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Governo de Israel e médicos judeus salvam vidas de sírios
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Se há algo que percebi claramente nessa viagem a Israel é que seu povo não é lá muito bom de marketing. Em primeiro lugar, pois não aprecia nada o sensacionalismo, a dramaticidade que latinos conhecem tão bem e exploram como poucos. Em segundo lugar, pois julga que se faz a coisa certa, então não precisa divulgá-la ao mundo. Tal postura não tem ajudado o país nos ataques sistemáticos e pérfidos de que é alvo.

Por exemplo: eu mesmo, que acompanho há algum tempo notícias de Israel e não tenho viés negativo algum sobre o país (ao contrário), nunca tinha ouvido falar em Ziv Medical Center e no trabalho maravilhoso que fazem lá. Simplesmente temos vários médicos, a maioria de judeus, trabalhando arduamente para salvar centenas de vidas… de vítimas da guerra civil na Síria!

Foi um dos momentos mais tocantes dos cinco dias de agenda intensa que tive em Israel. Nosso grupo ficou por mais de uma hora conversando com alguns médicos e visitando o hospital. O Ziv Medical Center fica ao norte de Israel e perto do “mar” da Galileia, e conheci, além de seu belo trabalho em prol das crianças vítimas da guerra civil síria, o simpático Dr. Marcelo Daitzchman, brasileiro de Curitiba que vive há 35 anos em Israel.

Fiquei impressionado com tudo que fazem lá. O governo de Israel paga pelo tratamento caro de vítimas da Síria, que encaram os judeus como inimigos. Alguns chegam desacordados, tamanha a gravidade dos ferimentos causados por outros sírios, e quando acordam se dão conta de que estão sendo tratados pelos “inimigos”, por aqueles que aprenderam a odiar desde muito cedo. 

Um fixador externo colocado pelo Dr. Alexander Lerner, um ortopedista renomado que veio da União Soviética, custa caro, e no caso dos pacientes sírios, cinco vezes mais caro. Afinal, os aparelhos costumam ser reutilizados nos pacientes israelenses algumas vezes, enquanto os sírios tendem a voltar ao seu país os levando junto. Eis duas fotos que tirei no local, de um menino e uma menina árabes tratados lá:

sirio
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Abaixo, segue um trecho de apenas dez minutos das entrevistas que fiz com alguns dos médicos envolvidos nesse belo trabalho humanitário:

httpv://youtu.be/xkb37a12-SA

Quando fui filmar uma sala de aula em que professoras árabes ensinam essas crianças, uma delas ficou visivelmente nervosa e pediu para parar a gravação. Disse, quase tremendo, que sua imagem não poderia ser divulgada, pois se soubessem na Síria que ela estava trabalhando em hospital judeu, ainda que para ajudar as crianças sírias, sua vida estaria em perigo.

Assim é a realidade que poucos conhecem: Israel tem hospitais que cuidam com esmero e dedicação de vítimas da guerra civil na Síria, algo desconhecido por praticamente todos, inclusive aqueles que adoram odiar o país “imperialista”. Não custa lembrar que até mesmo filhas e esposas dos líderes do Hamas, grupo terrorista que deseja nada menos do que destruir Israel, costumam se tratar em seus hospitais também.

Enquanto o governo brasileiro trata nossos médicos como os judeus eram vistos pelos nazistas, no sentido de vê-los como bodes expiatórios para os males de nossa péssima saúde pública, os médicos judeus estão labutando em prol da vida de vítimas da guerra civil síria, produzida pelos muçulmanos. Como odiar um país e um povo que trabalham para salvar a vida dos seus inimigos, daqueles que desejam destruí-los?

Rodrigo Constantino

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