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O principal ativo de Bolsonaro
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Por que Jair Bolsonaro desponta como um dos favoritos para as eleições de 2018? São vários aspectos. Já gravei um vídeo, que teve grande repercussão, falando que foi a esquerda caviar que pariu uma candidatura competitiva de Bolsonaro, justamente uma reação a toda essa agenda “progressista” que ninguém razoável aguenta mais.

Há também a questão ética: em meio aos infindáveis escândalos da Lava Jato, Bolsonaro sobrevive imune a suspeitas de corrupção. Por isso mesmo ele é xingado de tudo, até de nazista, menos de corrupto. O povo, cansado de tantos safados, busca alguém correto, percebido como “incorruptível”.

Mas isso, por si só, não explica o fenômeno. Afinal, os socialistas do PSOL, por não terem sido governo ainda (ao menos não oficialmente, já que eram linha-auxliar do PT), também estão livres dos escândalos da Lava Jato, mas não seduzem o povão (no máximo a turma alienada dos bairros nobres que adora o socialismo, de longe).

Ser visto como um “outsider” contra o establishment é crucial e ajuda bastante o deputado, apesar de estar em seu sétimo mandato e ter os filhos também na política. A família Bolsonaro vive da política, mas não representa a patota da elite no poder. Eis outro ponto favorável.

Mas existe algo mais no ar, sem dúvida, que tem sido chamado de “onda conservadora” pelos esquerdistas apavorados. E a principal bandeira desses “movimentos de direita” não é tanto na área econômica, como gostariam os liberais. Privatizar e reduzir a intervenção do estado são sim coisas muito importantes, mas apenas com essa mensagem nenhum candidato vai muito longe.

O grande tema, a prioridade de quase todos os brasileiros hoje, chama-se segurança. E é aí que Bolsonaro se destaca, num país com mais de 60 mil assassinatos por ano e uma elite presa numa bolha que tem outras causas bem menos relevantes como prioridade, ou então que trata marginal como vítima no “país dos coitadinhos”. E o povo cansou disso. Aplaude, portanto, quando Bolsonaro faz comentários desta natureza:

Essas mensagens ecoam forte no coração de milhões de brasileiros, vítimas de marginais, reféns em suas próprias casas, com medo de sair na rua. Endurecer com bandidos, reduzir a maioridade penal, aumentar as punições, investir em prisões em vez de fazer discurso bonitinho de que “educação” resolve: eis o que o grosso da população quer ouvir.

A ausência de convicções liberais na área econômica é o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, sem dúvida, mas isso pode ter solução. E o deputado já demonstra humildade ao assumir que não entende muito do assunto, e se cercar de gente boa e séria, além de liberal, como Adolfo Sacshida, economista do Ipea e colunista do Instituto Liberal.

Acertando essa parte, suavizando um pouco a imagem de “tosco”, mas mantendo a firmeza contra o establishment politicamente correto, a dureza contra comunistas e bandidos em geral, e a genuinidade de alguém de fora desse sistema apodrecido e “fake”, não resta dúvida de que a candidatura de Bolsonaro é mesmo competitiva.

Em minha opinião, bem mais do que a de algum “outsider” que tente bancar o “isentão” acima da disputa entre esquerda e direita, mas que represente justamente todo o pacote “progressista” à esquerda, fazendo apenas algumas concessões na área econômica. O povo brasileiro não chegou ainda ao lema “bandido bom é bandido morto” em sua maioria, mas está quase lá. É o resultado inevitável do caos criado pela esquerda ao longo de décadas.

Rodrigo Constantino

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