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Hegemonia cada vez mais à esquerda
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No Brasil praticamente só há partidos de esquerda. Todos defendem mais estado, mais intervenção, mais gastos públicos como solução para nossos males, mais paternalismo. Não há partido algum com bandeiras claramente liberais, pregando mais privatização, mais livre mercado, mais sociedade com menos estado.

Parte da estratégia das esquerdas é cada vez jogar o viés mais para lá, a ponto de as velhas esquerdas radicais parecerem moderadas com o tempo. Quando um ser jurássico como Plínio Arruda Sampaio, defensor do comunismo (apesar de ter mais de milhão em poupança, investida em fundos de multi-mercado), aparece no debate presidencial ao lado de Dilma, o efeito disso é fazer a candidata petista parecer mais centrista.

O PSOL resolveu fazer o mesmo em 2014. Randolfe Rodrigues será candidato ao Planalto pelo partido, com um discurso mais radical que o PT. O senador já chegou a acusar o PT de ser a “nova direita”. O partido tenta capturar a insatisfação das ruas, como se fossem bandeiras esquerdistas:

Acredito que os reclames das manifestações surgiram de movimentos concretos pelos quais o partido (PSOL) vêm lutando: educação, saúde e transporte padrão Fifa. Investimentos que o país precisa e não tem.

O senador também diz que tentará se colocar à esquerda dos prováveis candidatos Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Segundo ele, os três estão comprometidos com um modelo tímido de desenvolvimento econômico e social. Numa crítica direta a petistas e tucanos, o senador diz que o país cresceu pouco nos últimos 20 anos e que pouco avançou em questões sociais. Como se não bastasse, Randolfe chama atenção para a queda dos juros, mas afirma que eles permanecem em patamares elevados.

As três candidaturas apresentadas são candidaturas do modelo. Não rompem com o capital financeiro. Não representam ruptura com o agronegócio. Não propõem ao Brasil uma ruptura democrática com o modelo.

A partir de agora, o PSOL tentará buscar apoio do PSTU, do PCB e de movimentos sociais como o MST, áreas em que militantes do partido teriam maiores afinidades ideológicas. Segundo o deputado Chico Alencar (RJ), a legenda usará a campanha para apresentar uma nova forma de fazer política, sem os vícios do caixa dois e sem os vínculos com as grandes corporações.

A “nova forma de fazer política” é a velha bandeira da ética usada pelo PT. Só que o PSOL não consegue nem mesmo começar diferente. Janira Rocha se envolveu em escândalos no Rio, e o partido até agora não optou por sua expulsão. Há outros casos. O PSOL foi ainda ferrenho defensor do terrorista assassino Cesare Battisti. Sua “ética” é aquele velho slogan de que os fins “nobres” justificam quaisquer meios.

Mas a tática funciona bem. As esquerdas vão forçando a barra cada vez mais para seu lado. O vetor resultante é sempre mais à esquerda. O que era visto como radical ontem, hoje é moderado. E o PSDB, partido de centro-esquerda, acaba visto como a alternativa de “direita” no Brasil. Patético!

PS: Parte da mesma tática das esquerdas é sempre rejeitar suas experiências e seus heróis do passado como ícones da esquerda após os fracassos de sempre. Já ocorre isso com a Venezuela. No começo, Chávez despertou fortes emoções nas esquerdas. Agora, que a tragédia é evidente, muitos alegam que o modelo não tem nada de esquerda. Foi o caso de Paulo Delgado, ex-PT, hoje no GLOBO:

É cada vez maior o abismo entre o imediatismo da politica e os interesses de longo prazo da sociedade. No horizonte de muitos governos populares estão sofismas e manipulações como forma de contornar escolhas duras para evitar o risco de colapso econômico e social de seus países. E têm levado para o ambiente político da esquerda um desalento teórico tão profundo que podemos chegar ao fato de não haver mais qualquer fundamento substancial para o conjunto de ações, decisões, práticas e pensamentos que poderiam, sincera e realisticamente, ser designados pelo nome de “esquerda”

Nada disso! Quem pariu Mateus que o embale! Assumam seus fracassos, caros esquerdistas. Esquerdista gosta de monopolizar os fins, e como eles nunca chegam, toda experiência fracassada é vista como falha não da esquerda, mas de outros fatores. A Venezuela é um caso clássico de desgraça do esquerdismo. O filho é teu!

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