• Carregando...
O baixo nível da política brasileira: depender de Cunha e Dilma é dose pra leão!
| Foto:

Merval Pereira escreve em sua coluna hoje sobre o baixo nível de nossa política nacional, usando como ilustração a relativa blindagem que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tem recebido de ambos os lados. Até o ex-presidente Lula já sinalizou que os “companheiros” deveriam aliviar a barra do homem e focar em outras coisas. Merval resume o que está por trás:

Exemplar do momento político que vivemos é o apoio de oposição e governo ao presidente da Câmara Eduardo Cunha, por motivos diferentes, é certo, mas baseado na mesma baixa política que há muito vem prevalecendo no nosso presidencialismo de coalizão cansado de uma guerra nada santa.

O fato de os dois principais polos partidários de nossa democracia estarem empenhados, mais ou menos explicitamente, em preservar Cunha, o do governo para impedir o impeachment da presidente Dilma, a oposição na esperança de viabilizá-lo, demonstra quão baixo nível atingimos, a ponto de um político desmoralizado pelos fatos ter ainda fôlego para comandar as ações no Congresso.

De fato, é o cúmulo do absurdo. Claro que a oposição não deveria liderar uma campanha de ataque a Cunha, mas sem dúvida o meio político está muito podre quando não há outra alternativa para lutar pelo impeachment da presidente. Merval também acha que essa deveria ser a saída para o impasse político e a crise econômica de hoje:

Como a anestesia está aos poucos perdendo o efeito, como demonstram as pesquisas de opinião, é de se esperar que o tempo político acabe se encontrando com o da realidade, esgotando a capacidade de seguir adiante com essa farsa populista que levou o país à bancarrota.

Anos de recessão, reafirme-se, provocados por uma política econômica destrambelhada e por abusos do poder econômico para garantir a permanência do mesmo grupo no poder durante décadas, uma dominação do país por ações criminosas que vão sendo desveladas por instituições do Estado que garantem que não nos transformemos em uma República de Bananas como as com que o poderoso chefão do petismo se relaciona em tenebrosas transações políticas e econômicas que agora estão sendo devidamente investigadas.

República de Bananas seremos se continuarmos a aceitar essa imposição de um grupo político sobre o país, e se a Constituição em vigor não puder ser utilizada para dar um basta a essa usurpação a que estamos submetidos. 

O problema é que o anseio da imensa maioria da população não encontra eco no Congresso. Há uma grave crise de representação em nossa democracia. O povo quer a saída de Dilma, mas os conchavos internos dificultam isso. Eduardo Cunha era o instrumento que os brasileiros decentes teriam que usar para fazer o trabalho necessário, mas o instrumento nunca foi confiável. Agora, acabou nas mãos do governo por conta dos escândalos, como ocorreu com Renan Calheiros antes.

Alguns esperam um ato de nobreza de Cunha, que seria morrer atirando, liderar o processo de impeachment como sua última medida antes de cair. Outros esperam um ato de nobreza de Dilma, que seria a renúncia, para impedir todo o doloroso processo de impeachment. Acredito que ambas são esperanças vazias, de quem não conhece a essência dos dois. Depender de Cunha, Dilma e Renan Calheiros é dose pra leão!

O mais provável é a situação esdrúxula se arrastar, possivelmente até 2018. Traumático demais, eu sei. O país talvez não aguente. O que só demonstra como nossa política se afundou num mar de podridão, o que é sempre muito perigoso…

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]