• Carregando...
O setor de petróleo brasileiro precisa de mais privatização e menos estado
| Foto:

O leilão do campo de Libra continua gerando controvérsia e prostestos no Rio hoje. Infelizmente, pelos motivos errados. Trata-se do resgate da velha bandeira nacionalista que o próprio PT sempre soube usar no passado para atacar oponentes. A própria presidente Dilma, não custa lembrar, afirmou que privatizar nosso pré-sal era um crime, como podemos ver:

httpv://youtu.be/htT-s8XIS9s

Chama a atenção, portanto, a falta de compromisso do PT com seu discurso ideológico. O que não quer dizer, naturalmente, que a hipocrisia em si seja pior do que a fidelidade ao discurso. Como disse La Rochefoucauld, “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”. Pior seria o PT se apegar ao seu discurso histórico, hoje proferido pelo PSOL e companhia.

Ou seja, privatizar o pré-sal não é crime algum, tampouco significa “entregar” recursos para estrangeiros ou abrir mão do nosso futuro. Ao contrário: depender apenas da estatal Petrobras para explorar nossos campos é que parece um crime, ou pelo menos estupidez ideológica, punindo o povo brasileiro em nome de um nacionalismo tacanho.

Basta comparar o crescimento da produção de petróleo e gás nos Estados Unidos com a do Brasil nos últimos anos. Os americanos, em ambiente competitivo com várias empresas privadas, passam por uma verdadeira revolução energética, graças aos avanços tecnológicos na exploração do gás de xisto. Já o Brasil, dependendo basicamente da Petrobras, está com sua produção estagnada:

Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg

A produção americana, que era de 5 milhões de barris de óleo em 2008, está chegando perto de 8 milhões de barris atualmente. Já a produção brasileira parece um eltrocardiograma de um defunto, uma linha reta de quem faleceu. O petróleo é nosso? Mas continua no fundo do mar…

Além disso, a Petrobras tem se endividado bastante para honrar seu agressivo programa de investimentos, que não consegue entregar os resultados prometidos. A consequência dessa ineficiência e do uso político da estatal pelo governo é um quadro preocupante do balanço patrimonial. A Petrobras é a empresa mais endividada do setor no mundo:

Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg

A diferença é gritante, como podemos ver. Enquanto as demais empresas do setor apresentam uma dívida líquida sobre EBITDA (geração bruta de caixa) abaixo de uma vez, a Petrobras está quase em 3 vezes, patamar que acende a luz de alerta de todos os investidores e agências de risco do mundo.

Esse foi o principal item de crescimento da Petrobras nos últimos anos: dívida! O que desejam os nacionalistas? Mais dívida para a estatal explorar Libra e os demais campos sozinha? Querem quebrar de vez a empresa? Isso é loucura.

Há muitas críticas legítimas ao leilão de hoje. Para começo de conversa, a escolha do timing parace ter sido equivocada e política, pois o governo quer mostrar números fiscais melhores. Além disso, o modelo de partilha com a obrigação da própria Petrobras com um mínimo de 30% do grupo afugentou vários participantes globais.

O excesso de intervencionismo estatal, a pouca confiança nas regras do jogo, a incapacidade de o governo desenhar um marco regulatório decente, tudo isso espantou de vez os players do setor que olham para a rentabilidade do projeto. Restaram as estatais chinesas apenas.

Ou seja, a “privatização” do pré-sal se dá com a presença exclusiva de estatais da China e a própria Petrobras, ninguém mais. O PT arca com o ônus político de ter rasgado seu discurso e privatizado Libra, mas o país fica sem os benefícios concretos que uma privatização de fato e bem feita traria. É o DNA do PT prejudicando o processo todo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]