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Entrevista com Gustavo Franco
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O ex-presidente do Banco Central e sócio da Rio Bravo, Gustavo Franco, concedeu esta rápida entrevista ao blog, sobre a situação da economia e a desvalorização cambial:

O fortalecimento do dólar tem se dado em relação a várias moedas emergentes, mas alguns casos chamam mais a atenção, como a India, a Indonésia e o próprio Brasil. Estamos falando de um fenômeno mundial, ou há fundamentos locais para essa desvalorização acentuada do real?

O desabamento nos índices de confiança, os protestos de rua e a súbita e pesada perda de aprovação do governo não podem ser associados ao Federal Reserve Board.

O Banco Central tem repetido que os especuladores vão perder, e que a curva de juros abriu muito. Estamos sofrendo um simples ataque especulativo? Ou as autoridades monetárias não enxergam a gravidade do problema?

Tal como no caso dos movimentos de rua, as autoridades estão ainda procurando os melhores instrumentos para lidar com o assunto, o que, todavia, precisaria ser precedido por uma discussão interna, no âmbito governamental, sobre qual é o desejo do governo quanto ao câmbio.

O que nosso governo deveria fazer para controlar a situação? Aumentar mais a taxa de juros para surpreender o mercado, e anunciar corte efetivo dos gastos públicos, seriam medidas na direção correta?

O primeiro passo é a clareza quanto ao que se deseja quanto ao câmbio. O segundo, um passo que não será dado, teria que ver com a restauração consistência macroeconômica, começando por uma política fiscal retilínea, sustentável e transparentemente divulgada.

Essa desvalorização do real vai produzir impacto na inflação? O governo tem segurado alguns preços administrados, e a gasolina é um claro exemplo. É sustentável manter esse quadro, sabendo-se que a Petrobras perde bilhões com isso e tem um enorme programa de investimentos?

Sim, vai gerar pressão inflacionária, e segurar os preços de derivados de petróleo é uma pequena tragédia para a empresa. A Petrobrás não é “um país amigo” como as Autoridades têm dito, mas uma empresa de capital aberto na qual os administradores terão de se responsabilizar pelos prejuízos que estão gerando a seus acionistas.

O crescimento de 1,5% do segundo trimestre surpreendeu o mercado. Estamos diante de uma reversão da apatia e do desempenho medíocre da economia, ou se trata de um ponto fora da curva?

O segundo trimestre estava correndo bem, a o bom número do PIB faz as autoridades felizes pois as estimativas para o ano agora ultrapassam 2%. Ainda estamos no terreno dos diminutivos.

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