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O problema é o autoritarismo ou o islã? Ambos!
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Em artigo traduzido e publicado no Valor hoje, Dani Rodrik argumenta que os ocidentais devem tomar cuidado para não misturar a crítica ao autoritarismo com o islã em si. Segundo ele:

Países democráticos – especialmente os Estados Unidos e membros da União Europeia (UE) – podem denunciar práticas autoritárias e resistir à tentação de se apaniguar com tiranos nacionais em troca de vantagens de curto prazo. Num quadro de globalização da economia e das comunicações, os governantes autocratas extraem quase a mesma força de seu prestígio internacional quanto de seu controle das instituições domésticas.

O que é de pouca ajuda é os estrangeiros encararem a crise política do Oriente Médio como decorrente de uma divisão entre islâmicos e secularistas. Esse ponto de vista faz diretamente o jogo de governantes autoritários como Erdogan, que podem alavancar a percebida islamofobia das potências externas para mobilizar sua base política. Os abusos de direitos humanos e as violações do Estado de Direito devem ser denunciadas pelo que são – sem serem vinculadas a cultura ou religião.

Resta perguntar: é possível realmente não vincular esse autoritarismo e esses abusos da Irmandade Muçulmana a cultura ou religião? E se uma coisa deriva da outra? E se é a cultura predominante na região, alimentada pelo fanatismo religioso, que justifica e endossa tal autoritarismo?

Sabemos que é politicamente incorreto até fazer tais perguntas, o que já garante a alcunha de “islafomóbico” ao autor. Mas elas precisam ser feitas. Já postei a resenha do livro de Andrew McCarthy aqui, sobre a perigosa ilusão ocidental com a democracia islâmica. Pesquisas apontam que a maioria quer a aplicação da sharia, a lei islâmica. Isso é compatível com a democracia nos moldes ocidentais? Dificilmente. Repito trecho da resenha:

O que McCarthy mostra no livro é como vários institutos islâmicos nos Estados Unidos servem apenas como fachada para disseminar os valores radicais de sua fé, ou então fazer um elo com grupos terroristas. Não é que eles não compreendam a democracia ocidental, ou não sejam sofisticados para isso; é que eles não desejam tal modelo para eles! Eles olham com profundo desdém para o resultado do que essa democracia e essa liberdade conquistaram no Ocidente. E eles querem mudar isso.

McCarthy não tem medo de concluir que, nos termos de Samuel Hutington, trata-se de um “confronto de civilizações”. Não reconhecer isso é um perigo, pois o outro lado avança de forma agressiva. A meta das lideranças islâmicas, com o apoio da maioria do povo, é o “renascimento islâmico”, o resgate de uma época de predominância do Islã.

Os que são considerados “moderados” pela esquerda ocidental não escondem o mesmo sonho, e simpatizam com os terroristas, retratados por eles como “resistentes”. O ódio a Israel e aos Estados Unidos está presente também, mas muitos fingem não ver. McCarthy resume sem rodeios: “Nesta região antidemocrática, a democracia real não tem a menor chance contra a supremacia islâmica”.
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