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A preguiça mental como fator de atração ao esquerdismo “lacrador”
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Muitos, com razão, apontam para a estratégia de Gramsci ao constatar o elevado grau de esquerdismo nas universidades e redações de jornais do país. De fato, isso acontece mesmo. Mas há outro fator, muitas vezes negligenciado, que pode ser tão importante quanto a deliberada ocupação por revolucionários, por “agentes orgânicos” da causa: a pura preguiça.

O filósofo Luiz Felipe Pondé, que transita nesse meio acadêmico, já escreveu sobre isso mais de uma vez. O acadêmico preguiçoso não precisa estudar muito para subir na carreira: basta ele prestar homenagens aos gurus marxistas. Torna-se um jogo de cartas marcadas, em que os mais prostituíveis se destacam, ao bajular aqueles no comando, quase todos socialistas. Vira um círculo vicioso.

Imaginem o professor que precisa ensinar a língua portuguesa correta, ou matemática. Isso dá muito trabalho! Agora, atacar Bolsonaro de “fascista” e gritar “Lula Livre” até uma hiena consegue fazer! A preguiça leva muita gente à ideologia de esquerda, pois ela serve como um escudo protetor para sua ignorância. Lembrei disso ao comentar o caso da “estudante” de jornalismo que não sabia sequer a capital do Paraná ou quem tinha escrito a primeira carta ao reino de Portugal após a descoberta do Brasil.

Entre as vinte origens do fenômeno da esquerda caviar, que descrevi no meu livro homônimo, consta uma que é justamente sobre isso: a preguiça mental. Segue o capítulo:

A preguiça também atrai muitos à esquerda festiva. Não é preciso estudar a fundo, pesquisar, refletir e pensar sobre como resolver de verdade os problemas. Basta aderir a um grupo, repetir meia dúzia de slogans bonitos e usar palavras mágicas como “justiça social”, “tolerância”, “diversidade”, “sustentabilidade” e “paz” que você automaticamente ganha o respeito de muitos bobalhões e posa como alguém cheio de opiniões sobre os mais variados assuntos.

O ex-comunista Arnaldo Jabor assumiu, sobre sua luta de juventude: “Era uma vingança contra traumas familiares, humilhações, pequenos fracassos. Era também uma mão-na-roda para justificar a nossa ignorância – não, pois não precisávamos estudar nada profundamente, por sermos a ‘favor’ do bem e da justiça”.

A esquerda caviar está repleta de filósofos de botequim, que fazem aquelas leituras rápidas de como aprender sobre um pensador profundo em trinta minutos. São também devoradores de orelhas de livros. Depois, com o típico ar professoral da turma, ligam a metralhadora giratória de verborragia, de citações vazias, mas embaladas em mantos de sabedoria, e pronto: assunto encerrado; podem bancar os superiores na roda do grupo.

O filme Para Roma com amor, de Woody Allen, satirizou esse tipo na personagem de Ellen Page, uma jovem sedutora meio maluquinha e rebelde, que adora repetir algumas frases de poetas e escritores para impressionar os outros. Profundidade que é bom, nada! Se essas frases forem citadas em francês então, é a garantia da boa imagem de intelectual culto e humanista. “Reparem como o sujeito que fala em francês e pensa em francês toma ares de gênio e de infalibilidade”, alfinetou o sempre atento Nelson Rodrigues.

O que você acha sobre o impacto dos gastos públicos na taxa de juros de longo prazo? “Sou pela justiça social, meu amigo”. E o que você faria em relação ao problema da imigração e do subemprego dos imigrantes em uma sociedade de bem-estar social com impostos cada vez maiores? “Sou pela diversidade, meu chapa”. Como você acha que a ameaça terrorista deveria ser enfrentada? “Paz e amor, brother”.

Não existe maneira mais rápida e fácil de comprar um pacote pronto e completo de “soluções” para todos os males do mundo do que ingressar na esquerda caviar. Os artistas serão seus aliados, os intelectuais vão defender bandeiras iguais, e a grande imprensa vai acompanhar seus gritos nobres por justiça e paz. Qualquer um pode repetir esses chavões, até mesmo o mais idiota dos idiotas.

Muitos jovens usam camisetas com a foto de Che Guevara estampada. Isso, na cabeça deles, basta para colocá-los como “críticos do sistema”. Mal sabem que Che pensava que o jovem, em particular, devia aprender a “pensar e agir não por si, mas como parte da massa”. Os que escolhiam o próprio caminho, de forma independente, eram apontados como párias e delinquentes sem valor.

Em um discurso famoso, Che prometia “fazer sumir da nação a praga do individualismo!” Para ele, era criminoso pensar como indivíduo (como se existisse algum pensamento que não o individual). Melhor coletar alguns slogans em panfletos comunistas. Receita perfeita para quem tem preguiça de pensar.

Pensar dá muito trabalho. Estudar, mais ainda. Aprender sobre a realidade exige esforço e tempo, coisas cada vez mais raras no mundo moderno. Aquele que deseja seguir com sua vida, focando em seus verdadeiros interesses, e ao mesmo tempo sair bem na foto, como uma alma engajada e socialmente preocupada, encontra no esquerdismo um atalho fascinante e tentador.

O sujeito pega sua viola, acende seu cigarro de maconha, canta músicas românticas de Lennon e Bob Dylan, e jura para si mesmo que fez mais pela humanidade do que os empreendedores capitalistas que arriscam suas economias em empreitadas que produzem riqueza e empregos à sociedade. Garçom, mais uma cerveja!

Rodrigo Constantino

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