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A “islamofobia” explica o atentado contra muçulmanos em Londres, mas o Islã não tem nada a ver com o terrorismo muçulmano?
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Muçulmanos foram alvos de um atentado em Londres esta semana. Um sujeito jogou o carro em cima de fiéis que saíam de uma mesquita, atropelando vários e matando um deles. Ele teria dito que pretendia “matar muçulmanos”. Atos terroristas contra muçulmanos, praticados por pessoas que não pertencem ao Islã, ocorrem em quantidade bem menor do que o contrário. Mas todos merecem dura condenação, desnecessário dizer.

Ainda assim, parece absurdo misturar tudo como se fosse o mesmo fenômeno – terrorismo – ignorando que a imensa maioria dos atentados na atualidade parte de muçulmanos. O relativismo, do tipo que condena “os extremos” e não encontra elo algum entre o terrorismo moderno e o próprio Islã, que tem invadido o Ocidente com intolerância a todos os principais valores ocidentais, em nada ajuda no combate à real ameaça que o mundo enfrenta.

Guga Chacra, em sua coluna no Estadão, partiu para um relativismo desse tipo. Ele tem feito um baita esforço em dissociar o terrorismo islâmico do Islã em si, condenando a “generalização” injusta. Ora, toda generalização será sempre injusta com alguns, justamente porque ela fala de uma tendência de grupo. Ao falarmos do “jeitinho nacional”, por exemplo, estamos generalizando, e nem todo brasileiro é “malandro”. Mas entendemos o ponto: trata-se de uma característica predominante, de um traço marcante de nossa cultura.

Logo, quando falamos hoje no “perigo islâmico”, não estamos dizendo que todos os muçulmanos são terroristas, o que seria absurdo; e sim que há uma clara tendência à radicalização dentro da religião islâmica, o que não vemos no cristianismo, no budismo ou no judaísmo. Uma ala considerável do Islã declarou guerra ao Ocidente, a todos os nossos valores, e isso é inegável.

Mas quando formadores de opinião como Guga Chacra preferem focar na “islamofobia” em vez de lidar com essa própria ameaça islâmica, isso não contribuiu para a solução do problema. Reconhecer que o Islã tem sido transformado numa ideologia nefasta por muitos muçulmanos talvez seja o primeiro passo para salvar o Ocidente dessa “islamização” incompatível com nosso legado civilizacional.

Guga, infelizmente, prefere relativizar quando o atentado ocorre por parte de muçulmanos – a imensa maioria dos casos -, e dessa vez, que foi feito por alguém de fora contra os muçulmanos, ele aproveita para condenar a retórica da “islamofobia”. Diz ele:

Em parte, isso se deve à ignorância. Muitos no Ocidente nunca tiveram a oportunidade de conhecer um muçulmano e quando escutam notícias estas são sobre terrorismo. Não sabem que Zidane é muçulmano, para ficar em um exemplo simples. Se conhecessem muçulmanos, certamente teriam menos preconceito. Não é coincidência que Londres tenha um prefeito muçulmano – afinal, os moradores da capital britânica convivem nas escolas, no trabalho e mesmo na torcida do West Ham com amigos muçulmanos. Entendem nuances. O mesmo vale quando se observa que o sentimento islamofóbico em Nova York, onde há expressiva população muçulmana, é menor do que em áreas dos EUA onde praticamente inexistem muçulmanos.

Ora, Guga, que já declarou não saber o que é “globalismo” e qual a sua diferença para globalização, demonstra nesse parágrafo que confunde o ambiente cosmopolita “liberal” com o mundo real, sendo vítima do que Charles Murray tão bem descreveu em Coming Apart. A elite que vive numa bolha sem contato com a realidade, e toma o seu mundinho limitado como representação do planeta. Não vamos esquecer que Guga disse não conhecer um só eleitor do Trump, o que o ajudou a errar feio nas previsões. Ele continua:

O sentimento islamofóbico também se deve também à propagação de informações mentirosas em redes sociais sobre a população muçulmana. O terrorista supremacista branco de Oslo deixou claro em seus escritos e declarações que se inspirava em alguns dos mais notórios islamofóbicos dos EUA e da Europa. Estas pessoas que propagam o ódio aos muçulmanos devem ser repudiadas, assim como devemos repudiar radicais islâmicos que propagam o ódio e incentivam atentados.

[…]

E também devemos condenar atos terroristas quando estes alvejam muçulmanos. Líderes internacionais devem agir como Theresa May, Sadiq Khan, Jeremy Corbyn, Angela Merkel, Justin Trudeau. Infelizmente, há um governante no Ocidente que sempre condena atentados, a não ser quando estes alvejam a população muçulmana.

Ou seja, Guga culpa a incitação “islamofóbica” por esses atos isolados (esses sim, são de “lobos solitários”), mas não culpa o próprio Islã pela incitação à violência dos terroristas muçulmanos (uma enorme alcateia). Nesses casos, o terror não tem absolutamente nada a ver com o Islã. Não seria incoerência isso? Porque estou seguro de que muitos terroristas encontram no próprio Corão a justificativa para seus atos terroristas, não?

Se depender desse tipo de análise, é bem capaz de considerarmos o presidente Trump bem mais perigoso ao Ocidente do que o próprio Islã, uma “religião da paz” que não teria ligação alguma com tantos atos terroristas praticados em seu nome. Faz sentido? Não vamos generalizar, a menos que seja para condenar Trump e seus eleitores, não é mesmo?

Num mundo com tantos atos terroristas praticados por muçulmanos em nome do Islã, parece realmente uma falta de senso de prioridades ficar tão obcecado com a tal “islamofobia” ocidental, em vez de tentar salvar o Ocidente da “islamização” em curso, não acham?

Rodrigo Constantino

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