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Populismo estatizante: nosso maior inimigo que precisa ser definitivamente enterrado
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Sempre admirei a capacidade de Carlos Alberto Sardenberg para escrever textos didáticos, daqueles que até um adolescente, ou melhor, até um petista é capaz de compreender. Hoje ele não nos decepcionou. Sua coluna é um desmonte minucioso da falácia estatizante dos populistas, que sempre defenderam a tese de que as empresas nos setores “estratégicos” precisam permanecer estatais para o bem do povo. Sardenberg detona essa mentalidade atrasada com uma calma louvável. Seguem alguns trechos:

[…] as estatais deveriam ser administradas pelos quadros partidários, pelos companheiros, para que fossem encaminhadas na direção correta.

Essa direção era: ampliar as atividades e o alcance das estatais; objetivos políticos e sociais eram mais importantes que lucros ou valor de mercado; comprar e contratar no mercado nacional, mesmo que a preços mais caros.

Fizeram isso, com requintes de populismo, como o de entregar a administração de recursos humanos da Petrobras a representantes dos sindicatos de petroleiros.

Quebraram a estatal. Vamos falar francamente: a Petrobras só não está em pedido de recuperação judicial porque é estatal. Todo mundo espera que, em algum momento, o governo imprima dinheiro para capitalizar a empresa.

A companhia tem problemas em todos os lados, inclusive de excesso de pessoal e de pessoal mais bem remunerado que no mercado. (Aliás, a ideia era exatamente essa).

A Petrobras não quebrou apenas por corrupção. A causa maior é a péssima administração, consequência daqueles “princípios” estatistas.

[…]

Esse é o grande risco que corremos. O modelo populista está errado, a doutrina estatista é origem do fracasso. Nem um gênio da gestão empresarial conseguiria evitar o desastre da Petrobras nesse processo em que foi lançada por Lula.

[…]

A tristeza disso é que os governos Lula/Dilma estragaram o que estava pronto e funcionando. O que traz um certo ânimo é que sabemos o que precisa fazer: é só repetir a combinação privatização/profissionalização/equilíbrio das contas públicas.

O país já havia conseguido enterrar o populismo estatizante. Ressuscitou. Agora é preciso corrigir o desastre e colocar esse populismo numa cova bem profunda, em algum cemitério privado, claro.

Mas como prova de que essa mentalidade populista estatizante continua bem viva, há bem ao lado outro artigo, de Jorge Bittar, justificando as “conquistas” da Telebrás, ressuscitada pelo governo petista para a alegria geral dos seus comparsas e desespero dos consumidores e pagadores de impostos. Bittar, presidente da estatal, rebate artigo de Elena Landau, ignorando os enormes prejuízos no balanço da empresa, pois sua “função social” estaria muito acima disso. Diz ele:

A despeito de ter apresentado prejuízo no balanço de 2015, a Telebras dobrou seu faturamento com relação ao exercício anterior e continua o seu caminho rumo à sustentabilidade econômica, sem se descuidar da sua missão de governo, que é a de exercer papel complementar ao setor privado, oferecendo serviços de banda larga a provedores locais em regiões e populações precariamente ou não atendidas, contribuindo para a redução dos preços dentro do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).

Sustentabilidade econômica só porque ele quer! No mais, eis algo que jamais veremos um estatizante comentar: o custo de oportunidade. Eles falam apenas das “conquistas” das estatais, sem levar em conta como seria se essa montanha de recursos fosse investida pela iniciativa privada ou se houvesse mais concorrência nesses setores. Você pode apresentar vários resultados “interessantes”, a um custo dez vezes maior do que seria necessário pelo setor privado para fazer a mesma coisa, por exemplo. O populista vai vibrar apenas com aquilo que se vê, ignorando aquilo que não se vê.

O populismo estatizante é nosso maior inimigo. O PT foi seu símbolo maior, mas a coisa está, infelizmente, mais enraizada do que gostaríamos. Sai o PT e o populismo continua. Quantas pessoas daqueles milhões que foram às ruas pedir o impeachment defendem a privatização da Petrobras, da Caixa e do Banco do Brasil? Uma parcela pequena ainda. E enquanto isso não mudar, sempre correremos o risco de populistas meterem suas garras nas estatais para transformá-las em instrumentos de megalomania pessoal, desvio de recursos, cabides de emprego etc, tudo ao alto custo dos nossos impostos.

Rodrigo Constantino

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