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A normalização da economia americana e o que isso significa para o Brasil
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Os dados divulgados da economia americana continuam sinalizando uma fase de maior normalização, após período de grandes incertezas e agressivos estímulos monetários. O mais recente, de pedidos de seguro-desemprego, veio em linha com o esperado, e representa uma suave, mas contínua queda.

Após a crise de 2008, podemos observar que cada vez há menos gente demandando o seguro-desemprego, o que é bom sinal. Se esta tendência vai continuar ou não, é difícil saber. Até que ponto a recuperação depende dos estímulos? Eis a questão.

A normalização da situação econômica vai levar à retirada do afrouxamento monetário realizado pelo Fed, o banco central americano. E isso, por sua vez, pode colocar em xeque a própria recuperação. Ninguém pode saber ainda se o paciente, no caso a economia americana, está livre ou não dos aparelhos respiratórios da UTI. O que vai acontecer quando forem desligados?

Enquanto isso, mais dados mostram que há confiança na recuperação. O ISM, índice de confiança, saiu hoje mais forte que o esperado. As pesquisas apontavam para 55 (acima de 50 já é recuperação), mas ele veio em 58,6. O último dado era 56. A tendência, ao menos das expectativas, é de melhoria mesmo.

Como resultado disso tudo, a taxa de juros dos títulos de 10 anos do governo continua abrindo, e já chegou praticamente a 3% ao ano. Trata-se de um número ainda baixo para padrões históricos, mas sem dúvida bem mais perto da normalização.

E é aqui que mora o perigo para o Brasil. Essa vida mais normal da economia americana significa um custo de capital mais elevado no mundo, e um dólar mais fortalecido. Aqueles países emergentes que não fizeram o dever de casa, que não se prepararam para essa fase de menor liquidez nos mercados, enfrentarão sérios problemas.

A índia e o Brasil são dois exemplos claros. Aproveitaram o “tsunami montário” proveniente das rodadas de injeção de liquidez do Fed, mas não arrumaram a casa. Agora, fica visível que os pilares eram de areia. Um mundo mais normal é um mundo menos tolerante com as barbeiragens emergentes.

A índia tomou um passo importante na direção certa: Raghuram Rajan assumiu o BC da Índia e já anunciou reformas. Rajan é renomado economista, reconhecido mundialmente por seus estudos. Foi professor na Universidade de Chicago, uma das melhores do mundo, e é autor de um livro excelente ao lado de Luigi Zingales.

Uma andorinha só não faz verão. Mas ao menos a Índia aponta na direção certa com essa medida. Enquanto isso… O Brasil continua sob a batuta de Guido Mantega, insistindo em políticas equivocadas e contando que a normalização americana nunca chegará. Um dia ela chega. Parece cada vez mais próxima. E aí, o Brasil pagará um alto preço por sua imprudência.

Agosto já viu a maior retirada de dólares dos últimos quinze anos nesse mês. Sinal de alerta. Investidores brasileiros correm em busca de hedge, enquanto estrangeiros remetem recursos de volta para seus países. A normalização da economia americana vai demandar a normalização de nossa equipe econômica. Não dá mais para insistir nos heterodoxos desenvolvimentistas. Onde está nosso Raghuram Rajan?

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