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PT defende bandidos e FHC sobe o tom
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A posse do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, como presidente do diretório estadual do PT no Rio transformou-se num desagravo aos três principais condenados do partido no julgamento do mensalão: José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. Todos os discursos da mesa principal, do próprio Quaquá à deputada Benedita da Silva, representante da bancada federal na solenidade, mencionaram a solidariedade aos companheiros petistas presos e a “injustiça” do julgamento no STF. O rompimento com o governo Cabral também esteve na pauta do dia. A candidatura própria do senador Lindbergh Farias foi exaltada em todos os pronunciamentos, apesar da conspícua ausência do senador (Benedita foi no lugar dele). Segundo Marcelo Sereno, vice-presidente da executiva estadual e braço direito de José Dirceu no Rio, Lindbergh não compareceu à posse de Quaquá por estar numa caravana em Piraí e Valença, no interior do estado.

Quaquá, para quem não lembra, está sendo acusado de crime de improbidade administrativa e distribuição indevida de dinheiro a eleitores e correligionários. No PT é assim: aqueles envolvidos em escândalos acabam promovidos, e aqueles julgados e condenados pelo STF, já presos, viram “heróis”. Trata-se de um partido conivente com o crime, que adota a velha máxima comunista de que os fins justificam os meios.

Já FHC resolveu subir um pouco o tom em sua coluna de hoje. O título já chama a atenção: “Sinais alarmantes”. O tucano está, finalmente!, bastante preocupado com os rumos institucionais do Brasil. Demorou muito a acordar, pois quem não lembra de sua emoção ao passar a faixa presidencial ao “metalúrgico”? A postura do PSDB tem sido acovardada, tímida, quando não negligente diante do risco petista. Está mais do que na hora de virar oposição de verdade!

Parece que, aos poucos, a ficha foi caindo para o ex-presidente. Seguem alguns trechos, que ainda pecam pelo excessivo refinamento da linguagem (o PSDB precisa levar essa mensagem para o público menos esclarecido também):

Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff… Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. “Estamos juntos”, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao País, o que dizer?

[…]

É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencerem à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém fosse compatível com a democracia. Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos francos: estamos berrando pouco.

[…]

A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

Pois é. Resta saber aonde estava essa oposição em 2005! Ou durante todo esse avanço do lulopetismo na máquina estatal. O Brasil tem um partido no poder que considera criminosos “heróis”, e uma oposição que não faz oposição de verdade. Sem dúvida, sinais muito alarmantes! Até quando?

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