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Fora, baixo-astral; viva o charlatanismo!
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Não posso deixar passar a reportagem de capa da Veja Rio desta semana. Tem tudo a ver com o tema do meu próximo livro, “Esquerda Caviar”, que será lançado em outubro.

Nele, abordo 20 potenciais causas do fenômeno “esquerda caviar”, ou seja, a turma da elite que “adora” tudo aquilo que bate nos principais valores ocidentais e tradicionais. É a turma “progressista” e “moderninha”.

Uma das causas é justamente o tédio das “dondocas”, que buscam desesperadamente todo tipo de modismo exótico, para enaltecer seu lado “espiritual”.

Gurus que misturam autoajuda com misticismo, com uma cabala deturpada? Prato cheio! O fenômeno tem na cientologia um ícone máximo, com celebridades de Hollywood abraçando crenças doidas. Quanto mais malucas, mais atraentes ficam.

Segue a conclusão da reportagem:

Especialistas em analisar as crenças do ponto de vista da ciência e do racionalismo dizem que é natural recorrer a mentores espirituais quando nos sentimos incapazes de compreender o mundo que nos cerca. É uma forma de dar sentido e organizar uma situação aparentemente caótica que não conseguimos controlar.

Os mestres surgem como uma espécie de autoridade que nos diz o que fazer. Entusiasmadas, as pessoas acatam os ensinamentos e se valem dos colegas e de amigos que tenham passado pela mesma experiência para confirmar seu grau de sucesso, principalmente se forem celebridades ou figuras conhecidas na alta sociedade.

“Quem procura esse tipo de ajuda já chega predisposto a alcançar bons resultados. Tende a valorizar a parte boa e minimizar o que é ruim”, explicou a VEJA RIO o psicólogo americano Michael Shermer, colunista da revista Scientific American e autor de quinze livros a respeito do assunto.

Para Shermer, as pessoas poderiam, sozinhas, superar seus problemas sem recorrer a esse tipo de liderança e, principalmente, sem gastar uma fábula com essa busca. Mas isso está longe de ser uma preocupação para os cariocas que engordam as filas de espera das consultas, cursos e conferências ministrados pelos iluminados gurus.

Senhoras endinheiradas e entediadas com a fartura no capitalismo ocidental costumam ser alvos fáceis para oportunistas de plantão. Pode ser um guru desses, ou um socialista bem autoritário. O importante é rejeitar a “alienação” e o “materialismo” do sistema que tornou possível suas fugas hipócritas.

A socialite chega com motorista em seu carrão importado, deixa sua bolsa Louis Vuitton no armário, e vai experimentar as maravilhas espirituais de algum guru indiano descolado. Está conhecendo seu “eu” interior, descobrindo sua “energia”. Nada mais esquerda caviar!

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