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Carta aberta a Marina Silva
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Prezada Marina,

Venho por meio desta fazer um apelo: seja candidata! Antes de mais nada, é preciso deixar claro que tenho sido um crítico da Rede desde o começo. Escrevi um texto explicando os motivos pelos quais eu não era enganado por seu discurso. E ainda outro, no GLOBO, acusando a Rede de demagogia.

As razões estão todas lá. Sem essa de que você não faz parte do establishment político. Você foi do PT por 30 anos e ministra de Lula. Além disso, vestiu literalmente o boné do MST, e conta com o apoio de gente como Leonardo Boff. O romantismo ecológico tampouco me comove. Isso já virou seita “melancia”: verde por fora, vermelho por dentro.

Dito tudo isso, reconheço em você a boa intenção de ajudar o pais, ainda que com os instrumentos que julgo equivocados. No mais, admito que há gente boa ao seu lado, como Eduardo Giannetti da Fonseca, e agora a aproximação crescente de André Lara Resende. Tenho visto seu discurso mais racional no campo econômico também.

Mas esse não é o foco dessa carta. Em poucos dias saberemos se seu partido poderá ou não participar das eleições de 2014. A burocracia eleitoral pode ter prejudicado seu projeto, e sei como é isso, pois estou ajudando no nascimento do Partido NOVO. Mas você já sabia disso antes, não?

Se o partido for rejeitado por falta de assinaturas reconhecidas nos cartórios, acho que as regras do jogo deveriam ser respeitadas. Pior do que sair candidata por outra legenda seria arrumar um privilégio para seu partido. A igualdade perante as leis já seria ignorada na largada.

Só que muitos dizem que você não pretende ser candidata por outro partido, não tem um plano B. Demétrio Magnoli chegou a sonhar com uma postura heróica sua, de se negar a participar das eleições para contestar o sistema. Não gosto da estratégia.

Talvez seja útil para você em 2018, fortalecendo ainda mais o mito de ser apolítica e diferente de tudo que está aí. Mas eis meu ponto: o país não tem mais 4 anos para perder ou retroceder com o PT! Há muito em jogo nessas eleições. Corremos o risco até de virar uma Argentina. Imagina se Dilma vence no primeiro turno!

E aqui faço o apelo: se eu tivesse um capital político de 20 milhões de votos, seria candidato até pelo PSTU só para garantir o segundo turno! Para você ter ideia da minha preocupação com mais 4 anos de PT, e entender o desespero só de imaginar uma vitória petista logo no primeiro turno. Triste Brasil, não merece isso.

Sua participação, pelo partido que for, é a garantia de segundo turno. Você é, afinal, a segunda colocada nas intenções de voto. Muitos eleitores querem uma alternativa ao PT e não parecem convencidos de que o PSDB é a opção menos pior. Discordo deles. Mas que ao menos tenham essa alternativa nas urnas!

Por pragmatismo individual, pode fazer sentido você pular fora se não tiver a Rede, e não aceitar outra legenda, para não ficar com a imagem de oportunista. Mas por pragmatismo patriótico, o que faz sentido é você engolir esse sapo, se necessário, e se candidatar pelo partido que for, ainda que o inexpressivo PEN.

Marina, se estivesse ao meu alcance o poder de evitar uma possível vitória do PT logo no primeiro turno, pode estar certa de que eu não deixaria o Brasil passar por essa desgraça. Pense no país. Seja candidata!

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