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Fonte: GLOBO
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Primeiro dia do ano, ressaca da festa da virada, mas não é por isso que vamos fugir do trabalho, não é mesmo? O tema é relevante, então não há tempo para descanso. Vamos em frente.

Quando liberais e conservadores fazem críticas ao excesso de ideologia de esquerda nos filmes de Hollywood, como fiz recentemente sobre “Star Wars”, logo surgem aqueles mais “isentões” nos acusando de “chatice” ou “paranoia”, alegando que filmes são apenas filmes. Mal sabem eles da importância que os líderes revolucionários comunistas sempre deram aos filmes como instrumentos de propaganda.

Uma reportagem de hoje no GLOBO sobre a nova revolução cultural chinesa mostra bem isso. Os cineastas são “treinados” para se tornarem máquinas de propaganda do regime e do país, alimentando um nacionalismo forçado, enquanto os cineastas americanos preferem vender… antiamericanismo ao mundo! Diz a matéria:

A cultura é a alma de uma nação, declarou o presidente chinês Xi Jinping em um discurso no mês passado. E, como Mao Tsé-Tung antes dele, Xi acredita que a cultura chinesa deve servir ao socialismo e ao Partido Comunista. No último mês, mais de cem dos principais cineastas, atores e estrelas pop do país se reuniram na cidade de Hangzhou para aprender exatamente o que isso significava na prática e estudar o espírito do 19º Congresso do Partido, em que Xi deu o discurso e expôs seu “Pensamento sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era”.

Uma cultura socialista com características chinesas, afirmou o presidente em novembro, deve promover o bem-estar socialista, elevar seus padrões culturais e éticos e guiar-se pelo marxismo. Escritores e artistas devem simultaneamente refletir a vida real e “exaltar nosso partido, nosso país, nosso povo e nossos heróis”. Este não é um tema novo para Xi — ele fez um chamado semelhante em um discurso em outubro de 2014 — nem é uma ideia nova na China. De fato, Xi evocou conscientemente as palavras do primeiro líder da China comunista, Mao, que disse a um fórum de artistas, ainda em 1942, que a arte deveria refletir a vida da classe trabalhadora e servir ao avanço do socialismo.

Mas o fato de que os principais artistas do país se reuniram especificamente para estudar as palavras de Xi e elogiar suas orientações representa outra virada no controle do Partido Comunista sobre todos setores da vida dos cidadãos nesta Presidência. Também vem em um momento em que o dinheiro chinês está fazendo incursões significativas em Hollywood, suscitando preocupações de que a propaganda chinesa possa gradualmente se infiltrar nos Estados Unidos.

Ou seja, enquanto os líderes do PCC entendem a relevância de se controlar a cultura, de usar filmes para transmitir uma mensagem, vemos os “progressistas” do Ocidente rechaçando essa ideia, reduzindo o peso da cultura e alegando que tudo é economia, “estúpido”!

Vejo inclusive muitos “liberais” encantados com o modelo chinês, pois focam apenas na economia (que, de fato, foi capaz de retirar milhões da miséria, mas não por alguma novidade teórica qualquer, e sim por simplesmente abrir mais espaço para o mercado, ou seja, adotar, ainda que parcialmente, alguma liberdade econômica).

Eles ignoram que a China ainda vive sob uma ditadura com muita presença estatal em todos os setores, e que o regime ditatorial pretende manter o controle sobre o essencial: as mentes dos cidadãos (ou súditos, no caso). E como sonham grande, os líderes chineses estão de olho em Hollywood, claro. Mas nem precisam investir muito: os cineastas de hoje fazem propaganda socialista de forma voluntária já, pois estão alinhados com tal ideologia.

Foi-se o tempo em que víamos filmes patriotas enaltecendo a América e seu legado, reforçando os principais valores ocidentais. Hoje, os próprios ocidentais adoram cuspir nesse legado, distorcido por um revisionismo histórico por meio da lente do vitimismo das “minorias”. E os “liberais” ainda repetem que só a economia importa, e que essa obsessão com a cultura é coisa de reacionário paranoico.

A eles recomendo os vídeos de Bill Whittle sobre o assunto. Nesse abaixo, ele compara a Hollywood de antes com a atual, mostrando como valores conservadores como patriotismo foram abandonados gradualmente:

A cultura importa, mesmo ou principalmente a cultura pop. Filmes servem para transmitir mensagens também, visões de mundo, valores (ou “desvalores”). Os comunistas sempre compreenderam isso, e Lenin dizia que era fundamental controlar a indústria cinematográfica.

Mas quando os liberais-conservadores apontam para o grau de propaganda esquerdista nos filmes atuais, para seu viés antiamericano, os “progressistas” reagem, desconsiderando o alerta ou ridicularizando quem tenta fazer análise política utilizando filmes. Não é por acaso que Lenin chamava essa turma de “os idiotas úteis do comunismo”…

PS: Já que Hollywood não parece mais muito interessada em enaltecer o heroísmo americano, ficamos com as notícias reais mesmo, como esta, de um policial em Utah que mergulhou no lago congelado para salvar a vida de um menino. Nada como uma bela e emocionante história real de heroísmo para começar o ano novo, lembrando do que os seres humanos são capazes em termos de sacrifícios pessoais e coragem pelo próximo.

Rodrigo Constantino

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