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Sobre Eduardo Paes e o petismo – Parte III
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Por Bernardo Santoro, publicado no Instituto Liberal

Nota do editor: Este artigo faz parte de uma série em três partes, a ser publicada ao longo do dia, em que os autores expressam seus posicionamentos a respeito da relação entre Eduardo Paes e o petismo/lulismo. 

Meus amigos e Diretores do IL, Alexandre Borges e Paulo Figueiredo, escreveram dois pequenos textos, no entanto opostos, acerca da figura do prefeito Eduardo Paes e sua relação com o movimento político que convencionamos chamar de lulo-petismo.

De acordo com Alexandre Borges, a ala governista do PMDB está sendo moldada por Eduardo Paes, que passa a ser a cara desse PMDB alinhado com o lulo-petismo. Segundo ele, Eduardo Paes está sendo testado como o representante do chamado “capitalismo de compadres” que tomou conta do país, com a Olimpíada sendo apenas um reflexo menor disso. E temos que tomar muito cuidado para que Paes não seja o representante do lulo-petismo à presidência em 2018.

Paulo Figueiredo, por outro lado, tenta defender Eduardo Paes, mesmo avisando, de cara, que está cada vez mais difícil fazê-lo. Paulo argumenta que Eduardo Paes é um político puro, desapegado de qualquer ideologia, e que, portanto, não está atrelado ao PT e nem a ninguém, e que, assim como ele descartou o PSDB, descartará o PT assim que for conveniente a ele, já que, nesse momento, Dilma ainda é a presidente e, sem o dinheiro do Governo Federal, as obras que estão sendo realizadas no Rio param imediatamente. O fim das obras poderia significar, de acordo com Paulo, o fim da carreira de Paes. Paulo ainda diz que Paes é um trabalhador e gestor incansável, e votaria nele até mesmo contra Bolsonaro, apesar da sua admiração por este último.

Agora meterei o bedelho nessa discussão para balizar o debate entre ambos.

A mais importante divergência entre os dois está na idéia que, para Borges, Paes é expressão do lulo-petismo. Para Figueiredo, ele é um pragmático não alinhado ao Foro de São Paulo.

Mas o que é o lulo-petismo?

De uma perspectiva econômica, o lulo-petismo se caracterizou pelo crescimento através do gasto público, das grandes obras, do endividamento extremo e da intervenção econômica. De uma perspectiva moral, a total falta de zelo com a coisa pública e a confusão patrimonialista extrema. De um ponto de vista cultural, o estímulo a quebra dos padrões cristãos tradicionais.

Nesse sentido, Eduardo Paes representa realmente tudo o que consta na agenda lulo-petista.

Eduardo Paes, com a desculpa das olimpíadas, fez um plano de intervenção urbanística na cidade quase sem paralelo, salvo as intervenções de Pereira Passos e Carlos Lacerda, mas ambas parecem, nesse momento, intervenções tímidas perto do que Eduardo Paes faz em todo lugar, às custas da destruição financeira do Município do Rio de Janeiro. Expansão agressiva do gasto público e intervenção econômica com o plano conhecido como “Choque de Ordem”. Totalmente alinhado com a agenda econômica lulo-petista.

A falta de zelo com a coisa pública se mostra evidente com os intermináveis aditivos contratuais em todas as obras que pratica, além do escândalo mal explicado com seu ex-Secretário Rodrigo Bethlem e da denúncia da propina para partidos pequenos para cooptação para campanha, revelada pelo PTN, e já abafada, como se fosse uma espécie de “mensalinho do Paes”. Sem contar a malfadada história da compra do apoio de Romário ao seu candidato em 2016 em troca do sumiço dos rastros de uma conta na Suíça que o Senador supostamente tem. Ou seja, Paes é totalmente alinhado com a agenda moral lulo-petista.

No ponto de vista cultura, Paes investiu pesadamente em campanhas da agenda marxista cultural. Seu mentor Cabral já declarou ser a favor do aborto como medida de segurança pública (segundo ele, se negros fossem mortos no ventre materno, não haveria violência). Nunca uma prefeitura investiu tanto no movimento gay. E, bem, recentemente ele se viu defendendo seu melhor amigo e pré-candidato à prefeitura do Rio, Pedro Paulo, de um escândalo onde Pedro Paulo arrebentou sua ex-mulher, mãe de seus filhos, após ela, segundo relatos da imprensa, encontrar um vídeo do Secretário (e Deputado) levando um travesti para dentro da casa do casal, a fim de ter relações sexuais com ele na cama do casal. Totalmente alinhado com a agenda cultural lulo-petista.

Só falta o alinhamento partidário formal, com a ida do seu grupo político para o PT, onde se encontra seu Vice-Prefeito, Adilson Pires. Eduardo Paes é o principal responsável pela ida do suplente de Deputado Federal Wadih Damous, o mais doente lulista do Rio de Janeiro, para a Câmara, após entregar para o titular petista Fabiano Horta a pasta da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura. Na Câmara, Wadih é o principal nome do PT na luta contra a operação Lava-Jato.

Agora que há uma guerra aberta no PMDB pelo controle do partido, estando de um lado o grupo de Michel Temer e de outro o grupo de Sergio Cabral (com seu menino Paes), a radicalização das posturas pode levar a um racha definitivo e à saída de todo o grupo de Cabral e Paes de dentro do PMDB. Partindo do pressuposto que, após esse papelão, nenhum partido oposicionista pró-Temer os abrigaria, e não havendo espaço em partidos da base como PR, só caberia ao grupo de Cabral e Paes a ida para o PP ou para o PT, dois dos partidos mais comprometidos com o escândalo do petrolão, que, diga-se, tem Cabral como um dos investigados.

Logo, embora não haja ainda um alinhamento partidário formal com o PT, certamente há um alinhamento material, inclusive instrumentalizando a máquina publica municipal para levar petistas pro Congresso e para atacar o impeachment através da filiação em massa para fortalecimento de Leonardo Picciani. E esse alinhamento material custará caro a Eduardo Paes. É impossível, após todo esse desgaste, Paes ser candidato a Presidente da República pelo PMDB, graças a Deus.

Eduardo Paes, por tudo o que foi exposto até aqui, é sim a figura mais lulo-petista do Estado do Rio de Janeiro, na sua essência. É a face mais insidiosa do pensamento político que está destruindo o país.

Mas por ser essa torpe figura lulo-petista, creio que o medo de Alexandre Borges de ver Paes como candidato do PMDB em 2018 é absolutamente infundado. Ele cairá junto com o PT, e 2016 será a hecatombe sua e de seu grupo político mais próximo, justamente pelo fato de Borges ter razão ao apontá-lo como a face do lulo-petismo no Rio.

Por outro lado, vou discordar frontalmente de Figueiredo, inclusive quanto ao começo do seu texto. Não é “cada vez mais difícil” defender Eduardo Paes. É impossível defendê-lo. Muito menos ainda compará-lo a Jair Bolsonaro, que, com todas as reservas que posso ter quanto a um excesso de visão interventora econômica, é uma figura moral infinitamente superior à mesquinha e patética figura do alcaide carioca.

Nota do blog: de fato, eu e Paulo tivemos em uma semana mais divergências do que no ano todo! Eduardo Paes “lulou” sim, e seu “pragmatismo” excessivo e sem respeito algum aos valores republicanos é o que caracteriza o lulopetismo em essência. Paes jogou no lixo qualquer história decente ao virar garoto-propaganda do PT e de Dilma, ao articular dentro do PMDB contra o partido e o país. É uma vergonha para o Rio! 

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