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Verissimo e Nogueira: a esquerda em busca da hegemonia total
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Todos sabem, ou deveriam saber, que a imprensa brasileira é bastante dominada pelo viés de esquerda. Cheguei a explicar isso em meu livro Esquerda Caviar, sem teoria conspitarória alguma. As evidências são claras, e todo dia é possível verificar este fato: há um claro viés de esquerda em nossa imprensa, para não falar da academia.

Pois bem: de uns tempos para cá, essa hegemonia se encontra levemente ameaçada. É que alguns liberais e conservadores conseguiram espaço e, sem medo da patrulha, colocam o dedo na ferida. A esquerda, tempo demais hegemônica, não está acostumada com isso. Fica perplexa diante do confronto de ideias mais aberto e direto, sem os rodeios típicos dos “moderados” (covardes?).

Temos visto, como reação, uma verdadeira histeria do lado de lá. Míriam Leitão já veio atacar a mim e ao Reinaldo Azevedo com rótulos, em artigo, pasmem!, que acusava a “direita hidrófoba” de só rotular e empobrecer o debate no país. A ombudsman da Folha tentou, logo após o primeiro artigo de Reinaldo Azevedo no jornal, rotulá-lo como “rotweiller” para impedir o contraditório.

Outros colunistas rapidamente levantaram a tese de que a internet e as redes sociais polarizaram demais o debate, e os extremos estão se destacando. Tudo para combater essa novidade, essa crescente formação de algo que, finalmente, pode-se chamar de direita na nossa imprensa.

Recentemente tivemos mais dois exemplos dessa reação. Um deles foi Verissimo que, em sua coluna de hoje, com sua típica cara de pau, inverte tudo e dá a entender que vivemos uma hegemonia… do liberalismo na imprensa! Isso mesmo! Não só culpa, novamente, o liberalismo pela crise de 2008, por total ignorância ou muita má-fé, como afirma que a esquerda conta apenas com um pobre coitado com destaque na mídia:

Pode-se, com alguma boa vontade, dizer que a vida econômica das nações vem sendo regida por um enfrentamento parecido de opostos, no caso as teorias do austríaco Friedrich Hayek, deus dos neoliberais, e do inglês John Maynard Keynes, defensor do estado interventor. A analogia só não é completa porque — ao contrário de orixás e anjos desgarrados — não se sabe com certeza que lado é o bom e que lado é o maligno nesse confronto. Richard Nixon surpreendeu todo o mundo quando, na presidência dos Estados Unidos, declarou: “Somos todos keynesianos agora.” O tempo mostrou que sua afirmação tinha sido prematura. Nos anos seguintes o neoliberalismo conquistou os corações e mentes da maioria dos economistas e nem desastres como a crise financeira causada pela desregulação dos bancos — ou seja, pelo Estado mínimo dos sonhos neoliberais — diminuíram sua força. Enquanto isto o keynesianismo sobrevivia na sua forma espúria, como subsídio do governo ao complexo militar-industrial americano.

Os recentes protestos na Europa contra medidas de austeridade de acordo com a receita neoliberal podem significar uma reação do keynesianismo ao predomínio do inimigo — ou não. Os economistas mais influentes, ou pelo menos mais salientes, do mundo continuam do lado de Hayek e da suposta sabedoria do mercado. Há exceções, claro, mas não se pode continuar lendo só o Paul Krugman todo o tempo.

O que pode levar alguém a escrever isso em um grande jornal, se não a certeza de que tal afirmação estapafúrdia passará impune, justamente porque praticamente só há esquerdistas na imprensa? Joseph Stiglitz, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Delfim Netto defendendo o governo, e tantos, tantos outros economistas em prol de mais estado, são todos ignorados por Verissimo. Por que?

Quantos defendem Hayek e o liberalismo abertamente? Como pode Verissimo inverter 180 graus a realidade com essa calma toda? Mas a canalhice é sinal de que a existência de um ou dois gatos pingados defensores de Hayek incomodam muito. É preciso hegemonia total, 100% abraçando as receitas keynesianas ou desenvolvimentistas.

O segundo caso é Paulo Nogueira, que afirmou, na maior cara de pau, que a Veja foi tomada por Olavo de Carvalho. Isso mesmo! A que ponto chega o desespero dessa gente? Vejam o que disse Nogueira:

A presença de Olavo de Carvalho é visível a 10 mil quilômetros. Basta ver as contratações feitas nos últimos meses. Dois discípulos entusiasmados de Olavo de Carvalho foram incorporados aos quadros da revista: Rodrigo Constantino, o ‘reaça-econômico’, e Felipe Moura Brasil, o ‘reaça-engraçado’.

Isso para não falar em Lobão, o ‘reaça-iconoclasta’, outra aquisição recente da revista que repete bobagens de Olavo de Carvalho como se estivesse citando Platão.

Olavo de Carvalho ocupou a Veja. Por que não contratá-lo diretamente, em vez de povoar a revista com seguidores pedestres?

Deixando de lado a campanha para que Olavo seja contratado pela Veja (Freud explica), será que o “jornalista” não sabe de minhas divergências com Olavo? São públicas e notórias, há farta documentação disponível e basta uma rápida busca no Google. Mas eis que virei um discípulo entusiasmado de Olavo, um “reaça-econômico”. Eu, que defendo o liberal Hayek. Nogueira e Verissimo precisam se decidir…

Para desespero do esquerdista, vou citar o próprio Olavo de Carvalho, com quem várias vezes discordo, pois fez um retrato preciso da situação:

O artiguinho histérico do Paulo Nojeira segue o modelo infalível do jornalismo esquerdista hoje em dia: não discute, não analisa, nem mesmo tenta refutar alguma opinião — apenas protesta contra a presença de alguém num jornal, revista ou canal de TV. Não se trata de discutir ideias, mas de cortar cabeças. Só o que isso prova é que esses sujeitos acham tão natural ser donos da mídia, que a simples presença de um bicho estranho no seu curral lhes causa uma indignação sincera e dolorida. É com total candura que eles agem como se pensar diferente deles fosse um escândalo, um atentado contra a democracia. E são eles mesmos que juram que falar de hegemonia esquerdista na mídia é teoria da conspiração. Nunca o método histérico de raciocínio foi ilustrado de maneira tão clara e persistente. Está na hora de alguém reunir esses protestos numa página da internet para deixar clara a uniformidade da coisa.

Bingo! Eles simplesmente não aceitam conviver com o contraditório, com as críticas, com gente que levante sem medo as bandeiras conservadoras ou liberais e chame as coisas por seus nomes. Estão muito incomodados com o crescente espaço da direita na imprensa.

Notem que na mesma Veja escreve Caio Blinder, que tem viés esquerdista (mas é educado, civilizado, e sabe conviver com as divergências). Notem que a capa da Veja dessa semana foi enaltecendo Mandela. Mas nada disso importa. Basta saber que tem uns 4 colunistas mais veementes na defesa do conservadorismo ou do liberalismo para isso virar um escândalo!

Não querem debater; querem cortar cabeças, manter a hegemonia total da esquerda na imprensa. Estão dispostos a usar todos os artifícios pérfidos para tanto. Bom sinal que estejam fazendo exatamente isso. Mostra que estamos incomodando mesmo. Estão com medo de perder essa confortável situação de falar besteira, mentir, manipular, inverter, e ficar por isso mesmo, sem alguém que chame de canalhice a canalhice.

Acabou a molezinha, meus “caros” esquerdistas. Terão de aprender a conviver com aquilo que lhes dá calafrios e que detestam: a liberdade de expressão. É o fim da hegemonia da esquerda na imprensa, e em breve na política, pois em algum momento essa reação terá que ter voz também no Congresso. Aceitem esse fato. Chama-se democracia.

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