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Nova fase da Lava-Jato mira em doleiro e empresa JBS, dona de Friboi
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SÃO PAULO-SP, 14/03/2011 - ECONOMIA - JBS - PRESIDENTE; Coletiva com Joesley Batista, Presidente da JBS, sobre uma aquisição do Grupo fora do setor de carnes. A JBS é lider em carne bovina no mundo. FOTO: AYRTON VIGNOLA/AE FOTO: AYRTON VIGNOLA/AE

A Polícia Federal não para, para desespero dos que se lambuzaram no poder na era lulopetista. Dessa vez ela tem como alvo, além do doleiro supostamente ligado a Cunha, a empresa JBS, dona da marca Friboi, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. O grupo era um ilustre desconhecido dos brasileiros antes de o PT chegar ao poder, mas depois de bilhões subsidiados do BNDES, tornou-se um gigante com faturamento acima de R$ 60 bilhões e tentáculos no exterior.

Basta folhear as páginas das principais revistas e jornais do país para ver como a JBS é uma das maiores anunciantes, o que coloca a imprensa numa delicada situação, ainda mais nessa crise econômica que o PT causou. Como dar a notícia de forma imparcial, direta, sem ofender um cliente tão importante? A VEJA, após citar a JBS na manchete, mencionou que até a casa de Joesley foi alvo da operação:

A Polícia Federal realiza neste momento operação e cumpre diligências na sede da JBS Friboi, na casa do empresário Joesley Batista, dono da indústria de alimentos. A operação de hoje, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), prendeu o operador Lúcio Bolonha Funaro e recolheu documentos na casa do lobista Milton Lyra, apontado por delatores da Operação Lava Jato como facilitador de negócios espúrios em partidos junto a empresas públicas e bancos como a Caixa, o BNDES e o Banco do Brasil. Conforme revelou VEJA, Lyra foi citado como operador do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no fundo de pensão Postalis, dos Correios. Funaro, por sua, vez é próximo do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Já o GLOBO não teve a mesma postura. Ao se ler a notícia no jornal, fica-se sabendo apenas que uma tal de J&F, que ninguém conhece por tal nome, é alvo da nova fase da operação. O jornal preferiu dar destaque ao doleiro que seria ligado a Cunha:

A Polícia Federal deflagrou uma nova operação na manhã desta sexta-feira e cumpre mandados em São Paulo, Rio, Pernambuco e Distrito Federal. Um dos alvos da nova fase da Lava-Jato é o doleiro Lucio Bolonha Funaro, ligado ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os agentes da PF cumprem também mandados de busca e apreensão em uma empresa do grupo J&F, em São Paulo, a Eldorado, do ramo de celulose. Segundo o colunista Lauro Jardim, Funaro foi preso em sua casa, no bairro dos Jardins, na capital paulista. Funaro é acusado de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os crimes estariam entre os fundamentos que levaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, a decretar a prisão dele.

Sequer a marca Friboi, a mais conhecida pelo público, foi citada. O leitor que julgue por conta própria, mas acho que os jornalistas bobearam na missão de informar. Já a Folha fez como a VEJA, e citou tanto a JBS como sua marca Friboi na matéria sobre a operação nova, e ainda acrescentou um Constantino, que felizmente não tem ligação com minha família:

A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira (1º), batizada de Sépsis, que tem como um de seus alvos a empresa JBS, dona da Friboi. A PF realizou buscas na sede da empresa e na casa dono do grupo, Joesley Batista, em São Paulo.

Outro alvo de buscas é o empresário Henrique Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas.

Por fim, o Estadão deu destaque ao nome JBS na chamada também. Os jornais e revistas mostram, assim, independência, apesar da saia justa que isso representa. Um grande anunciante agora é alvo da Polícia Federal, como muitos já esperavam, pois as suspeitas eram abundantes. Como esse blog é completamente independente, não só posso mencionar a empresa JBS, dona da marca Friboi, como posso mostrar o “meme” que tomou as redes sociais esta manhã:

Tony Ramos, assim como Fátima Bernardes, ajudou a tornar a marca mais famosa Brasil afora. Não é crime ser contratado por uma empresa suspeita e camarada do PT. Mas é legítimo tirar sarro deles agora, pois, como disse, já havia muitas suspeitas pairando sobre o grupo, e cada um precisa arcar com as escolhas que faz. Ao associar a imagem a tal empresa, esses artistas sabiam dos riscos, mas acharam que o cachê compensava.

Com a JBS, dona da marca Friboi, nessa sinuca de bico, uma das últimas empresas fortemente ligadas ao PT e seu projeto, via BNDES, de “escolha dos campeões nacionais” sobe no telhado. Já vimos o fim melancólico de Eike Batista, da Oi, da Sete Brasil e tantas outras que tentaram voar como Ícaro, com as asas de cera construídas pelo engenheiro Luciano “Dédalo” Coutinho. Todos se queimaram quando o sol raiou após as sombras petistas.

O capitalismo de livre mercado não combina com esse “capitalismo de compadres”, tão alimentado pela esquerda. Na cena final da primeira temporada da série “Billions”, com Paul Giamatti e Damien Lewis, há um debate entre o procurador-geral e o bilionário do hedge fund simplesmente imperdível. Até Ayn Rand é mencionada. Quando o sistema é podre, até que ponto a Justiça faz o certo ao perseguir empresários que apenas “sobrevivem” usando o sistema a seu favor?

Alguns libertários podem ver como heróis esses empresários que aceitam cruzar as linhas da lei para se dar bem, mas sem o império das leis nenhum país avança. A série não é maniqueísta e os personagens são complexos. O público fica até dividido, pois passa a gostar do bilionário criminoso. A equipe do procurador-geral recebe propostas tentadoras para aderir ao sistema, mas recusa em nome do ideal.

E no caso não é um ideal esquerdista romântico, anticapitalista, e sim o de preservar o verdadeiro capitalismo, o sonho americano de que o mérito, não os conchavos, deve prevalecer na hora do sucesso. Mesmo que nunca se chegue plenamente lá, é preciso tentar, caminhar nessa direção.

Nosso capitalismo não tem nada de liberal e nunca teve. É totalmente dominado pelo estado. E o resultado prático é esse: os “empresários” que se aproximam do governo se dão bem. Até que um Sergio Moro chegue para estragar a farra…

Rodrigo Constantino

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