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A hipocrisia de Verissimo
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O simpático cronista gaúcho ataca novamente. Em sua coluna de hoje, “aprendemos” que tudo de ruim no Oriente Médio é culpa dos imperialistas americanos e britânicos. Sério! Verissimo mais parece escritor de autoajuda para antiamericanos invejosos, em busca de canalizar todo o ódio de suas frustrações contra o sucesso dos ianques.

Nenhuma palavra do autor sobre a “democracia” da Irmandade Muçulmana, que queria impor a sharia aos demais. Democracia não pode ser apenas uma ditadura da maioria dos eleitores. É muito mais que isso! Mas não vem ao caso. Verissimo resume tudo ao seguinte: os americanos apóiam a democracia, desde que seu resultado seja o desejável.

Não é bem isso. A democracia deve ser apoiada desde que seja democracia de fato, não um engodo para uma ditadura islâmica com verniz democrático! Ele diz:

Essa meleca — e a meleca maior que é toda a situação no Oriente Médio, incluindo a questão Israel/palestinos — é fruto de muitos anos de hipocrisia, começando com a hipocrisia das potências imperialistas, que pilharam meio mundo disfarçadas de evangelizadoras e civilizadoras, e, no caso do Oriente Médio, chegaram a impor fronteiras e inventar países. 

Países foram “inventados” aos montes por decisões arbitrárias dos “imperialistas”. A Austrália é um bom exemplo. Por que será que não vive um caos como ocorre no Oriente Médio? Verissimo não vai responder. E por falar em hipocrisia:

Mas tanto os países artificiais quanto os históricos, como o Egito, tiveram culpa pela sua desgraça atual. Nos anos 60 e 70 ensaiou-se a criação de uma nova ordem econômica mundial, independente da ordem sacramentada pelo neoimperialismo anglo-americano. Os dólares do petróleo financiariam essa tentativa de emancipação dos pobres. Mas não aproveitaram a abertura. Os emires apoiavam a ideia da revolta em tese, mas continuaram aplicando seus lucros no sistema bancário dominante. E o neoimperialismo, enquanto exaltava a democracia liberal, se encarregava de impedir qualquer alternativa para o seu domínio.

Que alternativa fantástica era essa? O comunismo? A ordem econômica mundial, “sacramentada pelo neoimperialismo anglo-americano”, foi aquela que permitiu centenas de milhões de pessoas saírem da miséria na Ásia? Não fica claro que modelo Verissimo defende como opção, mas sabendo que ele é admirador até do regime cubano, podemos ter uma ideia.

Mas vejam que coisa: os pobres não deixaram de ser pobres, apesar dos petrodólares (que entravam nos países graças ao  “neoimperialismo” anglo-americano), por culpa do próprio “neoimperialismo”. Como são malvados os americanos! Não deixaram o Oriente Médio florescer, pois preferem negociar com ditaduras instáveis, sabe?

Os americanos preferem fazer negócios com um ditador em vez de negociar com uma democracia liberal e próspera, sem dúvida! Não faz sentido? O que é melhor para os americanos: negociar com a Nova Zelândia e a Coreia do Sul, ou com a Síria e o Irã?

Quem diria que toda a história recente do mundo caberia numa letra de bolero?

Quem diria que toda a história recente das crônicas de Verissimo caberia numa letra de bolero?

PS: Não esperem da esquerda caviar revolta, artigos, protestos ou campanhas contra isso aqui. Irmandade Muçulmana perseguindo, matando e aterrorizando minorias cristãs? Isso não interessa, não vende bem, não dá para culpar os imperialistas americanos, o capitalismo, nada disso. A esquerda só entra em campo quando é para defender o que há de pior, e para atacar o que há de melhor.

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