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Mudanças climáticas: em quem acreditar?
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Por João Luiz Mauad, para o Instituto Liberal

Às vésperas de mais uma rodada de negociações sobre o clima, abundam na imprensa de todo mundo relatórios catastróficos das mais variadas origens.  Não raro, o principal foco desses relatórios, embora não o único, é o aumento do nível dos mares, que provocará, segundo as projeções mais pessimistas, a inundação de milhares de cidades costeiras ao redor do planeta.

O Globo de hoje, por exemplo, traz uma matéria de página inteira, baseada num relatório da ONG americana ‘Climate Central’ (Who?), dando conta de que o aumento do nível do mar pode desalojar 760 milhões de pessoas, antes do fim do século, caso a temperatura da Terra aumente 4ºC, uma previsão para lá de pessimista, principalmente se levarmos em conta que a temperatura média do planeta tem se mantido estável desde 1998, embora os níveis de concentração de CO2 na atmosfera não tenham parado de crescer nesse período.

Matérias como essa do Globo são exemplares de como o objetivo desses estudos é muito mais causar pânico do que propriamente informar.  Não dá para saber se todas as informações contidas na publicação são oriundas do referido relatório ou foram paridas da cabeça do repórter, mas o certo é que há algumas coisas espantosas ali.  Peguem, por exemplo, o seguinte trecho:

A equipe de Strauss debruçou-se sobre uma série de fatores que contribuem para inflar o nível do mar: a elevação da temperatura dos oceanos, o derretimento de geleiras e a deterioração da camada de gelo no Ártico e na Groenlândia.

Ora, meus amigos, o degelo da calota polar ártica certamente teria inúmeras conseqüências climáticas, mas uma delas não seria o aumento do nível dos oceanos, como provavelmente sabe qualquer estudante secundarista que já tenha estudado, ainda que superficialmente, a física dos fluidos.

Mesmo que, numa hipótese extrema, o gelo flutuante do Ártico derreta completa e permanentemente, isso não vai fazer muita diferença no nível dos mares. Como num copo d’água, quando o gelo derrete, o volume de líquido resultante desse derretimento é igual ao volume que o cubo de gelo deslocava quando sólido. Portanto, o nível dos oceanos não aumenta com o derretimento do gelo flutuante, que é o caso da calota polar ártica.

O mesmo não se pode dizer da calota polar antártica.  Como ao sul do planeta existe efetivamente um continente, a maior parte das suas geleiras está localizada sobre a terra, e seu eventual derretimento jogaria bilhões de litros de água sobre o oceano, o que certamente aumentaria os níveis deste.

Nesse sentido, o site G1 publicou recentemente uma informação, oriunda do Postdam Institute for Climate Impact Research, da Alemanha.  Segundo a matéria, “os pesquisadores usaram modelos informáticos para projetar os efeitos de 60 anos de degelo na taxa atual e previram que “ocorreria uma desintegração completa a longo prazo”. Em outras palavras, “toda a camada de gelo marinha tombará no oceano, causando um aumento global do nível dos mares de aproximadamente três metros”.

Como a imensa maioria das previsões apocalípticas sobre o clima do planeta, esta também se baseia em simulações e modelos de computador.  E, como qualquer simulação, depende de como os programas foram alimentados pelos cientistas.  Se você acha que esses cientistas não são influenciados pelos bilhões de dólares despejados anualmente na roda da fortuna do aquecimento global, vá em frente e continue acreditando nesses relatórios, sem questionamentos.  Eu prefiro manter uma postura mais cética, até porque tenho certeza que os cientistas, como quaisquer seres humanos, estão sujeitos e agem de acordo com incentivos.

Por isso, nessa matéria, nunca me conformo com as primeiras impressões.  E, por incrível que possa parecer a alguns, saindo das simulações para as medições do que efetivamente tem acontecido na Antártica, os números mostram resultados bem diferentes.  Um relatório divulgado pela NASA, no último dia 30 de outubro, por exemplo, joga um balde de gelo (desculpem o trocadilho) nos arautos do apocalipse climático.  Leiam alguns trechos:

“A pesquisa desafia as conclusões de outros estudos, incluindo o relatório de 2013 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que apontava para uma perda total de gelo no continente antártico.

“De acordo com novas análises dos dados de satélite, o manto de gelo antártico mostrou um ganho líquido de 112 bilhões de toneladas de gelo por ano, entre 1992 e 2001, e de 82 bilhões de toneladas por ano, entre 2003 e 2008.

“Nós estamos essencialmente de acordo com outros estudos que mostram um aumento na descarga de gelo na Península Antártica, em Thwaites e em Pine Island, na Antártida Ocidental,” disse Jay Zwally, … principal autor do estudo. “Nossa principal discordância se refere à Antártida Oriental e ao interior da Antártida Ocidental – nesses locais, vemos um ganho de gelo que excede as perdas em outras áreas.”

“A boa notícia é que Antártica não está atualmente contribuindo para o aumento do nível do mar, mas, ao contrário, está tomando dele 0,23 milímetros por ano”, disse Zwally.

Em quem acreditar?  Você decide, caro leitor.  Mas tenha em mente que, nesse assunto, como em tantos outros onde está presente o alarmismo, há muitos interesses econômicos escondidos.

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