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Paulo Guedes: o Brasil já foi o país do futuro
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Paulo Guedes foi o palestrante da abertura do Fórum Liberdade e Democracia em Vitória, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã. O economista afirmou que o Brasil já foi o país do futuro. No século retrasado, durante 75 anos, o Brasil teria crescido a uma taxa de 7,5% ao ano, mais do que o Japão!

No entanto, havia mais liberdade econômica, a carga tributária era metade da atual, o estado não se metia tanto nos assuntos econômicos, não havia Ministério do Planejamento ou tantos economistas Ph.D. inventando medidas heterodoxas no governo.

Hoje, na guerra por empregos mundial, o “fator” mais em falta é a figura do empreendedor. Há fartura de moeda, recursos naturais, mas faltam empreendedores. Após o colapso do socialismo, 3,5 bilhões de pessoas mergulharam no mercado de trabalho global.

As batalhas não ocorrem mais como antigamente, quando os bárbaros, famintos, tentavam invadir os locais mais civilizados. Hoje, os chineses “invadem” os países mais ricos com seus produtos manufaturados mais baratos, em um ambiente mais selvagem, sem tantas barreiras estatais típicas do welfare state.

A distribuição de renda no mundo tende a melhorar com esse choque de capitalismo. O problema é que os demais demoram a se adaptar. Não querem enfrentar a realidade. Ficam presos nos equívocos de um modelo irreal. A “solução” para a crise nos países desenvolvidos tem sido inundar os mercados com moeda. Não funciona.

O sistema capitalista ocidental tem reagido a um fato novo de forma velha e errada. É preciso se tornar mais competitivo, reduzir encargos trabalhistas, liberar mais a economia. O abuso fiduciário, por outro lado, coloca em xeque a credibilidade do sistema financeiro, e não aumenta de fato a competitividade dessas economias.

Coisas esdrúxulas acontecem como efeito disso. Um chinês pobre poupa e compra título do governo americano, quase sem retorno. O americano empresta indiretamente dinheiro para um brasileiro sem emprego que está comprando seu imóvel subsidiado. A conta não fecha. Não há pilares sólidos para sustentar isso.

A nova bolha sendo fomentada por esse modelo é a do título do governo americano, cada vez mais espelhada e global. A emissão desenfreada de dinheiro faz com que os investidores fujam para países mais arriscados, e invistam em ativos bem mais ousados. É um empurrão em direção ao risco irresponsável.

Os ativos estão boiando graças à injeção de liquidez dos bancos centrais. Quando o Fed ameaçou retirar os estímulos, os mercados sentiram o golpe. Mas para Paulo Guedes, isso foi apenas o aquecimento na quadra, e o carnaval mesmo ainda está por vir. Todos vão perder dinheiro quando a bolha estourar.

A América que ficou rica valorizava poupança e trabalho, e a América atual só quer saber de especular nos mercados financeiros, em boa parte como resultado das políticas do Fed. Já a Europa, do outro lado do oceano, vive um estágio de doença avançado do estado de bem-estar social. Todos querem apenas participar da política para se apropriar da metade da produção de riqueza confiscada pelo governo.

A história da civilização ocidental é uma de contenção do poder estatal. Isso acabou: os governos viraram máquinas de abuso de poder contra os cidadãos. Essa distorção é fatal para o crescimento econômico. O excesso de governo é o grande mal da Europa hoje.

Os pais demandaram tantas regalias insustentável e irrealistas que destruíram o futuro dos filhos. Os jovens europeus sob a social-democracia pagam o preço da irresponsabilidade da geração anterior, que viveu um conto de fadas sem se preocupar com o dia de amanhã. O longo prazo chegou.

Em suma, Paulo Guedes pintou um quadro bem sombrio, porém realista, do cenário econômico mundial. Se os países ocidentais quiserem reverter esse declínio, terão de fazer reformas estruturais em prol do livre mercado. Sem isso, o problema dramático que esses países vivem continuará se agravando.

E o Brasil? Um país que abusa do excesso de governo antes mesmo de enriquecer é análogo a um “marrento” em ambiente hostil, pois quem dá as cartas são os outros. É ficar cheio de “marra” sem ser o dono da bola. Não há espaço para essa postura estatizante do Brasil nesse cenário globalizado com bilhões de euroasianos competindo vorazmente por empregos.

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