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Movimento liberal Brasil 200 já tem 30 mil seguidores em uma semana, mais do que o esquerdista Agora!
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Sou um defensor ferrenho do liberalismo há anos, muito antes de isso virar modinha. Fico feliz, naturalmente, com o avanço do liberalismo no país, ainda que veja com desconfiança certas iniciativas. Como Gustavo Franco disse, muitos querem vestir a jaqueta liberal por oportunismo, à esquerda e à direita, sem qualquer convicção efetivamente liberal. Não obstante, mesmo isso atesta o sucesso do conceito, já que tantos querem tirar uma casquinha dele.

Além do liberalismo, e em paralelo, temos o cansaço com a classe política, por conta da crise de representatividade e dos escândalos de corrupção. Surge, então, a demanda por uma renovação na política, por algo novo, pela participação de pessoas da sociedade civil que, até então, ignoravam amplamente o debate político ou o processo eleitoral em si.

Vejo tudo isso com bons olhos, claro, ainda que seja cético quanto aos “salvadores da Pátria”. São movimentos de longo prazo, de mudanças graduais, reformistas, não necessariamente revolucionários. Certas coisas simplesmente levam tempo: não se pode produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres. Um Brasil liberal é sem dúvida uma realidade bem distante. Mas é preciso começar em algum momento, o quanto antes.

Entre as diversas iniciativas, o movimento Agora foi um dos que ganhou mais destaque na mídia, pois conta com o apoio de alguns importantes empresários, do apresentador Luciano Huck, e também porque tem um viés de esquerda. É “liberal” no sentido americano do termo: idolatra Obama, segue uma pauta “progressista”, bem ao gosto da nossa imprensa. Mas todo esse destaque midiático não se traduziu em adesão popular, que ele jamais teve.

E a prova disso está no engajamento nas redes sociais. Sua página no Facebook conta com pouco mais de 20 mil seguidores, depois de vários meses de inserção na imprensa, com várias entrevistas de seus jovens representantes na televisão e nos jornais, com a força de bilionários conhecidos por trás. Não adianta: “não pegou”. É politicamente correto demais. É esquerdista demais.

Já o recém-lançado Brasil 200, liderado pelo empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, alcançou a marca de 30 mil seguidores em uma semana, demonstrando um poder de viralização bem maior. O empresário tem dado entrevistas e feito discursos em vídeos caseiros, que invariavelmente chegam às dezenas de milhares de visualização. A página tem mais seguidores do que o movimento de centro RenovaBR, liderado por Eduardo Mufarej.

Há espaço para mais de um, e para mais de um perfil ou estratégia. Alguns serão mais enfáticos na defesa dos valores liberais e no ataque ao esquerdismo, enquanto outros serão mais “neutros” ou “imparciais”, quiçá “isentões”, para atrair mais gente indecisa ou “do lado de lá”. E alguns serão apenas movimentos de esquerda infiltrados, tentando usurpar o termo liberal agora que o esquerdismo está fora de moda.

Acho que o Brasil 200 se encaixa no perfil mais combativo e com cores mais liberais, enquanto o RenovaBR tem um apelo mais de centro e o Agora se enquadra no espectro esquerdista mesmo. Não pode restar muita dúvida ao leitor sobre com qual deles me identifico mais. Entendo e respeito quem quer se manter “acima” da disputa entre esquerda e direita, ou quem tem receio de assumir o nome liberal. Mas prefiro quem não tem medo de dar nome aos bois ou de enfrentar a patota esquerdista com coragem e determinação. Abaixo o leitor pode ver alguns exemplos dessa postura:

Não dá para dar moleza para comunistas! Não é aceitável “dialogar” com petistas, que querem transformar o Brasil numa Venezuela. É hora de mais firmeza, de clareza moral, de estamina, pois só assim vamos endireitar o Brasil. O liberalismo precisa de seus guerreiros, especialmente no meio empresarial. Como presidente do Conselho do Instituto Liberal, fundado na década de 1980 pelo empresário Donald Stewart, só posso festejar essa proliferação de grupos em prol dessa causa.

PS: As críticas e ataques que tais iniciativas recebem de alguns militantes de Bolsonaro mostram que seu projeto parece unicamente de poder, voltado para as eleições de 2018, enquanto os liberais estão mais preocupados com uma mudança estrutural e de longo prazo na mentalidade e nas instituições do Brasil. Não celebrar esse avanço das ideias liberais por receio de concorrência eleitoral é o cúmulo do absurdo e não parece algo muito patriótico. O Brasil, afinal, precisa do liberalismo como a planta precisa do sol!

Rodrigo Constantino

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