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Se Lula é admirado pela esquerda, então seu problema não pode ser com a riqueza e a desigualdade
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A ascensão financeira da família Silva é impressionante. O pobre garoto nascido em Garanhuns, no interior de Pernambuco, chegou ao topo da hierarquia política nacional, mas isso, por si só, não enriquece ninguém. Só que Lula resolveu, após sair da Presidência, tornar-se um “empresário”, um “palestrante”, e foi assim que amealhou verdadeira fortuna. Sua empresa, segundo relatório de órgão de fiscalização do governo, faturou R$ 27 milhões em apenas quatro anos, sendo R$ 10 milhões de empresas envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.

Atentem para o número: Lula ganhava espantosos R$ 13 mil por minuto de palestra! Além disso, seus filhos também ficaram milionários. Um deles, que trabalhava num zoológico com salário baixo, vendeu uma empresa de tecnologia por milhões para a Telemar, interessada na época em uma mudança da Lei Geral de Telecomunicações para poder comprar a Brasil Telecom. Outro filho abriu uma empresa de eventos e, meses depois, já tinha faturado mais de 6 milhões de reais.

As evidências de corrupção, de influência de poder político, saltam aos olhos. Mas eis o foco desse artigo: mesmo supondo que essa riqueza toda foi conquistada de forma legal e legítima, premissa que parece absurda, por que a esquerda não se incomoda com o milionário Lula e com seus hábitos burgueses? Lula tem triplex em frente à praia, só circula de jatinhos particulares, bebe dos mais caros vinhos, ou seja, leva uma vida de magnata. Mas isso não incomoda a esquerda?

Fazer essa simples pergunta expõe uma verdade chocante: não é com a riqueza em si, tampouco com a tão falada desigualdade, que a esquerda de fato se incomoda. É com a forma com a qual a riqueza foi obtida, e com a retórica do milionário. Ou seja, se os milhões todos vêm de um empreendimento bem-sucedido, e se o rico não discursa em nome da igualdade, então ele é execrado pela esquerda, como se fosse um egoísta explorador.

Mas se ele é rico por negócios próximos do governo, e é um político ou empresário que fala em nome da igualdade e contra a ganância, mesmo que acumule fortuna para si e sua família, aí ele é respeitado e admirado pela mesma esquerda. Se a esquerda admira e respeita José Dirceu e Lula, ambos podres de rico, então fica claro que essa esquerda não ataca a riqueza e nem a desigualdade, pois sem dúvida os dois são ícones de uma enorme desigualdade social. Já viram a mansão de Dirceu em Brasília?

Uma reflexão sincera, portanto, vai revelar ao leitor o que parece estar por trás do discurso igualitário da esquerda: a inveja em relação aos que ficaram ricos por mérito próprio, e não se sentem culpados nem precisam discursar em prol da igualdade de forma hipócrita depois. A justificativa de que o lucro é exploração, mentalidade marxista, não se sustenta, pois alguém está realmente disposto a argumentar que um empreendedor que fica rico do nada oferecendo um produto desejado é um explorador, enquanto os “consultores” Dirceu e Lula são uns abnegados?

Quando o presidente da CUT, além de convocar seus companheiros às armas de forma criminosa, ataca a “burguesia” ao lado de Dilma, para defender o PT de Dirceu e Lula, como levar a sério tal bandeira? O homem ainda fez isso com sua camisa Lacoste, marca das mais caras que existem, tendo como público-alvo o típico “burguês mauricinho”. Qualquer pessoa com um pingo de honestidade intelectual irá concordar, então, que a esquerda não condena a riqueza e a desigualdade de fato, e sim os que ficaram ricos por mérito próprio no mercado, aqueles que sabem não dever sua fortuna ao governo.

Da próxima vez que o leitor se deparar com um esquerdista atacando os mais ricos e condenando a desigualdade, basta perguntar a ele se sua revolta é tão grande assim em relação ao PT, uma máquina de produção de milionários, ainda que pelos métodos errados e obscuros. Se ele engasgar, se mudar o assunto, então você saberá estar diante de alguém que finge condenar a desigualdade, mas que no fundo odeia apenas os ricos honestos, por pura inveja.

Rodrigo Constantino

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