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A quem o preço baixo do petróleo incomoda?
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O Irã apoia a decisão de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de países de fora do grupo de manter um teto na produção, disse nesta quarta-feira o ministro iraniano de Petróleo, Bijan Zanganeh, segundo a agência de notícias oficial Shana.

O ministro se pronunciou após encontrar-se com os colegas ministros de outros três países produtores — Iraque, Venezuela e Qatar — para discutir a proposta de congelar a produção global nos níveis registrados em janeiro.

Contudo, as declarações divulgadas pela agência não deixaram claro se o próprio Irã pretende limitar sua produção aos níveis de janeiro, como os dois maiores produtores mundiais, Arábia Saudita e Rússia, anunciaram na véspera.

O Irã voltou ao mercado depois da recente suspensão das sanções internacionais impostas pelas grandes potências contra seu programa nuclear e já anunciou sua intenção de aumentar a extração de petróleo.

A iniciativa dos gigantes da produção petrolífera, que prevê manter os níveis de produção nos níveis de janeiro, também está condicionada a que outros grandes produtores se somem a ela. Os países da Opep e os que não são membros do cartel, como a Rússia, decidiram manter contatos intensivos para implementar o acordo, disse Saleh.

É engraçado ver “especialistas” por aí tratando como a coisa mais normal do mundo uma decisão de um CARTEL para impedir a queda de um produto. Até a última vez que chequei, cartelização era crime. Ou seja, se empresas fazem conluio para impedir a entrada de novos concorrentes e preservar o preço artificialmente elevado, isso será punido. O CADE existe por conta desse receio, inclusive. E desde postos de gasolina até siderúrgicas já tiveram problemas na Justiça por acusação de cartel.

Mas eis que muitos encaram com a maior naturalidade o que a Opep faz, esquecendo se tratar, simplesmente, do maior cartel do mundo. Aliás, prova irrefutável de que cartéis sobrevivem graças aos estados intervencionistas, e não são culpa do livre mercado, como os “professores” esquerdistas ensinam aos seus pobres alunos. Está aí a prova: governos se mancomunando para impedir a queda do preço de um importante produto.

Mas pergunto: quem se incomoda com a queda do petróleo? Ele não é um dos insumos mais básicos da era industrializada? Logo, a queda de seu preço beneficia milhões de empresas e consumidores pelo mundo todo. Quem perde? Os governos corruptos exportadores de petróleo, claro, assim como algumas empresas privadas que atuam no ramo de exploração. Faz parte de qualquer negócio ter preço flutuante, ora bolas!

Se os Estados Unidos passam por uma revolução tecnológica no setor energético, tendo dobrado sua produção, e se o Irã está de volta ao mercado, com a retirada das sanções, claro que o preço tem de cair. Se a China está desacelerando, isso também exerce pressão sobre o preço. E se a Arábia Saudita tem custo de extração menor, que venda mais por menos, pois todos os compradores agradecem.

Com um petróleo a $100 por barril, quem ganha são governos corruptos, basicamente. Foi isso que ajudou a explicar a tragédia venezuelana desde Hugo Chávez, e o petrolão petista no Brasil. Se o petróleo for para baixo de $20, que bom! Isso significa que teremos combustível mais barato, custos menores para inúmeras indústrias, transporte mais acessível, etc. Algumas empresas vão lucrar menos e várias outras vão ganhar mais. Governos autoritários perdem, assim como os produtores de “energia alternativa”, essa turma que recebe rios de dinheiro de subsídios estatais achando que vai salvar o mundo com carros elétricos (mentira).

Se a Petrobras está quase quebrada e vai à falência de vez com preços mais baixos, isso é problema de seus acionistas, gente doida o suficiente para ser minoritário do governo petista. Lamento por Macaé e pelo Rio de Janeiro, com governo irresponsável e populista também (não por acaso aliado do PT), mas muitos outros vão ganhar com preços menores. Aqui nos Estados Unidos, onde há competição em vez do monopólio da Petrobras, eis o que acontece quando o petróleo cai:

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Ou seja, os postos atualizam os preços para baixo também, e o consumidor economiza dinheiro que pode ser poupado ou gasto com outras coisas. Numa gasolina de qualidade bem melhor do que a brasileira, o motorista paga $1,70 por galão, ou uns $0,45 por litro. Ao câmbio de R$ 4,00, isso significa apenas R$ 1,80 por litro. E você aí, feliz com a Petrobras porque, afinal, “o petróleo é nosso”.

Se no Brasil a queda do petróleo não chega ao consumidor final, isso é culpa exclusiva do governo, não do mercado. Achar bom que um cartel impeça o funcionamento do mercado para preservar o preço de um insumo básico artificialmente elevado é o fim da picada.

Rodrigo Constantino

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