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Nada pior do que militantes comunistas disfarçados de católicos
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“O problema com o catolicismo brasileiro é que entende de menos o Mercado e reverencia demais o Estado. Seu desamor aos ricos excede seu amor aos pobres. Gosta de distribuir riquezas mas não se esforça por facilitar a criação delas.” – Roberto Campos

Gustavo Nogy escreveu um bom texto na Gazeta sobre o papa Francisco e a acusação frequente de seu viés esquerdista por boa parte da direita. Ele mostra como a esquerda socialista costuma se apropriar de um sentimento cristão para crescer:

O socialismo conseguiu apropriar-se da linguagem, da gramática, das regras do jogo. O que a esquerda propõe, em sua narrativa espúria, é intuitivo: existe pobreza no mundo e algo deve ser feito a respeito. Muitos dos “idiotas úteis”, eleitores de governos de esquerda, não são idiotas. São pessoas de boa vontade que ignoram os mecanismos da economia. É até razoável que protestem: “Alguém tem de acabar com isso!”

Desse sentimento difuso, alimentado pela ignorância acerca do livre mercado, muitos caem no colo da esquerda oportunista, que usurpou do cristianismo a preocupação com os mais pobres, tentando monopolizar tal virtude, tal fim nobre. O que mais tem por aí é esquerdista que vive da pobreza, ou seja, alimenta-se feito um parasita da miséria alheia.

Quando esses usam a batina para se promover, numa simbiose nefasta entre ideologia e religião, esquecendo que o socialismo é justamente uma espécie de “religião laica”, temos um perigo ainda maior. Nada pior do que militantes comunistas disfarçados de católicos, enganando trouxas por aí. Tal reflexão veio à mente após ler essa notícia:

Em missa no Santuário de Aparecida neste domingo (20), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado, com o pedido por sua libertação, na hora das Intenções. A missa das 15h realizada na Basílica de Aparecida do Norte contava com a presença de romaria organizada pelo Partido dos Trabalhadores.

Como parte das tradições da missa católica, o padre João Batista de Almeida falou, durante a hora das Intenções: “Pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que Nossa Senhora Aparecida o abençoe e dê muitas forças e se faça a verdadeira justiça para que o quanto antes ele possa estar entre nós, construindo com o nosso povo um projeto de país que semeie a justiça e a fraternidade, rezemos ao senhor”.

Procurada, a assessoria de imprensa do Santuário não se manifestou imediatamente sobre as razões para a homenagem feita pelo padre João Batista Almeida durante a missa, e se suas palavras foram redigidas por ele mesmo ou apresentadas pelos romeiros.

São os tais “padres de passeata”, como dizia Nelson Rodrigues, que sempre pegava no pé de Dom Hélder Câmara, quem só olhava para o céu, segundo o dramaturgo, para saber se ia chover ou não. Bernardo Kuster tem renovado esses ataques, com foco especial na CNBB, que podemos chamar carinhosamente de Conferência Nacional dos Bispos Bolivarianos, tamanho seu viés esquerdista.

Mas, em reportagem na Folha de SP, ficamos com a impressão de que um jovem excêntrico que posta fotos de freiras com armas acusa, do nada, a CNBB de ter viés esquerdista:

O que Bernardo admite que é: uma pedra no sapato da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Decorado com uma foto dele segurando um rifle, seu canal do YouTube tem 169 mil seguidores. Na página no Facebook, na qual a foto de capa traz freiras armadas, são 91 mil.

Os dois são abastecidos por vídeos como “Cala a Boca, Abortista!” e “Projeto de Ditadura LGBTTQI+@Y123”, que questiona o projeto de lei no Senado que cria o Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero. Bernardo incluiu “outras letras [em LGBTQ, de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Queers] pra facilitar o trabalho do pessoal que não para de aumentar essa sigla”, diz.

A popularidade do ativista católico disparou após a publicação, dois meses atrás, de “CNBB no banco dos réus”. A produção acumula 544 mil visualizações, enquanto vídeos veiculados no canal CNBBNacional costumam alcançar algumas dezenas delas.

A peça de Bernardo dispara uma rajada de acusações contra o que ele julga ser uma entidade empesteada de comunismo. A primeira bofetada é contra o fundador da CNBB, dom Helder Câmara (1909-1999), a quem se refere como “o arcebispo vermelho”.

Era um desafeto do regime que se instaurou no mesmo mês em que virou arcebispo de Olinda e Recife, abril de 1964. Ao arcebispo, tido como inimigo pelos militares, se atribuiu a frase “quando dou comida aos pobres, me chamam de santo, quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.

Em sua videografia, Bernardo destrincha indícios do que vê como “esquerdização” na Igreja Católica brasileira. Tem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, elogiando a CNBB. Outra imagem aponta a presença da Cáritas, braço da Igreja que se diz voltado “aos excluídos e excluídas”, no Fórum Social Mundial deste ano, visto como uma “esquerdolândia”.

[…]

Dom Leonardo Steiner é apontado como o “homem mais poderoso da CNBB”, do qual é secretário-geral. O religioso, segundo Bernardo, traz a esquerda em seu DNA eclesiástico. Seu mentor seria dom Pedro Casalgálida, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia e um dos maiores expoentes da progressista Teologia da Libertação.

Frei Betto chama dom Pedro de “santo e herói”, e João Pedro Stedile, ideólogo do MST, já o comparou a Che Guevara.

Ou seja, a coisa toda é retratada como se um jovem qualquer, famosinho no YouTube por ataques estranhos, suspeitasse que a CNBB tem inclinação comunista, e ainda fecha chamando Casalgálida de “um dos maiores expoentes da progressista Teologia da Libertação”. Progressista?!?!?! Assim, sem aspas mesmo?! Fake News! Teologia da Libertação é casamento forçado entre Marx e Cristo, sendo que o primeiro tomou conta de tudo, e o segundo é só um pretexto para atrair desavisados.

Eu tenho vários artigos no meu blog contra a CNBB, mostrando seu escancarado viés esquerdista. Textos como esse aqui, por exemplo, entre tantos. Não se trata, portanto, de uma mera questão de opinião, de um palpite de um youtuber, mas sim de um fato comprovável, amplamente documentado, evidente. Vejam, aliás, o que Lula mesmo disse sobre a importância de dominar a igreja para chegar ao poder:

Sejamos francos: só muita distorção mesmo para transformar a mensagem de Cristo numa ode ao socialismo. Só muita manipulação perversa para confundir um santo padre fiel ao cristianismo com um guerrilheiro assassino comunista. E é exatamente o que faz a Teologia da Libertação. É exatamente o que faz a CNBB, em boa parte. E é justamente o que fez o padre que rezou em homenagem ao bandido Lula, condenado e preso pela Justiça.

Essa gente engana cada vez menos, graças em boa parte às redes sociais; mas ainda é perigosa. Eles usam o poder da mensagem religiosa cristã para ludibriar bobos com sua perversa ideologia socialista. Mas cristianismo e socialismo são como água e óleo: não se misturam!

Rodrigo Constantino

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