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Rombo fiscal pode chegar a quase R$ 80 bilhões!
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Há quem ainda tente negar a gravidade da crise econômica brasileira, ou que repita, como a própria presidente Dilma, que ela é conjuntural, não estrutural, ou ainda que ela é fruto da perda do “espírito animal” dos investidores. Como se a aritmética não existisse! Como se 2 + 2 não fosse igual a 4! Como se as contas públicas não estivessem sofrendo uma hemorragia de verdade!

Pois bem: vejamos a capa do GLOBO de hoje, dando destaque a esse dado alarmante:

Traduzindo para leigos: o governo tem receitas de um lado, basicamente nossos impostos, e despesas do outro (entram aí as transferências “sociais”, a Previdência, o custeio da máquina inchada etc). O rombo fiscal é o saldo negativo de um menos o outro, sendo que isso não leva em conta o gasto com juros. Ou seja, estamos falando apenas de “superávit primário”, uma piada quando sabemos que juro também é gasto, precisa ser pago (a alternativa é o calote, com graves consequências).

O economista Adolfo Sachsida, do Ipea, fez uma análise nesses dias sobre a “curiosa meta fiscal para 2016”. Ela é sempre móvel, e nunca é atingida. Diz Sachsida:

No começo do ano a nova equipe econômica anunciou as metas de superávit primário para os anos de 2015 a 2018. Em 2015 a meta de superávit primário era de 1,2% do PIB, subindo para 2% do PIB de 2016 a 2018.

No meio do ano, o governo reviu sua própria previsão e estipulou uma meta de superávit primário de 0,15% do PIB para 2015, 0,7% em 2016, e 1,3% em 2017.

Em agosto nova surpresa. Dessa vez, o governo enviou ao Congresso Nacional um orçamento prevendo DÉFICIT primário de R$ 30,5 bilhões para o governo federal (isto é, um déficit primário de 0,5% do PIB). Menos de duas semanas depois o governo mudou de ideia novamente, e agora promete que, para 2016, obterá um superávit primário de 0,7% do PIB.

Apenas para relembrar a trajetória do superávit primário de 2016:
1) em janeiro era de 2% do PIB
2) em junho foi alterado para 0,7% do PIB
3) em agosto foi alterado novamente para um DÉFICIT de 0,5% do PIB
4) ainda em agosto foi novamente alterado para retornar ao superávit de 0,7% do PIB

Será que alguém ainda acredita nesse governo? Será que alguém ainda acredita nessas mentiras? Em 2015 o Brasil apresentará, pelo segundo ano consecutivo (pois em 2014 o governo central apresentou um déficit primário de R$ 20,4 bilhões), um déficit primário. Em 2016, se continuarmos na mesma letargia teremos outro déficit primário. Vexame atrás de vexame no gerenciamento das contas públicas.

O problema do Brasil não é conjuntural, é estrutural. Precisamos realizar as grandes reformas (previdenciária, administrativa, tributária, abertura econômica, etc.). Remendos pontuais infelizmente não funcionam mais. Ou enfrentamos os grandes desafios ou nossa economia irá colapsar no segundo semestre de 2016.

As contas públicas estão em frangalhos. Não apenas o governo federal, mas estados e municípios e diversas empresas estatais também estão em seu limite. Negar tal realidade terá um custo alto para o futuro de nosso país.

Pois é. Mas ainda há um monte de gente do lado de lá, inclusive no governo, negando essa dura realidade. E quando se nega a realidade de um vulcão em erupção bem à sua frente, a lava não desaparece por magia: ela torra o idiota esperançoso!

Rodrigo Constantino

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