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Transracialismo, identidade de gênero e outras palhaçadas que negam a biologia
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Você é aquilo que você acredita ser. O problema é que muita gente desocupada levou a sério demais essa frase pronta da autoajuda. E acabamos chegando nessa baboseira de “identidade de gênero”, que diz que ninguém nasce homem ou mulher, que não existe determinismo biológico algum, e que todos somos aquilo que desejamos ou que acreditamos ser. Daí para o “transracialismo” era uma questão de tempo – e lógica.

Portanto, ninguém mais é branco ou negro, pois um branco pode “se sentir” negro e vice-versa. Há uma senadora americana de extrema-esquerda que jura ser índio, por exemplo, e Trump a chama de “Pocahontas”, com fortes pitadas de ironia. O único resquício indígena na moça é o branco dos olhos. No restante, ela é exatamente como os demais da “raça” branca.

Houve, também, um caso polêmico em que uma ativista americana se dizia negra, e acabaram descobrindo que ela era branquinha da Silva. Foi o caos, ela acabou sendo acusada de fraude, de oportunismo. Mas eis que uma acadêmica surgiu em sua defesa, e defendeu a “tese” de que o transracialismo é a consequência natural da “ideologia de gênero”, ou seja, somos aquilo que acreditamos ser, não importa o que diz a biologia.

Esse foi o tema da coluna de João Pereira Coutinho na Folha hoje. Com fina ironia, o gajo “concordou” com a tese da autora, até porque do ponto de vista lógico ela é impecável: se aceitamos a premissa da nulidade biológica no caso do gênero, está claro que ela deve valer também para a raça, ou mesmo para a espécie! Sim, foi o salto lógico que Coutinho deu para concluir:

É essa arrogância que explica a soberba com que olhamos para a “disforia de espécie”: se uma pessoa acredita ser uma galinha, por que não reconhecer essa identidade?

Os intolerantes dirão que um ser humano não põe ovos nem tem a fisiologia (e a fisionomia) de uma galinha. Mas essa crítica apenas repete o velho preconceito biológico que interessa combater. É mais importante não ter nascido com penas –ou respeitar uma autoidentificação que é do domínio interior? E que, seguindo Stuart Mill, em princípio não causa dano a terceiros?

Digo “em princípio” porque admito que certos comportamentos –bicadas em público, cenas íntimas com outros galos (ou galinhas)– podem ser problemáticos para a harmonia social. Mas quem sou eu –e quem somos nós– para condenar um indivíduo que cacareje e viva pacificamente na sua capoeira? Mais do que tolerar, é preciso respeitar e reconhecer.

Há precisamente 40 anos, Woody Allen filmou “Annie Hall”. Na cena final, a conhecida piada: um homem vai ao médico e diz que o irmão pensa que é uma galinha. O médico aconselha internamento para o irmão. O homem responde: “Eu até internava, doutor, mas preciso dos ovos.”

Francamente: até quando vamos rir dessa piada?

Não sei a resposta. Há cada vez mais gente desocupada lotando as universidades, precisando justificar verbas milionárias com suas “pesquisas”. E sabemos que uma elite mimada é um prato cheio para ideias bizarras. O socialismo foi parido assim, vamos lembrar, nunca no chão de uma fábrica.

E enquanto a maluquice avança como coisa séria, como teses de mestrado e doutorado, a piada de Woody Allen vai sendo readaptada, como fez o South Park no episódio em que o homem “descobre” que é, na verdade, um golfinho:

Se em 1984 o herói de George Orwell repetia para si mesmo que dois mais dois é igual a quatro, para provar sua sanidade diante de um mundo enlouquecido, hoje em dia precisamos repetir – em voz baixa – que meninos são meninos e meninas são meninas. Ao menos assim preservamos a nossa sanidade mental, mesmo que o vizinho fale em “meninx” com a maior naturalidade enquanto degusta seu vinho…

Rodrigo Constantino

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