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Quais são as reservas cambiais verdadeiras do Brasil?
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Muitos analistas e jornalistas têm repetido que o Brasil se encontra em uma situação confortável nessa crise de emergentes, basicamente citando o enorme colchão de reservas cambiais acumuladas pelo país. Chegam a US$ 376 bilhões, o que daria grande tranquilidade para atravessar águas turbulentas.

Pouca atenção tem sido dada ao fato de que o Banco Central vem realizando “swaps” cambiais há meses, o que compromete reserva futura. Estima-se em mais de US$ 80 bilhões já “swapados”, ou seja, isso é dinheiro que eventualmente sairá das nossas reservas. Não é possível viver de “swaps” para sempre, pois ele representa um compromisso de venda de dólar no futuro.

Portanto, fazendo tal ajuste, as reservas reais estariam abaixo de US$ 300 bilhões. Ainda é um patamar razoável, e a decisão de manter uma reserva elevada nem é trivial, uma vez que custa muito caro (rende a taxa básica de juros dos Estados Unidos, que é muito baixa, enquanto nosso governo capta pagando muito mais).

Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg

A linha branca no gráfico acima mostra o nível ajustado de reservas. Notem que mesmo o valor cheio parou de subir desde meados de 2012. Mas, considerando todo o volume de “swap” feito pelo BC, as reservas reais estariam mais perto do nível do começo de 2011.

Todo esse esforço, vale notar, não segurou a taxa de câmbio. O dólar continuou se valorizando, menos do que seria o natural, mas ainda assim continua em sua trajetória de alta frente ao real.

Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg

Ninguém tem como dizer qual seria a taxa de câmbio de “equilíbrio”, ou “justa”, pois isso não existe. A taxa de câmbio é um preço que deveria ser definido pelo próprio mercado.

Alguns nacional-desenvolvimentistas acreditam que basta desvalorizar a moeda artificialmente para produzir crescimento via indústria, mas ignoram que o cobertor é curto. Logo a desvalorização cambial bate na inflação, afetando a economia como um todo.

Não há como saber o desenrolar dos acontecimentos dessa crise de emergentes, agravada pela gradativa redução de estímulos monetários por parte do Fed, o banco central americano. Mas uma coisa é certa: o principal argumento que muitos têm citado para passar confiança na economia brasileira é mais frágil do que parece. Nossa reserva cambial já está uns 20% abaixo do nível oficial, e quase ninguém fala disso…

Rodrigo Constantino

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