhã, contendo suas sugestões para o ajuste fiscal e o retorno do equilíbrio das contas públicas. O caminho indicado pela Firjan é correto, e seria bem mais eficaz do que o atual rumo, dependente demais de aumento de impostos. Diz Eugênio:

Se tivermos um pacto da nação para a construir bases sólidas para o futuro, poderia dizer que vamos ter um segundo trimestre medíocre e depois vamos adiante. Se continuar nessa sopa, não tenho a menor esperança. Depende apenas de nós, ninguém vai nos ajudar. Ou a sociedade brasileira dá um jeito através de seus representantes no Congresso e de seus representantes no governo, ou não temos jeito. Se não apoiarmos o ministro Levy, será a mesma coisa que jogá-lo no abismo.

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É fundamental elogiar o trabalho gigantesco que o ministro Levy está fazendo. Ele está fazendo um esforço fenomenal para tentar ter uma base para o crescimento. Eu fico pasmo como um líder industrial pode falar sobre pescoço, forca etc. Sem o Levy, estaríamos quebrados. Estamos agregando a necessidade de cortar gastos correntes.

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Temos que fazer rapidamente o reordenamento das nossas contas públicas. Se não tivermos o equilíbrio fiscal, não vamos voltar a crescer e não vamos destravar os investimentos. Isso é fundamental para a confiança. Precisamos ir adiante na confiança. Não podemos imaginar que o fiscal vem apenas pelo aumento de carga tributária. Uma coisa impressionante é que em 2008 os gastos correntes públicos estavam em torno de 3% do PIB e isso simplesmente dobrou. Propomos que o gastos correntes sejam reduzidos em 0,7% ao ano para se chegar em 2018 no mesmo nível de 2008. Isso é uma questão de sustentação política para que o Executivo possa fazer o que precisa que seja feito.

[…]

O governo precisa ter a coragem de vender ativos. Uma coisa que nós fazemos como pessoa física. As empresas estão constantemente vendendo ativos quando têm problemas. No caso do Banco do Brasil, o governo pode manter o controle financeiro, mas pra que a União precisa ter algo diferente de 50,1% de participação acionária? Nós chegamos ao limite de tentar enxugar gelo, de dar jeitinhos. Eu prefiro vender tudo. Se quiser vender todas as participações de empresas financeiras que pertencem à União, como toda a Europa fez, isso daria 14% do PIB. Por que a União precisa sustentar distribuidoras de energia elétrica e geradoras públicas se existem as privadas? O que o Estado brasileiro agrega de valor nesse domínio? Isso vai dar fôlego ao equilíbrio fiscal, vai dar credibilidade aos agentes econômicos brasileiros e estrangeiros, vai trazer eficiência às prestadoras de serviços.

[…]

Quem ganha algum favor não gosta de perdê-lo. Quando o empresário advoga a manutenção de alguma facilidade, isso vem para compensar algum custo adicional e ineficiências que o Estado impõe. Estamos advogando que passemos além dessas discussão e construamos um país competitivo não importando esses detalhes. Queremos que o Estado brasileiro reduza suas despesas, possa crescer e não precise arrecadar mais do setor produtivo.

Em linhas gerais, impossível discordar. Um estado gestor, empresário, não faz o menor sentido, pois além da ineficiência na gestão, há o constante risco de corrupção. É preciso privatizar todas as estatais! No mais, a meta de redução das despesas estatais em relação ao PIB é factível e desejável: o custeio da máquina aumentou muito, e ninguém notou diferença nos serviços, melhoria que justificasse tanto aumento. Pelo contrário!

O presidente da Firjan toca no nervo da questão quando diz que os empresários se acostumaram com facilidades estatais para compensar o fardo imposto pelo próprio estado, o “Custo Brasil”. É hora de um grande pacto em nome da competitividade, e isso pressupõe abrir mão desse modelo. O BNDES, por exemplo, tem sido um grande empecilho, ao concentrar privilégios com seus subsídios e levar os empresários a “investirem” em lobby em vez de produtividade.

O estado muito ajuda quando não atrapalha. Se ele mantiver suas finanças ajustadas contendo as despesas, simplificar as regras do jogo e não intervir tanto na economia, o resto funciona. A indústria precisa parar de olhar para o estado como a solução, pois ele tem sido o problema.

Aproveitando o falecimento recente de John Nash, podemos explicar isso pelo famoso dilema dos prisioneiros. Quando cada empresário busca compensações e vantagens no estado, o resultado final é ineficiente para todos. Se eles pudessem chegar a um acordo de ninguém mais tentar tirar vantagens dos outros, adotando uma regra igualmente válida para todos, então teríamos o ponto ótimo de Pareto.

O único problema na proposta da Firjan é que temos o PT e Dilma no poder. Ou seja, a chance dela ser seguida pelo governo é praticamente nula…

Rodrigo Constantino

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