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Não é federalização. É estatização mesmo!
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O Ministério da Educação (MEC) descredenciou as faculdades UGF e UniverCidade, mergulhadas em dívidas. Debate-se, agora, se os milhares de alunos poderão ou não ser transferidos para outras universidades particulares, em uma “transferência assistida”. Um edital será lançado.

Após uma reunião ontem, dirigentes das universidades federais do Rio — UFRJ, UFF, UFRRJ e UniRio — e do Cefet-RJ divulgaram nota na qual defendem a federalização da UGF e da UniverCidade. No documento, os reitores e o diretor-geral do Cefet-RJ avaliam que a solução para o problema das duas instituições não deve ser “uma simples redistribuição dos estudantes, tarefa que não é fácil e pode se mostrar inviável a curto e médio prazos, agravando a situação”.

Eles argumentam que a federalização atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”, em referência aos cerca de dez mil alunos afetados pelo descredenciamento. E afirmam entender que “a educação não pode ser vista como um negócio, mas como um investimento de longo prazo, cuja maior responsabilidade cabe aos governos”. Messias, do MEC, refutou a proposta, com o argumento de que os professores das duas universidades não fizeram concurso público, o que inviabilizaria sua contratação. Além disso, afirmou, os alunos não fizeram os exames necessários às instituições federais.

Fica evidente o teor ideológico da mensagem dos reitores das federais. Educação não é negócio, logo, o governo deve cuidar de tudo. O que eles têm a dizer do Ibmec, entidade de ponta no ensino superior e um ótimo negócio para seus sócios? O mesmo do Insper, ou tantos outros grupos. Tem certeza de que educação não é negócio?

Nos Estados Unidos, vários grupos privados oferecem ensino de qualidade e apresentam bons lucros. Não há incompatibilidade alguma entre as duas coisas. Já nas universidades federais, o que vemos, por aqui, são muitas greves e muita, muita doutrinação ideológica, sem compromisso algum com o mercado de trabalho (à exceção de carreira pública).

Mas não era disso que eu queria falar. Foi o termo “federalização” que me incomodou mais. Escutei na rádio CBN hoje cedo também. Não se trata de uma “federalização”, mas sim de estatização mesmo. É a transferência do controle de uma empresa da iniciativa privada para o estado. Sou do tempo em que isso ainda era chamado de estatização, o oposto de privatização (que é o caminho inverso).

Vivemos na era do eufemismo. Tal obliteração da linguagem não é inocente, tampouco inócua. É extremamente prejudicial e atende a interesses específicos. Quando as palavras perdem seu significado, as pessoas perdem a liberdade, alertou Confúcio séculos atrás. Estava certo. Fiquem atentos aos termos que são usados por aí. Eles fazem diferença.

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