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Desde que a propaganda do presunto Luis Augusto, divulgada pela Sadia, ganhou as redes de televisão, a vida de pelo menos dois Luis Augusto mudou. Os moradores de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, alegam que passaram a ser motivo de chacota na rua e ganharam o apelido de “presuntinho” – que, para eles, não é nada carinhoso. Por causa disso, eles entraram com uma ação de indenização contra a Sadia por danos morais. Além da retirada imediata da propaganda, eles pedem R$ 30 mil cada.

Pai de dois filhos, o despachante Luiz Augusto Ribeiro, de 45 anos, reclama que até seu filho passou a ser alvo de piadas na escola.

– Brincaram com meu filho dizendo que ele era o filho do “presuntão”. Daqui a pouco estão chamando a minha mulher de queijinho. Isso não se faz com ninguém. Toda vez que veiculam essa propaganda estão denegrindo o nosso nome – reclama Luiz Augusto.

Já o comerciante Luis Augusto Mascarenhas, de 42 anos, revelou que tem enfrentado comentários maldosos.

– Depois que começou a propaganda na televisão, eu não tive mais sossego. Toda hora, todo instante, vem alguém me chamando de presuntinho. Fazendo piadas com capa de gordura do presunto. Eu até levo na esportiva, mas é chato, é constrangedor. Por isso, resolvi entrar com a ação também. Dar um basta nessa situação.

A notícia pode parecer ridícula, e é. Mas retrata bem o sintoma de uma era doente, em que a geração mimimi resolveu acreditar que tem o direito de não se sentir mais ofendida por nada. As piadas estão ameaçadas, a menos que sejam politicamente corretas, ou seja, sem graça. Tudo parece confinado à visão de mundo pequena, limitada dessa gente chorona.

Podemos pensar em várias propagandas antigas com nomes próprios que acabaram se tornando famosos depois. Temos as camisas engomadas de Fernandinho, o papel higiênico do Alfredo, e até a Lei de Gérson, inspirada num antigo comercial de cigarros.

O que leva um sujeito a ir para a Justiça brigar por uma coisa dessas? Pode ser, claro, o simples oportunismo, a “malandragem”, a vontade de se dar bem com pouco esforço, ou seja, a velha Lei de Gérson. Mas um ato patético desses não seria sequer pensado se não vivêssemos em tempos estranhos, muito estranhos.

E é esse fenômeno maior que me interessa aqui. O mimimi dos “ofendidos” tem ligação direta com a “marcha dos oprimidos” e a “revolução das vítimas” que venho denunciando faz tempo. No rol das “minorias oprimidas”, apenas acrescentamos agora aqueles que se chamam Luis Augusto. Os “presuntinhos” que querem tirar uma cascalho da Sadia…

Rodrigo Constantino

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