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A verdade que poucos revelam sobre as ocupações das escolas
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Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal

Há algo que incomoda muito nessa conversa a respeito da ocupação de escolas e universidades, e costuma ser um dado que raramente os analistas levam em consideração. Refiro-me ao fato de que a maioria das abordagens sobre o tema é puramente superficial, como se a participação do jovem na política resultasse única e exclusivamente de uma “consciência social” – expressão que me causa arrepios – e não porque ele precise se identificar com algum grupo ou externar suas energias de qualquer modo. Ademais, como disse Nelson Rodrigues, o jovem “tem todos os defeitos do adulto e mais um, o da imaturidade”. E isso deve ser considerado quando falamos de jovens na política, não é mesmo?

É evidente que considero a participação da juventude na política importante. O problema é o fator “imaturidade” ser peremptoriamente ignorado e o jovem ativista ser concebido unicamente em termos políticos, como se suas paixões não fossem personagens elementares na formação do seu comportamento. Não são somente os jovens, claro, como já escrevi aqui , mas não há dúvida que eles sejam os mais vulneráveis às ideologias.

O pensador Russell Kirk, no livro A Política da Prudência, chama atenção para esse ponto. Ele afirma que a ideologia pode “encantar os jovens, parcamente educados, que, em sua solidão, se mostram prontos a projetar um entusiasmo latente em qualquer causa excitante e violenta”. Não é por menos que às vezes autores como Russell Kirk, Roger Scruton, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, etc., sejam considerados “sem graça” pelos jovens, – embora isso esteja mudando graças ao papel importante que instituições como o Instituto Liberal – que não prega a violência como metodologia política como o faz os escritos de Marx, Lênin, Trotsky ou Bakunin. Por isso não nos deparamos com movimentos liberais cujos militantes com os rostos cobertos atacam quem quer que seja.

Apesar da mudança significativa, infelizmente ainda é mais fácil encantar um jovem de quinze anos falando de Che Guevara do que de Jorge Luis Borges.

Aristóteles, na Retórica, já tinha escrito sobre essa imprudência que pode acometer a juventude. O pensador grego disse: “Em termos de caráter, os jovens são propensos aos desejos passionais e inclinados a fazer o que desejam.” Além disso, ele também aponta que  “em tudo pecam por excesso e violência”, visto que “a juventude é a embriaguez sem vinho”, como advertiu o romântico Goethe.

Repito: não é por isso que o jovem não deva entrar no universo político, todavia, se assim decidir, o ideal seria não tomar parte em seitas políticas como PSTU, na esquerda, ou movimentos moralistas da direita. Por mais que os jovens liberais sejam criticados pelas abordagens majoritariamente voltadas ao campo econômico, dificilmente nos deparamos com liberais acreditando ser o suprassumo da moralidade e nunca os vimos preparando coquetéis molotov.

Por isso mesmo, para citar novamente Nelson Rodrigues, o problema não é “a juventude como tal”. O incômodo “é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes ‘É proibido proibir’ e carrega cartazes de Lênin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais”. E não observamos isso até hoje?

O que será que Nelson diria da juventude escrevendo “Fora Temer” por aí, pichando igrejas em favor do aborto ou se organizando para ocupar escolas? O que Nelson diria da menina Ana Júlia chorando enquanto discursava em favor das ocupações das escolas? Não posso responder por ele, mas sei que o dramaturgo, quando incitado a dar um conselho para o público jovem, disse: “Envelheçam depressa, com toda a urgência, envelheçam!” Acho que isso já diz muito.

Se conforme o mesmo Nelson Rodrigues, não há nada de “mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política” por ela ser “a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”, imagine, leitor, as fatalidades que podem ocorrer a partir do momento em que a imaturidade se casa com a paixão política.

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