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Um recado aos atores globais: não adianta atacar o mensageiro
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“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda; admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola.” – Roberto Campos

A TV Globo é um caso interessante: costuma ser atacada tanto pela esquerda, que a acusa de ser “mídia golpista”, como pela direita, que cita suas novelas “progressistas” como parte da agenda gramsciana no país para subverter os valores tradicionais. O foco, aqui, será o primeiro grupo.

Tenho uns conhecidos e umas amigas no meio global, mas não posso revelar seus nomes, nem sob tortura (não adianta me colocar para escutar as músicas do Chico Buarque que não digo!), pois isso seria uma mancha cruel para suas carreiras. Amigo do Constantino, aquele do Esquerda Caviar? Melhor dizer que tem lepra ou algo do tipo. Já soube que alguns “até gostam” do que escrevo, mas jamais podem abrir isso aos pares: seria ostracismo na certa.

Eu entendo os motivos. Sou a mosca que pousou na sopa do beautiful people, sou o espelho que reflete suas imagens, não as que simulam, mas as reais. Outros já tiveram esse papel no passado, e com muito mais capacidade, diga-se de passagem. Penso em Nelson Rodrigues, que falava da esquerda festiva. Na época, era odiado pela elite socialista também, os antecessores da fina flor global de agora. Hoje, essa mesma elite o cita com reverência, pois não pode mais apontar para suas hipocrisias. Está morto, e fica apenas o dramaturgo, jogando-se para baixo do tapete todos os ácidos ataques maravilhosos que fez à festiva de seu tempo.

Pois bem: eu aponto o dedo sim, cobro coerência, exponho a cara de pau, a hipocrisia, atormento a dolce vita daqueles que dão festinhas em coberturas regadas a cocaína e depois enaltecem o socialismo, a igualdade social, Cuba. Afinal, esses atores famosos têm influência. Não deveria ser o caso, pois seu talento específico em nada garante o conhecimento político ou econômico. Mas sabemos como o estimado público confunde as coisas.

Aliás, pergunto: qual a principal característica de um ator talentoso? Ser uma espécie de Zelig, vestir diversos personagens de forma convincente, ser uma metamorfose ambulante, enganar bem os telespectadores, não é mesmo? O bom ator é aquele que, desprovido da própria identidade, consegue absorver como poucos o perfil e as características de seu personagem. Um dia, um serial killer. No outro, um santo homem. Versátil, mil caras, cinismo: isso dá um bom ator!

Por que diabos, então, alguém foi resolver acreditar que essa categoria tem muito a acrescentar no debate ideológico e político? É como achar que a candidata a Miss Universo tem muito de conteúdo intelectual a colaborar com a humanidade quando diz que deseja a “paz mundial”. Sério? Como exatamente? Silêncio. E o Oriente Médio, o que fazer? Sorriso amarelado. Agora dá logo a nota por sua beleza e não enche o saco, jurado! Pode ser?

Mas os atores e atrizes adoram se meter no que não entendem, em política, em economia, em geopolítica. E o que falam tem repercussão, alcance, reverbera, influencia. Por isso precisa ser rebatido. Por isso eles devem ser desmascarados, e a hipocrisia deve ser exposta, como uma cirurgia dolorosa para extirpar um câncer. Defender ditaduras comunistas do Leblon é fácil. Elogiar o MST de um campo de “pelada” particular no Recreio é moleza. Aplaudir o PT, que destruiu o Brasil, de Paris é brincadeira. Sacou?

E voltamos à TV Globo para fechar: a classe artística adora o PSOL, pois saiu da moda elogiar o PT. Marcelo Freixo é confundido com o personagem de “Tropa de Elite 2”, e virou herói da festiva. Eles todos adoram bater na “mídia golpista”, na “ganância capitalista”, no “lucro”. Mas, caramba! E trabalham na Globo? E ficam ricos e famosos graças à Globo? Assim, na maior tranquilidade, como se não houvesse nada demais?

Quando esses atores fazem suas novelas na “mídia golpista”, eles ajudam, naturalmente, a empresa a lucrar, acumulando no caminho uma boa fortuna para si mesmos. E fazem isso batendo na emissora da “elite”, atacando o lucro alheio, a ganância dos outros? Sério que não enxergam a incoerência? Ou não se importam mesmo com tamanha contradição? É como se alguém como eu, um liberal crítico do governo petista, ficasse rico encostado em algum site bancado por estatais. Não seria absurdo, ridículo?

Pois então! É a mesma coisa: esses atores adoram odiar a “mídia de direita”, o capitalismo, o lucro, desde que continuem com seu espaço na “mídia de direita”, vivendo no regime capitalista com consumismo burguês, acumulando muito lucro pessoal. Fala sério, né?! Vai um recado a esses atores globais, então: coloquem suas ações onde suas palavras estão. Odeiam isso tudo, a ganância, o capitalismo, a mídia “golpista”? Então peçam demissão e saiam da Globo! Parem de ajudar a lucratividade da empresa capitalista!

Ou isso, ou então parem de defender o socialismo, a igualdade social, Cuba e o PSOL. É patético, sabe? É deprimente. E se antes havia pouca gente expondo tamanha incoerência, casos isolados como o próprio Nelson Rodrigues ou Roberto Campos, hoje temos a internet, os blogs independentes, as redes sociais. A máscara caiu. Não adianta atacar o mensageiro. Até porque esse aqui vai continuar esfregando toda a hipocrisia em vossas caras de pau…

Rodrigo Constantino

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