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Planos de saúde cada vez mais controlados pelo governo
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Fonte: G1

Planos de saúde serão obrigados a incluir 87 novos procedimentos, incluindo 37 medicamentos orais contra o câncer:

A medida foi anunciada em outubro peloMinistério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

De acordo com o governo, a principal vantagem da garantia dos remédios via oral para o câncer é que parte dos pacientes poderá ser tratada em casa, sem ter de ir a clínicas e hospitais, minimizando riscos e infecções.

Esta é a primeira vez que os planos de saúde terão de cobrir o custo de medicamentos usados de forma oral no combate ao câncer.

Os remédios que terão de ser assegurados aos clientes das operadoras de saúde servem para 54 indicações de tratamentos contra a doença – o remédio Vinorelbina, por exemplo, é indicado para o tratamento do câncer de mama e de pulmão.

Quem já recebe o remédio ou tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) poderá escolher em continuar com o governo ou optar a ser coberto pelo plano.

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A iniciativa vai beneficiar cerca de 42,5 milhões de pessoas que contrataram planos de saúde e assistência médica depois do dia 1º de janeiro de 1999 e os beneficiários de adaptações à Lei 9.656/98, segundo o governo.

Quem tem plano odontológico (aproximadamente 18,7 milhões de consumidores no país) também vai ser beneficiado com a inclusão de procedimentos da área.

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Logo após o anúncio do governo, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que reúne 31 operadoras de planos de saúde,  informou que a medida anunciada pelo ministério e pela ANS provoca “impactos financeiros representativos, que não podem ser medidos previamente, mas apenas com o acompanhamento da execução dos novos procedimentos, principalmente em relação a medidas mais abrangentes, como a inclusão de medicamentos orais contra o câncer para uso em domicílio”.

De acordo com a federação, com a incorporação de novas coberturas aos planos de saúde a previsão é de “crescimento das despesas assistenciais das operadoras de saúde, e os recursos que mantêm os planos vêm das mensalidades pagas pelos beneficiários”.

“A inflação médica no Brasil, incrementada pela ampliação das coberturas do Rol, aumenta a distância entre os custos assistenciais das operadoras de saúde e a inflação geral de preços, que serve de referência para o orçamento de famílias e empresas”, diz a nota.

Esse é o tipo de notícia importante para dar algumas lições básicas de economia, tão ignoradas pelo povo brasileiro. Quase todos que leem esse tipo de notícia aplaudem, tenho certeza. Afinal, a mentalidade vigente em nosso país é de total desconfiança para com a iniciativa privada e uma crença religiosa e messiânica no papel regulador do estado.

Além disso, quase ninguém liga para uma expressão chata como “custo de oportunidade”. A “reflexão” fica restrita ao primeiro ponto apenas: várias pessoas serão beneficiadas com a medida. Poucos chegam ao segundo passo: qual o custo disso? Quem paga a conta? O que não se vê de imediato…

Por mexer com saúde, o tema é ainda mais delicado. Somos daqueles que gostam de repetir frases sensacionalistas de efeito, como “saúde não preço” ou “uma vida vale mais do que todo o lucro dessas empresas”. Falso. Saúde tem preço sim, e custa muito caro. Se for “gratuita”, então, oferecida pelo estado, custa os olhos da cara!

Como os recursos são escassos, claro que destinar recursos para uma finalidade limita o uso para outra. Quando o governo obriga os planos a oferecer mais e mais produtos e serviços, claro que alguém terá de pagar essa conta. É a visão coletivista e socialista que predomina no Brasil, sem ligar para esses “detalhes” levantados por “neoliberais” chatos e insensíveis…

Pois bem: um plano de saúde deveria ser algo bem “tailor made”, ou seja, dependendo da quantidade de garantias oferecidas e do perfil do cliente, o preço deveria variar bastante. Tais escolhas dependem de vários critérios, entre eles a tolerância ao risco, o estilo de vida, a idade, os antecedentes, a genética etc.

A grande maioria das pessoas optaria, creio eu, por um seguro de saúde, como fazemos com nossos carros. Ou seja, pagaríamos um prêmio para o caso de sinistros, mas não para o dia a dia. Sabemos que vamos gastar dinheiro com a manutenção dos carros, e nos preparamos para isso.

Quando o governo obriga os planos a bancar consultas médicas rotineiras, por exemplo, ele distorce o mercado e estimula o abuso por parte dos clientes. Reembolso para uma “manutenção” previsível não faz muito sentido. Claro que o preço (prêmio) desse “seguro” será bem maior se ele tiver que cobrir esse tipo de coisa.

Acrescente psicólogo, tratamentos estéticos, centenas de remédios avançados para todo tipo de doença, e imponha um pacote tamanho único ao mercado, e obviamente o custo será muito maior do que muitos aceitariam. Não surpreende, portanto, que quase não tenhamos mais planos individuais, e que todos façam planos pela empresa, como se isso não subtraísse igualmente dos nossos salários (apenas não vemos ou sentimos da mesma forma).

Outro efeito do intervencionismo excessivo do governo é a concentração no setor. Planos menores não conseguem competir oferecendo soluções mais baratas e simples, pois o governo não permite. Logo, claro que apenas os grandes grupos conseguem sobreviver para atender tantas exigências “nobres” do governo. Com menos concorrência, os preços tendem a subir. O governo, depois, controla os preços também, com mais intervencionismo e menos liberdade.

Há intervenção estatal demais no setor. Os planos de saúde gozam de cada vez menos liberdade para oferecer produtos especializados caso a caso, de acordo com a demanda real dos seus clientes. Como resultado, temos produtos cada vez menos eficientes, mais padronizados, e muito mais caros.

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