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Meus leitores estão cansados de saber que defendo um corte drástico dos gastos públicos, possível apenas por meio de uma completa reforma liberal do estado, caso contrário teremos um futuro trágico como o argentino ou o grego. Dois artigos publicados hoje levam a essa mesma conclusão.

O primeiro deles, de Nelson Paes Leme, publicado no GLOBO, argumenta em prol da necessidade de uma “perestroika” brasileira. O autor compara nossa situação com a da União Soviética, dominada pelos burocratas do estado. O empobrecimento do povo foi espantoso, e o fracasso econômico acabou pressionando por mudanças políticas.

A reconstrução contaria com a desmontagem de parte do aparato burocrático, do “gigantesco estamento tecnoburocrático que diria a URSS”. Para Paes Leme, “Se os brasileiros não se unirem corajosa e consistentemente para tentar reverter com vigor esse quadro e promover a nossa própria perestroika, certamente o futuro será muito pior do que se imagina”. Diz ele:

O que está em jogo no Brasil de hoje é a reconstrução literal e completa do Estado brasileiro e sua verdadeira inserção no século XXI. Ou continuamos com o gigantismo estatal sufocante na economia e com o bolivarianismo retrógrado na política, representados por essa visão atrasada de luta de classes, ou partimos para um Estado moderno, leve, fiscalizador, vigoroso e pouco intervencionista, antídoto do populismo, do clientelismo, do paternalismo das “bolsas” e das esmolas públicas, antônimos da criatividade, do empreendedorismo e da verdadeira independência econômica. Necessitamos, isto sim, de um Estado probo e ágil, inserido na economia global que prestigie a ação diplomática nos organismos internacionais e nos grandes fóruns multilaterais. Estes são os verdadeiros agentes a retirar-nos da pobreza endêmica.

O autor, que é cientista político, está pessimista com os próximos três anos, pois considera inevitável andarmos em marcha a ré enquanto o PT estiver no poder. O partido, afinal, tem uma visão retrógrada do papel do estado, uma visão de mundo do século passado, além de ser mentiroso ao extremo e estar disposto a “fazer o diabo” para ficar no poder.

Já o segundo artigo, de Antonio Gavazzoni, publicado na Folha, fala o naufrágio das contas públicas em curso no país hoje, comparando-o com o Titanic. O foco é a Previdência Social, que é o maior dreno dos recursos públicos, mesmo em um país com população ainda jovem. Se mantivermos a rota atual, evitando as reformas, “vamos bater a afundar”. Diz o autor:

Quando a notícia do grande naufrágio do século 20 correu o mundo, as pessoas se espantaram. Como o mais moderno navio do seu tempo não oferecia as condições de segurança esperadas aos passageiros? Nossa Previdência também não oferece. A vantagem é que ainda podemos nos ajustar. Haverá tragédia, e das grandes, somente se insistirmos em fingir que está tudo bem.

Na esfera federal, o deficit da Previdência projetado para 2015 é de R$ 72,8 bilhões, 28,4% maior do que o de 2014. A União gasta com Previdência cinco vezes mais do que com educação e saúde.

Essa desproporção tende a aumentar. Em 2050, o Brasil terá três vezes mais idosos do que tem hoje. Lembremos: a crise de 2008 na Europa teve origem na Previdência grega, cujos números eram melhores do que os do Brasil atual.

Ou se muda o sistema, ou todos vão afundar juntos. Alguém tem que ceder. “Como países não dispõem de bote salva-vidas, se não nos mexermos juntos para enfrentar o desafio das contas públicas, ninguém vai se salvar”, conclui o autor, que é advogado e secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina. O nosso modelo previdenciário é cheio de privilégios, de brechas, e mais parece um esquema de pirâmide Ponzi, ao dissociar totalmente o que foi poupado por cada indivíduo ao longo da vida e sua aposentadoria.

Em suma, ou lutamos o mais rápido possível para realizar mudanças estruturais em nosso estado, cortar gastos públicos de verdade, adotar reformas liberais que abram de vez nossa economia e reduzam a intervenção estatal, ou teremos um destino parecido com o Titanic. Não é alarmismo ou coisa de Pessimildo, que, aliás, só estava errado na campanha por ser otimista demais com o governo Dilma. A situação é muito séria. Ou fazemos algo nos próximos anos, ou o sofrimento será enorme à frente, e inevitável.

Rodrigo Constantino

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