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Desde que jogou a toalha e desistiu de negar as acusações da Lava-Jato, a Odebrecht, maior empreiteira do Brasil, confessou crimes de arrepiar. Na toada de ilegalidades, acabou aceitando até embrenhar-se, literalmente, na selva do crime. A empreiteira deu dinheiro às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) durante os últimos vinte anos em troca de “permissão” para atuar nos territórios dominados por elas. Os pagamentos, que começaram a ser efetuados nos anos 1990 e variavam de 50.000 a 100.000 dólares por mês, foram informados à Procuradoria-Geral da República. Não é uma ilegalidade semelhante ao pagamento feito a políticos, mas também não se trata de uma atividade limpa.

É um espanto! Claro que é preciso levar em conta, aqui, o fato de que os marginais das Farc atuam como uma espécie de “estado paralelo” em determinadas regiões que controlam, e qualquer um que quiser fazer algum negócio ali terá de pagar “imposto”, ou seja, propina. É como nas favelas dominadas pelo tráfico de drogas: o pequeno comerciante precisa pagar uma “taxa de proteção”, que ele paga ao próprio agressor em potencial.

Todos que param os carros pelas ruas cariocas e precisam desembolsar uma graninha para o “flanelinha” entendem o conceito: você paga ao próprio sujeito que ameaça sua propriedade. Na Rússia, após a queda do comunismo, as (outras) máfias tomaram conta do pedaço e cobravam até 30% do faturamento para garantir a proteção dos empresários contra elas mesmas ou concorrentes (eram menos gulosas do que nosso governo, que cobra 40% e não entrega nada em troca, nem a tal proteção).

Ainda assim, não deixa de ser espantoso constatar como a maior empresa do Brasil financiava não só o PT como as Farc, e sem dúvida o MST, o filhote das Farb, devia levar algum também. Alexandre Borges comentou: “Aquilo que chamam de ‘elite’ no Brasil financiou o PT e as FARC, mas vai explicar isso para quem acha que ser empresário e ser de direita é a mesma coisa”. Não é, óbvio. As “elites” financiam aqueles que pretendem destruí-las com o comunismo. Vendem a corda que será usada para enforcá-las.

Associar automaticamente grandes empresários ao capitalismo, ainda mais em sua versão liberal pregada pelo liberalismo, é uma estupidez total. O que mais tem por aí é grande empresário bancando um estado inchado e intervencionista, ou inimigos do liberalismo na guerra cultural. Os motivos são vários: culpa, sensação de superioridade moral, puro interesse (já que o estado inchado muitas vezes beneficia essas grandes empresas) e pragmatismo para fazer negócios.

Não há compromisso direto entre ser empresário e defender o livre mercado. Muitos empresários querem inclusive um governo pró-negócios (seus negócios), mas não necessariamente pró-mercado (a favor da livre concorrência). Quando a esquerda socialista, portanto, insiste em demonizar as “elites” em seus discursos, especialmente as elites financeiras, o leitor deve ficar atento para a farsa. Como vimos no caso de Soros, o bilionário especulador, essa turma não tem problema algum em encher o bolso com o vil metal dos capitalistas amorais.

Para os comunistas das Farc, como para os petistas, o que importa é quanto vai pingar, não quem vai pagar. A fonte dos recursos é o de menos: pode ser o tráfico de drogas internacional, ou as obras superfaturadas pagas pelo governo. Só o destino final da grana interessa: o projeto de poder dos próprios comunistas, enriquecendo alguns líderes no processo já que ninguém é de ferro – menos ainda esses “abnegados” revolucionários.

Rodrigo Constantino

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