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O impeachment: um golpe contra a língua portuguesa e a lógica
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Por Antonio Pinho, para o Instituto Liberal

A era PT acabou. Felizmente acabou a era do dilmês, este idioma estranho, desprovido de sintaxe e semântica coerentes, que poucos entendiam (desconfio que nem Dilma o entendia). O dilmês deu um rico material para os linguistas, os quais tentarão, com extrema dificuldade, desvendá-lo.

A decadência não foi só política. O PT ajudou a destruir a língua. Corroeu seu vocabulário e sua gramática. Palavras ou expressões como “justiça social”, “igualdade”, “democracia”, “liberdade de imprensa” e, por último, “golpe” tiveram seus significados totalmente destruídos pelo PT. Isso me leva a perceber que a decadência política anda de mãos dadas com a decadência cultural.

No histórico dia da queda do governo Dilma, senti meus ouvidos doerem ao ouvir o senador petista Lindbergh falar “presidenta inocenta”. Antes, no dia em que Dilma foi se defender diante do senado, suas palavras só tiveram lógica enquanto lia o texto preparado pelos seus assessores. Quando falou de improviso, logo veio aquela avalanche de frases sem sentido, características do dilmês. A pior delas viralizou na internet: “Não é 30% dos recurso [sic] da exploração. É 30% de 25%, ou 30% de 30%. Portanto, não é 30%, está entre sete e meio ou pouco mais, 12 e meio por cento”. Depois da mandioca, da mulher sapiens, do vento estocado, da criança com o cachorro atrás, veio mais esta pérola do dilmês, graças a Deus, a última grande pérola deste insólito idioma.

Mas a destruição da língua não terminou aí. A coisa é muito mais grave. O dia da votação do impeachment e seu resultado não foram um golpe. O verdadeiro golpe foi do PT contra a língua portuguesa. O ministro do STF, Lewandowski, também desconsiderou completamente a gramática. Dilma teve seu mandato cassado, mas manteve seus direitos políticos. Contudo a Constituição diz claramente, no artigo 52, que a pena do impedimento do mandato deve ocorrer COM a perda dos direitos políticos por 8 anos. Não é necessário ser um sujeito muito erudito, basta ser minimamente capaz de interpretar um texto para saber que a preposição com tem um sentido muito diferente de ou. “X com Y” é completamente diferente de “X ou Y”, até mesmo de “X e Y”. A pena do impeachment ocorre juntamente com a perda dos direitos políticos. O texto deixa claro que as duas punições são inseparáveis. Se o chefe de estado sofre impeachment, logo perde seus direitos políticos. Basta saber o básico do básico de gramática, de interpretação de texto e de lógica. Ou Lewandowski não sabe interpretar um texto, ou foi desonesto ao permitir que Dilma perdesse o mandato, mas mantendo seus direitos políticos. O senador Caiado lembrou uma coisa fundamental. E se Dilma tivesse perdido os direitos políticos, mas mantido o cargo? Isso teria sentido?

Lewandowski demonstra ser um sujeito que domina – e muito bem por sinal – o português, ao contrário de muitos políticos do PT. Isso me leva a deduzir que ele foi sim deliberadamente desonesto, compactuando com o PT e certos setores do PMDB. Lewandowski fez de tudo para ajudar Dilma como pôde, e no fim permitiu que as leis fossem rasgadas e lançadas ao lixo. Lewandowski demostrou sempre sua simpatia por Dilma, pois sempre a chamava de presidentA.

Percebeu-se muito bem que o PT dividiu a nação até mesmo na questão linguística: quem falava a presidente claramente demonstrava que não compactuava com o PT; quem preferia a forma a presidenta mostrava na flexão sua simpatia pela Dilma e pelo dilmês.

A era PT foi, de seu início até seu último dia, um verdadeiro golpe a nossa amada língua portuguesa. Data histórica: no dia 31 de agosto de 2016 tivemos um golpe contra as leis, contra a gramática, contra a lógica, contra a nação; enfim, foi um golpe contra a verdade.

* Antonio Pinho é mestre em Linguística e professor de Língua Portuguesa.

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